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Goleador na China, Elkeson sonha com Seleção e mira Europa antes de voltar

2 mar 2015 - 12h59
(atualizado às 12h59)
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A transferência para o futebol chinês no final de 2012 surgiu como oportunidade para Elkeson após bons meses no meio-campo do Botafogo. Sacramentada em altos valores, a aposta do Guangzhou Evergrande provou-se certeira logo na primeira temporada. Assumindo a camisa 9, ele assumiu protagonismo em pouco tempo, acumulando gols pela equipe que dominaria a China sob sua liderança.

A estreia foi discreta contra o Jiangsu Guoxin-Sainty, mas o show daí em diante compensou e muito. Elkeson deixou sua marca em cada um dos sete jogos seguintes, anotando os primeiros de seus 70 gols com a camisa vermelha. Número tão expressivo em 82 jogos que rende dois títulos e duas artilharias do Campeonato Chinês.

O ápice até aqui foi o título da Liga dos Campeões da Ásia em 2013. Marcando nas duas finais, ele foi o principal jogador do Evergrande, que no mês seguinte chegaria ao quarto lugar do Mundial de Clubes. Os objetivos neste ano não poderiam ser diferentes: a equipe estreou na Champions League asiática com vitória sobre o sul-coreano Seoul e debuta no Chinês com status de favorito no próximo dia 9. O sucesso no Oriente é tão grande que Elkeson mira a Europa e sonha com a Seleção Brasileira.

Gazeta Esportiva.Net: Como você explica a sequência de títulos do Evergrande? Qual é o diferencial da equipe?

Elkeson: O diferencial é a organização e o planejamento do clube. Todo ano fazem investimentos, contratam os melhores jogadores do país e buscam bons jogadores estrangeiros. O Guangzhou é um clube novo e que está sempre entre os melhores, conquistando títulos. É muito bom fazer parte de um clube assim.

Você marcou 70 gols em 80 jogos desde que chegou à China. O que te levou a conseguir números tão expressivos em apenas dois anos?

Fico muito feliz em ter marcado tantos gols em poucos jogos. Dedico-me diariamente aos treinamentos, observo muito os atacantes europeus e brasileiros que eu tenho como referência e contei com a orientação do Marcelo Lippi (treinador) desde a minha chegada. Por esses fatores, acho que pude me adaptar rapidamente ao futebol chinês e chegar a esses números.

Quais foram as diferenças entre ser treinado por Marcelo Lippi e, agora, por Cannavaro?

Uma das melhores coisas que aconteceu na minha carreira foi ser treinado pelo Lippi. Foi ele quem me trouxe para o Guangzhou e que apostou em mim. Sou muito grato a ele. Juntos, conquistamos o único título que ele não tinha conquistado aqui: a Champions League da Ásia.

Aprendi muito com ele nos dois anos em que trabalhamos juntos. Tenho certeza que o Cannavaro será um grande treinador, assim como foi jogador. Ele está dando continuidade ao trabalho do Lippi e, com certeza, vamos conquistar muitos títulos sob seu comando.

(Nota da Redação: Elkeson respondeu à pergunta antes de Fabio Cannavaro ser condenado a dez meses de prisão pela Justiça italiana. Ele invadiu a própria casa, que estava lacrada pela polícia.)

Dentro de campo, quais são as diferenças entre o futebol brasileiro e o chinês? Como foi sua adaptação?

O futebol chinês é mais rápido, veloz, mais pegado. O brasileiro é mais cadenciado, com muitos jogadores técnicos. Hoje o futebol chinês está mudando para melhor com a chegada de jogadores e treinadores estrangeiros. Desde quando cheguei, já houve uma evolução. A tendência é crescer ainda mais. Minha adaptação foi rápida. Além da ajuda do Lippi, o Muriqui e o Conca me ajudaram bastante.

O senso comum diz que o futebol asiático está "fora do radar". Você pensa assim? O que te motiva a permanecer na China?

O futebol chinês está crescendo muito. O campeonato não é transmitido para o Brasil, mas em alguns países europeus já é possível acompanhar os jogos. A tendência é crescer cada vez mais com a quantidade de jogadores estrangeiros vindo jogar aqui.

Como é o relacionamento com o torcedor chinês? É mais tranquilo do que no Brasil ou também existe pressão?

O torcedor chinês é mais tranqüilo do que o brasileiro. São muito respeitosos e sempre comparecem em bom número ao estádio para apoiar o time. É uma cultura diferente. Mas quando nos encontram na rua tiram muitas fotos, querem abraçar... É bem legal.

Você precisou adotar algum costume do país? De alguma forma o regime do governo influencia seu dia-a-dia?

Fora de campo tive que mudar algumas coisas. Sempre assistia aos canais esportivos no Brasil e aqui não consigo por causa da língua. As redes sociais também são bloqueadas. Fora isso, tudo foi tranquilo.

Você se vê pronto para defender a Seleção Brasileira ou entende que, para isso, precisaria jogar no futebol europeu?

Chegar na Seleção Brasileira não é fácil. Acredito que todos os brasileiros estão sendo observados pelo Dunga, independentemente de onde esteja jogando. A concorrência é enorme, mas vou continuar fazendo o meu trabalho para que esse momento chegue.

Quanto ao seu planejamento de carreira, qual o próximo passo depois da China?

Quero ficar na China por mais alguns anos. O clube e eu estamos conversando sobre a renovação desde o ano passado, mas ainda não chegamos a um acordo. Tenho o sonho de jogar no futebol europeu, quem sabe depois da China isso aconteça.

Tem recebido propostas de clubes brasileiros recentemente? Quais?

Recebi algumas sondagens de times brasileiros, mas nada concreto. Meu pensamento é fazer minha carreira fora do país. É difícil, a saudade da família é grande, mas dá para suportar mais alguns anos.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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