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Futebol Internacional

Ebola causa caos e pode parar Eliminatórias da Copa Africana

13 ago 2014 - 11h57
(atualizado às 12h00)
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<p>Pa&iacute;s com mais mortes por Ebola, Guin&eacute; n&atilde;o quer abrir m&atilde;o de disputar partidas em casa</p>
País com mais mortes por Ebola, Guiné não quer abrir mão de disputar partidas em casa
Foto: CELLOU BINANI / AFP

Tudo começou quando a pequena ilha de Seychelles, no Oceano Índico, proibiu a entrada do time de futebol da Serra Leoa, temendo que o mortal vírus Ebola chegaria da África ocidental com os jogadores. A decisão das autoridades de saúde seichelenses, ocorrida há duas semanas, não deu escolha à seleção do país a não ser desistir do jogo contra os serra-leonenses e se retirar das Eliminatórias da Copa Africana de Nações, principal competição do continente.

"Não podemos baixar nossa guarda", disse o comissário de saúde de Seycheles, Dr. Jude Gedeon, depois que os jogadores de Serra Leoa foram impedidos de deixar o Quênia e voar para a ilha. Alguns já tinham até embarcado no avião quando foram informados que não tinham permissão para fazer a viagem. A Confederação Africana de Futebol (CAF) não teve como intervir.

Serra Leoa e Libéria, dois dos países apaixonados por futebol da África ocidental afetados pela pior epidemia de Ebola da história, interromperam toda atividade futebolística em seus territórios. Funcionários da saúde afirmam que há um risco letal em deixar pessoas se juntarem em grupos grandes. Já Togo declarou que não viajaria à Guiné, outro país castigado pelo Ebola, para um jogo da primeira rodada da última fase de classificação para a Copa Africana, na primeira semana de setembro. O episódio forçou a CAF a mudar a partida de lugar. 

A doença não tem vacina licenciada, já matou mais de mil pessoas no oeste da África segundo a última contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS), e se espalhou por três países antes de alcançar também a Nigéria. Controlar o vírus é prioridade, não o esporte. Mas se outras nações seguirem o exemplo de Seychelles e Togo, um total de até 18 jogos na fase final das Eliminatórias da Copa Africana, que começa no mês que vem, pode ser afetado. O torneio com 16 times, que acontece a cada dois anos, acontecerá no Marrocos entre janeiro e fevereiro de 2015.

A CAF está enfrentando um pesadelo logístico com as partidas envolvendo Guiné, Serra Leoa e a campeã africana Nigéria, em setembro, outubro e novembro. Já a Libéria não faz parte das Eliminatórias. Todos esses jogos podem ter que ser transferidos ou cancelados.

"Continuamos a monitorar a situação da epidemia de Ebola", declarou a confederação na terça-feira, prometendo esclarecer nos próximos dias os novos planos para as Eliminatórias. A entidade disse que estava em contato com a OMS e com autoridades dos países afetados, além de confirmar que Serra Leoa, onde mais de 300 pessoas morreram pela doença, não pode sediar partidas.

O governo de Serra Leoa baniu o futebol do país até segundo aviso. A seleção quer jogar suas partidas como mandante - contra Costa do Marfim, Camarões e Congo - em Acra, capital de Gana, segundo a CAF. Autoridades ganesas ainda não se pronunciaram a respeito. Alguns países não querem permitir a entrada de pessoas vindas de países afligidos pelo Ebola.

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O porta-voz da Associação de Futebol de Serra Leoa, Abu Bakarr Kamara, afirmou que obteria certificados de saúde emergenciais da OMS para seus jogadores, mostrando que eles não são portadores do Ebola.

Ao contrário de Serra Leoa, a Guiné, que supostamente é a origem da epidemia, afirma que ainda quer exercer seu direito de jogar em casa. A Guiné é o único dos quatro países afetados que não declarou um estado de emergência pública, apesar da morte de 373 pessoas - mais do que em qualquer outra nação. Já os adversários dizem que não querem viajar para o país. A federação da Guiné disse na terça-feira que foi instruída pela CAF a mudar de lugar sua partida em casa contra o Togo, mas ainda não escolheu um novo local.

A atitude do governo de Seychelles de bloquear a chegada do time de Serra Leoa abriu um possível precedente para países se recusarem a receber os serra-leonenses e guineenses. As proibições podem se estender à Nigéria se o Ebola se espalhar rapidamente pelo país.

Os nove países programados para receber seleções de nações afetadas pelo Ebola ainda não confirmaram se permitirão a entrada das delegações. Se os jogadores dos quatro países contaminados forem banidos, a situação jogaria a Copa Africana em um caos completo. A CAF não quer esperar, e diz que vai anunciar ainda nesta semana detalhes de um planejamento para manter as Eliminatórias em disputa.

Fonte: AP AP - The Associated Press. Todos os direitos reservados. Este material não pode ser copiado, transmitido, reformado o redistribuido.
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