Kaká desabafa: "não foi fácil me transformar em jogador normal"
Kaká não gosta de falar de "ressurreições". Foi isso que disse nas últimas semanas, sempre que lhe perguntavam se havia voltado, se já havia deixado para trás os maus momentos. Se já havia superado todos os seus problemas. Ele sempre respondia dizendo que a única coisa que fez foi se dedicar e treinar, trabalhar diariamente. "Te fizeram se sentir como um jogador acabado?", foi a pergunta na sala de imprensa de Valdebebas, local do CT do Real Madrid.
"Ninguém fez com que eu me sentisse assim. E nem pensei que eu estava acabado. É uma situação incômoda, mas eu sabia que tinha condições. Sabia o que podia acrescentar a essa equipe, e o que ainda posso acrescentar ao futebol", disse o brasileiro. Sincero, tranquilo e comedido. Como ele é.
Kaká ainda tem futebol, e reivindica isso. Ainda que, a ponto de completar 31 anos, tenha tido que se transformar. Está distante daquele jogador de arrancada elegante que ganhou a Bola de Ouro em 2007, e que todos esperam seguir vendo, sem perceber que este é outro Kaká. Que do passado já não resta nada, nem mesmo as lesões que o deixaram de molho dia sim, outro também - a pubalgia primeiro, o joelho depois.
"Não foi fácil a transformação", disse o meia quando lhe perguntaram sobre suas sensações diárias antes de treinar. "Não tem sido fácil. Estou há 11 anos no futebol profissional, e durante sete fui protagonista de clubes e Seleção. Passei por várias lesões. Transformar-me em jogador normal foi difícil, mas aprendi muitas coisas. Agora sou muito mais maduro", confessou Kaká.
"Você se sente cômodo com seu papel no Real Madrid?", foi a pergunta. "Não. Gostaria de fazer muito mais, mas entendo a situação. Entendo que há jogadores qeu estão bem, e que é difícil às vezes mudar muitas coisas. Mas cômodo, não estou. Tento fazer todos os dias coisas diferentes, buscar soluções para voltar a ser um jogador importante", afirmou.
Contra o Deportivo La Coruña - lanterna do Espanhol - ele foi decisivo. No Camp Nou, poucos dias depois, ficou no banco. "Não me chateou, não foi uma decepção para mim. Os que jogaram fizeram uma grande partida (o Real venceu por 3 a 1). Eu tenho que seguir aproveitando minhas oportunidades", prosseguiu, para depois se candidatar a protagonista em Old Trafford, onde ganhou uma Liga dos Campeões com o Milan. "Se me derem confiança em Old Trafford, farei uma grande partida", prometeu. O Real enfrenta o Manchester United na terça-feira, pelas oitavas de final.
E o Brasil? E o futuro? "Gostaria de voltar à Seleção Brasileira e jogar a Copa do Mundo. Tenho dois anos ainda de contrato aqui, e por mim continuaria. Mas sempre disse que não quero ser nenhum problema para o clube. Se no fim das contas eu precisar sair, para que seja bom para o clube e para mim, vou sair. Se não, seguirei aqui como um bom profissional, buscando minhas oportunidades e pensando em voltar a usar a camisa amarela".
No momento, o futuro mais imediato é o clássico deste sábado contra o Barcelona, no Camp Nou, pelo Campeonato Espanhol. "Estou bem fisicamente, e é isso que me deixa mais feliz. Estou mais leve, e isso me deixa à vontade para jogar", disse Kaká, que deve ser titular no lugar do argentino Di María.
Campeonatos europeus ao vivo
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