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Copa do Rei

Mourinho na corda bamba enquanto tensão aumenta no Real Madrid

23 dez 2012 - 17h10
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O futuro do português José Mourinho como treinador do Real Madrid era incerto este domingo, depois que ele decidiu, na véspera, deixar no banco o goleiro e capitão da equipe, Iker Casillas, na derrota para o Málaga (3-2), em mais um episódio de tensão com a torcida e o time.

Toda a imprensa espanhola fez eco da indignação provocada pela controversa decisão do técnico, após uma nova derrota, que deixou o clube 'galáctico' a 16 pontos do líder da Liga Espanhola, o FC Barcelona.

"Mou faz um papel ridículo", intitulou na manchete com grandes caracteres o jornal madrilense Marca, ao lado de uma foto de um Casillas cabisbaixo, enquanto assistia à partida de fora do campo.

Qualificando a substituição do goleiro por Antonio Adán como um "novo desafio do técnico, desta vez contra o ídolo do clube", seu capitão, o jornal pôs em evidência um conflito crescente: "o 'madridismo', indignado".

"Mourinho se tornou um problema insuportável", sentenciou um jornalista esportivo nas páginas do também madrilense AS.

Casillas afirmou este domingo a uma TV local que "é preciso acatar a decisão do treinador e treinar muito mais" depois da derrota.

"Não estou acostumado a ser reserva, mas acima de qualquer jogador está a equipe. O que é preciso fazer é continuar treinando e tentar recuperar a titularidade", afirmou o capitão da seleção à TV La Sexta antes de um jogo beneficente.

"Já pressentia ao longo da semana. Mourinho não me disse nada, mas se não é preciso dar explicações quando se joga, tampouco é necessário quando não se joga", afirmou Casillas.

Em sua chegada a Lisboa para passar as festas de Natal, Mourinho também comentou a substituição. "Tenho a consciência tranquila. Tento fazer a melhor equipe para cada partida", respondeu o técnico, quando perguntado no aeroporto a respeito de sua decisão.

O técnico português, que recentemente lançou duras críticas a seus jogadores por resultados que este ano distanciam o clube, quase irremediavelmente, de uma vitória na Liga, tinha tentado na véspera acabar com a polêmica afirmando que a opção por Adán foi uma "decisão técnica".

"Tem razão, mas também é uma decisão política", afirmou o diretor do jornal de Barcelona Mundo Deportivo, Santi Nolla. "Mou não só põe no banco um dos melhores goleiros do mundo ou o capitão da equipe, mas o líder de uma equipe que não está de acordo com algumas decisões do treinador", acrescentou.

Uma foto, tirada durante o jogo contra o Málaga, mostrando Mourinho tapando os ouvidos com os dedos, e publicada por vários meios de comunicação, parecia ilustrar a teimosia que alguns criticam no técnico.

"Não penso em renunciar, nem em minha continuidade no clube", disse o técnico, durante entrevista coletiva que se seguiu à partida, consciente de que sua decisão teria consequências. "Os treinadores sabem que o futebol não tem memória. O que conta é que o que se fez hoje e não ontem".

Até agora, Mourinho tem contado com o apoio da diretoria do Real Madrid, que afirma respeitar suas decisões técnicas.

Mas, o presidente do clube, Florentino Pérez, começou a manifestar esta semana um desacordo com o técnico depois que este considerou "praticamente impossível" vencer a Liga.

O Real Madrid "tem como princípio não render-se jamais, por mais difíceis que sejam os desafios que deve enfrentar", declarou Pérez, contradizendo o treinador.

Para o jornal El Mundo, agora "Florentino pensa o que fazer com o português e no clube nada está descartado".

Segundo o periódico, "gente ligada a Florentino não descartava na semana passada que uma derrota para o Málaga levaria à demissão do técnico".

No entanto, o prejuízo pode ficar com o clube, que contratou Mourinho em 2010 até 2016. "Cabe lembrar que se Florentino demitir Mou agora, deverá indenizá-lo em 20 milhões de euros e se o fizer em junho próximo, em cinco", estimou o El Mundo Deportivo.

Enquanto isso, a torcida se inflama nas redes sociais.

"Isto é uma vergonha e um deboche. Mourinho ri do Real Madrid, de seus torcedores e de seus jogadores", indignou-se um torcedor na internet. "Por muitíssimo menos que isso se demitiu outros treinadores. Esse senhor, por dizer algo, não pode continuar treinador do Real Madrid nem mais um dia", acrescentou.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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