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Copa do Rei

Mourinho, técnico vencedor e provocador

20 mai 2013 - 19h25
(atualizado às 19h39)
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O português José Mourinho, que deixará o cargo de técnico do Real Madrid no fim desta temporada, é tão conhecido pela trajetória vitoriosa quanto pela fama de provocador.

Odiado ou idolatrado, 'The Special One', (O Especial, como ele mesmo se intitulou quando estava no comando do Chelsea), não deixa ninguém indiferente, a ponto de ofuscar até os maiores craques dos times que treina.

Suas coletivas de imprensa sempre atraem dezenas de jornalistas, que muitas vezes são brindados por declarações polêmicas.

Inconformado com as decisões de arbitragem na semifinal de Liga dos Campeões, quando o Real foi derrotado pelo Barcelona em 2011, 'Mou' perguntou "como se diz trapacear em catalão?".

Durante sua passagem no Chelsea, chegou a chamar o técnico do Arsenal, o francês Arsène Wenger, de "voyeur".

"As dúvidas me motivam ou me fazem rir", disse o português em 2010, quando assumiu o comando do Real.

Três anos depois, o técnico de 50 anos, que gosta de falar dele mesmo na terceira pessoa, deixa o time espanhol em baixa, amargando o primeiro 'fracasso' da sua carreira.

Em três anos, levantou 'apenas' três troféus, a Copa do Rei em 2011, o Campeonato Espanhol e a Supercopa da Espanha em 2012, e não conseguiu alcançar seu maior objetivo: o décimo título do clube na Liga dos Campeões.

Se tivesse conquistado a 'Taça Orelhuda', Mourinho teria se tornado o primeiro técnico da história a vencer a maior competição de clubes do planeta com equipes de três países diferentes (foi campeão em 2004 com o Porto e 2010 com a Inter de Milão).

Na sua última temporada à frente do Real, o português amargou dois vice-campeonatos, na Liga Espanhola e na Copa do Rei, além de ter visto seu time ser eliminado pelo Borussia Dortmund nas semifinais da 'Champions'.

Até então, a trajetória deste natural de Setúbal, que ganhou até uma rua no seu nome na sua cidade natal, tinha sido impecável.

Após uma carreira medíocre de jogador profissional (marcou cinco gols em cinco anos em modestos clubes como Rio Ave o Belenenses), Mourinho ganhou fama e fortuna como técnico.

Ele chegou a ganhar elogios do seu maior ídolo, o escocês 'Sir' Alex Ferguson, que chegou a declarar que o português "poderia ser treinador de qualquer equipe".

Sua primeira experiência numa comissão técnica foi como tradutor do inglês Bobby Robson no Porto.

Impressionado pelo seu conhecimento tático, o britânico o promoveu para o cargo de auxiliar técnico, função que também exerceu no Barcelona.

Após a demissão de Robson em 1997, Mourinho permaneceu no clube catalão, do qual foi auxiliar do holandês Louis Van Gaal.

Seu primeiro cargo de treinador principal foi no Benfica, em 2000, para depois assumir o União Leiria, para a temporada 2001-2002.

Foi assim que despertou o interesse do Porto, com o qual alcançou a glória ao conquistar dois títulos nacionais (2003 e 2004) e dois continentais (a Copa da Uefa em 2003 e a Liga dos Campeões em 2004).

Após a conquista da 'Champions', foi contratado pelo Chelsea, onde conquistou de vez a mídia internacional. "Na minha carreira, procuro sempre aceitar desafios difíceis", explicou o treinador quando assumiu o time londrino.

Bicampeão inglês com o Chelsea (2005 e 2006), saiu para a Inter de Milão, onde chegou ao auge da sua carreira ao conquistar a 'tríplice coroa' em 2010, com a Liga dos Campeões, a Copa da Itália e o Campeonato Italiano.

Usando sempre ternos de grife, o português de cabelo grisalho virou o novo Midas do futebol.

Sua imagem de glamour e sua capacidade de conquistar títulos em vários países acabaram seduzindo Florentino Pérez, que desembolsou oito milhões de euros para comprar seu último ano de contrato com a Inter.

A chegada de um técnico 'galático', porém, não surtiu efeito num time repleto de estrelas. O narcisismo do português, que às vezes dava a impressão de se achar mais importante que o clube recordista de títulos na 'Champions', acabou gerando algum desgaste no seu relacionamento com a imprensa, os dirigentes e até com os próprios jogadores.

Muito querido por seus atletas em todos os clubes pelos quais passou, 'Mou' enfrentou várias tensões no vestiário, principalmente com os espanhóis Iker Casillas e Sergio Ramos.

Conhecido por comemorar as vitórias de forma intensa, como aconteceu em 2010 quando eliminou o Barça com a Inter nas semifinais da 'Champions', o técnico mostrou que não aceita a derrota e costuma se fazer de vítima quando as críticas aparecem.

Fiel ao seu "temperamento de navegador português", como ele mesmo se definiu, Mourinho não deve se acomodar com o fracasso. Seu próximo rumo deve ser uma terra conhecida, a Inglaterra, onde espera reviver os tempos de glória com o Chelsea.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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