Novo atacante de Felipão foi acusado de racismo e "seduzia" Del Bosque
Convocado, Diego Costa praticamente não jogou no Brasil e faz relativo sucesso na Espanha. Ele é o jogador mais caçado da primeira divisão
O sergipano Diego Costa não revela o motivo, mas recentemente contou ao jornal espanhol El País que, em 2010, caminhou 70 quilômetros para pagar uma promessa. Deixou Lagarto, cidade natal dele de 100 mil habitantes, e andou com alguns amigos por cerca de 20 horas. Não se sabe o por que da peregrinação, termo que de certa forma se aplica à carreira de Diego, mas nesta terça-feira à tarde ele recebeu uma notícia que valeria o cumprimento de mais uma promessa.
Aos 24 anos e sem jogar por equipes brasileiras, o atacante do Atlético de Madrid, da Espanha, foi a grande surpresa de Luiz Felipe Scolari na segunda convocação no retorno à Seleção. Reconhecido entre os espanhóis pelo estilo dedicado e agressivo dentro de campo, Diego terá a chance de brigar por um lugar na equipe contra Itália e Rússia, no mês de março, respectivamente em Genebra, na Suíça, e Londres, na Inglaterra.
A boa notícia chega para ele pouco depois de movimentar a imprensa espanhola por dois motivos diferentes na última semana. Em duelo contra o Sevilla, foi acusado pelo meio-campista francês Geoffrey Kondogbia de racismo. No Twitter, Kondogbia desabafou: "Senhor Costa, na próxima vez em que você fizer barulhos de macaco, vai ter que segurar...". Já Vicente del Bosque admitiu convocá-lo para a Espanha: "está na lista de nomes futuros com potencial para a seleção".
Diego gera tantos comentários, em parte, porque faz no Atlético de Madrid a melhor temporada de uma emergente carreira na Europa. Em 32 jogos disputados, anotou 13 gols e ofereceu 13 assistências, mesmo em ação pelos lados do campo. Também tem fama de indisciplinado: recebeu oito cartões amarelos e um vermelho. Ao todo, na trajetória no futebol espanhol, foram sete expulsões.
Ele justifica o comportamento pela falta de categoria de base na formação. "Eu disputava com todos no campo, não podia me controlar e insultava os demais, não tinha respeito pelos adversários. Pensava que deveria matar. Aos garotos que têm formação, se ensina a ter controle e respeitar os demais. Agora aprendi", explica.
Na atual temporada, curiosamente, Diego Costa provoca o efeito justamente reverso. É descrito como o jogador do futebol espanhol que mais cartões provoca aos times rivais. Por sua vocação para jogadas individuais, gerou 20 cartões amarelos e recebe uma falta, em média, a cada 20 minutos.
O pai de Diego provavelmente sonhava com esse futuro para o filho, embora preserve até os dias de hoje uma pacata vida em Lagarto. Ele foi assim batizado em homenagem a Diego Maradona - o irmão, por sua vez, é Jair por conta de Jairzinho, o Furacão da Copa de 70. O sonho da família Costa, porém, só começou a se realizar há sete temporadas. Ele jogava pelo modesto Barcelona Esportivo Capela, da quarta divisão paulista, e acabou levado até o Braga, de Portugal, por um agente.
Um ano depois, Diego já estava no Atlético de Madrid, mas alternou empréstimos para outras quatro equipes: Celta, Albacete, Valladolid e enfim Rayo Vallecano. Nas duas últimas, teve destaque para ser recrutado pelo Atlético que faz sucesso sob o comando de Diego Simeone. Foi campeão da Supercopa da Europa, é segundo colocado no Campeonato Espanhol e jogará a final da Copa do Rei contra o rival Real.
Felipão assim descreveu: "faço essa observação desde que assumi a Seleção. É um atleta que merece essa oportunidade para podermos observá-lo, já que tem característica importante para o grupo muitas vezes. Se posiciona bem e faz com que atletas que fazem seu lado desfrutem de oportunidade melhor".