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Futebol Internacional

Exclusivo: último campeão da Euro dá receita para 3ª taça inédita

30 mai 2012 - 08h41
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Dassler Marques

Mais de quatro décadas sem títulos, fracassos consecutivos em duas Copas do Mundo e duas Eurocopas e poucas perspectivas. O cenário encontrado por Luis Aragonés ao assumir a seleção espanhola não inspirava que, seis anos depois, a equipe teria a taça dos dois torneios em que deixou a desejar e ainda chegaria para mais uma Eurocopa em condição de favoritismo. O discreto treinador, que fala ao Terra nesta entrevista exclusiva, é personagem importante nessa mudança de patamar.

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Entender os méritos de El Abuelo (o avô) nesse processo exige uma contextualização. A Espanha havia caído na primeira fase da Copa de 98. Na Euro seguinte, dominou a França e foi eliminada com pênalti perdido por Raúl. No Mundial 2002, deixou o torneio diante da Coreia do Sul com erros de arbitragem. Em seu pior momento, 2004, ficou na primeira fase. Foi aí que chegou Aragonés.

Já na Copa do Mundo de 2006, a Espanha mostrou virtudes, passou com 100% pela fase de grupos e, mesmo muito jovem, endureceu as oitavas de final para a França de Zinedine Zidane, eventual vice-campeã. Era o sinal de que um grande time se formava, o que foi confirmado na Euro 2008, de maneira invicta, e se manteve em seguida na troca de Aragonés por Vicente del Bosque, campeão mundial 2010.

É para falar sobre esse renascimento do futebol espanhol após 44 anos sem títulos que o Terra ouviu, por telefone, a Aragonés, campeão nacional e mundial como treinador do Atlético de Madrid. Ele explica a dificuldade da Espanha em conseguir um feito inédito: o terceiro título de primeira linha em seis anos. A Alemanha, em 76, e a França, em 2002, falharam. Qual será o destino de Xavi, Iniesta e companhia na Euro 2012?

Confira a entrevista exclusiva com Luis Aragonés na íntegra:

Terra - Em que condições, na sua visão, a Espanha chega para tentar novo título da Eurocopa com o detalhe de que já venceu a Euro em 2008 e a Copa em 2010?

Luis Aragonés - A Espanha tem grandes jogadores, sobretudo no aspecto técnico. É a favorita para ganhar a Eurocopa. Não há nenhuma seleção na história com esses três títulos. Todas as demais seleções tratam de impedir esse título. Mas creio que seja a favorita porque praticamente tem a mesma equipe que ganhou a última Eurocopa.

Terra - Que peso poderão ter os desfalques de Puyol e Villa?

Aragonés - A Espanha tem muitos jogadores bons em toda a sua extensão, sobretudo meio-campo e ataque. Pode supri-los com gente jovem. Ingressaram quatro jogadores com relação à Copa e penso que são os favoritos, mas sempre haverá problemas. Todos sempre querem vencer o campeão. O Brasil sentiu isso após 70 e equipes como França e Alemanha, que ganharam a Copa e a Eurocopa na sequência, não conseguiram o terceiro título.

As novidades são Jordi Alba, Juanfrán, Cazorla (machucado em 2010) e Negredo. Deixaram o grupo Puyol e Villa, lesionados, Marchena e Capdevilla.

Terra - Há muitas semelhanças entre sua visão do futebol e de Vicente del Bosque?

Aragonés - A seleção espanhola marcou pela forma de jogar na Eurocopa. Assim seguiu mais ou menos com Del Bosque. Não há grandes diferenças entre ele e eu.

Terra - Como foi reverter a fraqueza psicológica dos espanhóis nos grandes torneios? Especialmente em 1998, 2000 e 2002 foram decepções muito significativas.

Aragonés - Primeiro tivemos que encontrar uma forma de jogar. Tínhamos jogadores tecnicamente muito bons e fomos por esse caminho. Não havíamos ganhado em 44 anos e tratamos de prepara a equipe psicologicamente. Todos jogadores têm suas individualidades e trabalhamos em cima disso. Foi a razão para chegar ao triunfo. Os resultados foram bons e a equipe subiu psicologicamente.

Terra - Qual a importância do Xavi Hernández como um protagonista dessa mudança?

Aragonés - Era um jogador importante. Nós tivemos que decidir uma forma de jogo e decidimos que os mais técnicos deveriam jogar e se solidarizar fisicamente. Nos defendemos com a bola no pé, sabemos atacar e trabalhar dentro de campo. Montamos uma forma de jogo para buscar o gol.

Terra - Em 2006, a Espanha teve uma grande primeira fase na Copa e depois perdeu para a França nas oitavas. Já era o indício de um grande time em formação?

Aragonés - Desde que assumi o cargo (em 2006), implantamos essa forma de jogar. No Mundial da Alemanha, caímos porque o futebol não perdoa uma tarde não muito boa. Você vai fora. Por isso digo que os resultados são tão importantes.

Terra - Como foi ter de decidir em não convocar mais Raúl González?

Aragonés - Raúl sempre foi um jogador midiático porque foi extraordinário. Mas deixou de vir à seleção porque haviam jogadores que rendiam mais, como Villa e Torres. Disse a ele que é uma questão de tempo. No futebol, o tempo acaba com todos.

Aqui, sem dúvida, a grande polêmica durante os quatro anos de Aragonés na Espanha. Raúl, aos 30 anos, foi descartado pela seleção para a Euro 2008.

Terra - O que representou ao senhor vencer a Euro 2008?

Aragonés - Não sou um homem nostálgico. Foi um trabalho bem feito e nada mais. Nós treinadores somos assim, é nosso ofício trabalhar o possível para ganhar. Você aprende mais perdendo que ganhando, mas ter dado um título a Espanha após 44 anos é uma satisfação. E ganhou o Mundial depois.

O último título espanhol havia sido a Eurocopa de 1964 em final contra a União Soviética. Aragonés, um atacante de primeira linha e história no Atlético de Madrid, chegou a atuar na fase eliminatória contra a Irlanda.

Terra - O senhor não trabalha como treinador desde 2009. Podemos dizer que parou a carreira?

Aragonés - Não estou fazendo nada nesse momento e não sei se em algum momento poderei voltar a fazer. Mas estou muito bem como estou.

Luis Aragonés deixou a seleção espanhola após quatro anos e o título da Eurocopa 2008
Luis Aragonés deixou a seleção espanhola após quatro anos e o título da Eurocopa 2008
Foto: Getty Images

Assim que foi campeão da Euro, ele deixou a Espanha e assumiu o Fenerbahce por uma temporada. Deixou o clube turco em 2009 e já soma três anos sem dirigir.

Terra - Houve uma conversa para assumir Portugal após a Copa 2010?

Aragonés - Não sei, não conversei nada com Portugal. Se isso foi dito, foi pela imprensa.

Terra - Se pudesse apostar, qual seria o destino de Pep Guardiola?

Aragonés - Não posso entrar muito no mérito do que ele decidir. Mas é um grande treinador, com grande êxito por sua forma de jogar e de mandar.

Liga Europa

O Terra irá exibir ao vivo via internet para o Brasil todas as partidas da Liga Europa da Uefa nas temporadas de 2012/2013, 2013/2014 e 2014/2015, sendo o único meio de comunicação do País a transmitir ao vivo os 205 jogos da competição. As transmissões serão disponibilizadas em alta definição (HD) e padrão standard, inclusive para tablets e smartphones.

Fonte: Terra
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