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Federação da Ucrânia pede Copa fora da Rússia em 2018

16 ago 2014 - 06h11
(atualizado às 09h07)
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<p>Presidente russo, Vladimir Putin, e presidente da Fifa, Joseph Blatter, no Maracanã; Federação da Ucrânia quer sanção contra país vizinho</p>
Presidente russo, Vladimir Putin, e presidente da Fifa, Joseph Blatter, no Maracanã; Federação da Ucrânia quer sanção contra país vizinho
Foto: Alexey Nikolsky / Reuters

A inclusão de três clubes da Crimeia no Campeonato Russo gerou um conflito futebolístico que pode deixar a Rússia sem Copa do Mundo em 2018, se prosperar a reivindicação de sanções solicitada pela Ucrânia à Fifa e à Uefa.

"A Crimeia é um território ocupado e assim o reconhece todo o mundo. Consideramos que a Fifa e a Uefa devem reagir o mais rápido possível", afirmou Maxim Bondarev, diretor-executivo da Federação Ucraniana de Futebol (FUF).

Quatro meses depois que o Kremlin anexou à península ucraniana, um ato condenado pela comunidade internacional, a União de Futebol da Rússia (UFR) escancarou suas portas, no último dia 8, para três clubes da Crimeia.

Duas dessas equipes disputaram a última temporada da primeira divisão ucraniana, o TSK de Simferopol (antigo Tavriya) e o SKCHF de Sebastopol, além do Zhemchuzhina de Yalta, que agora estão registrados na Rússia.

"Do que pode se queixar a Federação Ucraniana de Futebol? Este é um assunto interno. A Rússia é membro de pleno direito da Fifa e da Uefa", afirmou Vitali Mutko, ministro dos Esportes da Rússia e homem de confiança do presidente Vladimir Putin.

Essas três equipes estrearam esta semana na Copa da Rússia (TSK 0 - 2 SKCHF; e Zhemchuzhina 0 - 2 Sochi) e começarão a disputar a segunda divisão russa no próximo dia 20 de agosto.

"Os clubes da Crimeia estão sob a jurisdição de nossa federação. De nenhuma maneira, podem participar das competições russas", acrescentou Bondarev.

A Ucrânia considera que a política de fatos consumados da Rússia representa uma flagrante violação dos regulamentos da Fifa e da Uefa e a UFR não teria solicitado autorização às duas organizações sobre o status dos clubes de futebol da Crimeia.

No entanto, o presidente de honra da UFR, Viacheslav Koloskov, garante que a parte russa notificou os órgãos internacionais e lembrou que a FUF se recusou a realizar uma reunião para buscar uma solução para a disputa.

Uma vez que se confirmou que os três clubes da Crimeia jogaram na Copa da Rússia, o presidente da FUF, Anatoli Konkov, enviou uma carta aos presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e Uefa, Michel Platini, exigindo sanções contra a Rússia.

"Peço que tomem as medidas necessárias, inclusive a adoção de sanções contra a parte que violou o regulamento e ignorou os princípios básicos das mais altas instâncias futebolísticas", disse na carta.

A Ucrânia insiste que tudo que esteja relacionado com o futebol na península da Crimeia "é assunto do futebol ucraniano", já que "a Crimeia é parte da Ucrânia".

"Pedimos que respondam e esclareçam o mais rápido possível o 'caso da Crimeia'. De vocês depende o futuro não só do futebol ucraniano, mas também do mundo", concluiu o presidente da FUF no texto.

A Fifa confirmou que recebeu a carta e garantiu que sabe que os clubes da Crimeia jogaram no dia 12 de agosto pela Copa da Rússia.

"A postura da Fifa se baseará nas correspondentes decisões que a Uefa tomar", informou um porta-voz da organização à agência russa "Interfax".

Por sua vez, a Uefa se limitou a dizer que "continua suas consultas" com as federações envolvidas no escândalo.

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Bondarev detalhou que, na carta, a Ucrânia preferiu não especificar que tipo de sanções a Fifa e a Uefa devem impor contra a Rússia, embora os desejos de Kiev são um segredo aberto.

"Me preocupa a postura da Fifa e da Uefa, que ainda não excluíram a Rússia de todas as competições internacionais. Só por tentar atrair clubes de outro país para suas competições seria preciso desqualificar a Rússia por vários anos", disse Vitali Kvartsyanyi, treinador do Volyn Lutsk, equipe da primeira divisão ucraniana.

O técnico acusou a Rússia de "distorcer o campeonato ucraniano", ações que não duvidou em tachar de "políticas".

O precedente que vem à mente de todo mundo é o da Iugoslávia, cuja seleção de futebol foi excluída em 1992 da Eurocopa da Suécia, dez dias antes do início do torneio e quando o time já se encontrava em terras escandinavas.

No caso iugoslavo, cuja seleção foi substituída pela Dinamarca, a FIFA e a Uefa seguiram juntas as sanções impostas pela ONU.

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No caso da Rússia, Estados Unidos e União Europeia introduziram sanções pela anexação da Crimeia e seu papel no conflito no leste da Ucrânia, mas a questão não foi colocada no Conselho de Segurança, já que Moscou tem direito a veto.

Alguns presidentes de clubes russos expressaram recentemente sua inquietação pela possibilidade de que sejam punidos e não possam disputar competições europeias, segundo o jornal "Novaya Gazeta".

"Quem me daria agora 10 milhões de euros ou a qualquer um de nós? Tenho que manter o clube. E se amanhã nos tirarem a Copa de 2018?", afirmou Yevgueni Guiner, presidente do CSKA, atual campeão russo, durante uma reunião do comitê executivo da UFR.

EFE   
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