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Futebol Internacional

Site promete vazar documentos com irregularidades no futebol

Grupo que cuida da carreira de jogadores, como Damião e Felipe Anderson, estaria na mira do site

1 dez 2015 - 14h48
(atualizado às 16h42)
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Ninguém sabe quem está por trás nem quais são suas verdadeiras motivações, mas o site "Football Leaks" ameaça sacudir os alicerces do futebol atual ao realizar uma cruzada contra a opacidade do setor e os fundos de investimento que, segundo advertência de seus criadores, ainda mal começou.

"Não sabemos neste momento o número exato (de documentos) que temos, mas está claramente acima dos 300 gigabytes de informação. E esperamos receber mais contribuições", disse um porta-voz do site à Agência Efe por e-mail.

Os papéis publicados até agora - contratos, folhas de Excel, e-mails, entre outros - representam uma ínfima parte de todo esse material, segundo a fonte. "Nenhum documento foi falsificado, e isso é fácil de analisar pelos metadatos (origem dos ficheiros)", defendem os autores do site diante das acusações de manipulação.

Os arquivos já provocaram consequências tangíveis na Holanda, onde o presidente do Twente renunciou na semana passada após a filtragem de um acordo com o fundo Doyen Sports, que tem investimento em vários jogadores brasileiros, como o meia Felipe Anderson e os atacantes Gabriel e Leandro Damião.

Fundo de investidores responsável pela carreira de jogadores como Leandro Damião é um dos citados pelo site
Fundo de investidores responsável pela carreira de jogadores como Leandro Damião é um dos citados pelo site
Foto: Pedro Vilela / Getty Images

Oficialmente, o Doyen aceitou investir 5 milhões de euros em troca de uma percentagem das futuras transferências de sete atletas, mas a documentação divulgada agora dava a entender que a empresa garantia ter direito a opinar sobre as transferências, algo proibido pela Federação Holandesa de Futebol (KNVB).

"Inicialmente, a ideia era nos estabilizarmos em desmascarar as polêmicas e mentiras do futebol português, mas enquanto isso fomos recebendo uma grande quantidade de documentos que afetam outros campeonatos e, principalmente, fundos de investimento", revelou a fonte do "Football Leaks", hospedado num servidor russo.

O porta-voz do site ressaltou que os fundos, presentes há anos em Portugal e na América Latina, "parecem ser uma solução rentável, mas, na realidade, todos os clubes mais cedo ou mais tarde acabam com a água no pescoço".

"É um vírus que, se não for eliminado a tempo, não terá cura. Esses fundos fazem ingerências e pressões ilegítimas às equipes", completou.

Na mira do "Football Leaks" está principalmente a Doyen Sports, alvo da maioria dos papéis filtrados até agora. O português Nélio Freire figura como representante da companhia, com sede em Malta, e por trás da qual estariam, supostamente, dois homens de nacionalidade cazaque: Ali Malik e Refik Arif.

Segundo a documentação, o fundo concedeu em 2014 um empréstimo pessoal de 500 mil euros ao ex-presidente do Sevilha José María del Nido, no mesmo dia em que firmou acordo para um crédito com o clube no valor de 1,4 milhão de euros para ajudar a financiar a contratação do atacante senegalês Baba Diawara, jogador representado pela própria Doyen.

O site também partilhou outro empréstimo de 3,9 milhões de euros assinado com o Atlético de Madrid em 2011, destinado a cobrir as "suas necessidades de tesouraria".

Em ambos os casos, a taxa de juros fixada oscilava entre 10 e 11% e como garantia dos créditos figuravam desde contratos de imagem até as receitas de bilheteira e vendas.

Outro exemplo é a transferência do meia Yacine Brahimi do Granada para o Porto, contratado oficialmente por 6,5 milhões de euros. Os contratos publicados mostram que a Doyen não só forneceu 5 milhões de euros para ajudar os 'Dragões' a contratá-lo, mas também abonou outros 3 milhões à luxemburguesa Fifteen Securitisation, que compartilhava os seus direitos econômicos com o clube espanhol.

Em declarações à Efe, um porta-voz da Doyen recusou fazer comentários sobre documentos específicos, mas confirmou que o caso está nas mãos das autoridades.

Em comunicado, o fundo já tinha detalhado que a origem dos documentos é um ataque de hackers sofrido pela empresa e que os autores do site atacam o grupo por não ter cedido às suas pressões e pretensões, em alusão a uma espécie de chantagem.

"Não temos nenhum interesse pessoal. O futebol é o esporte número 1 do mundo, mas também é o mais opaco. Na NBA ou na NHL, por exemplo, não há segredos, todo mundo sabe quanto um jogador ou o treinador ganha e ninguém esconde", contrapuseram as fontes.

Criado à imagem e semelhança da "Wikileaks" - entidade responsável da divulgação de milhares de documentos diplomáticos americanos desde 2010 -, os impulsores do "Football Leaks" dizem centrar a atenção no que ocorre em segredo no mundo do futebol.

"A ideia surgiu num momento crítico, coincidindo com os escândalos na Fifa", detalhou o mesmo porta-voz.

Objeto já de investigações policiais em Portugal, os responsáveis do site admitem estar preocupados pela possibilidade de ter de prestar contas à Justiça, embora prometam que nada nem ninguém poderá silenciá-los.

Estádio Nacional vai receber a abertura da Copa América
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Foto: Miguel Tovar/Latin Content / Getty Images
EFE   
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