Holanda aguarda Fifa para utilizar replay em arbitragens
A Federação Holandesa de Futebol (KNVB) espera receber da Federação Internacional de Futebol (Fifa), no dia 28 deste mês, aval para passar a utilizar oficialmente replays em vídeo no auxílio à arbitragem em jogos do campeonato nacional. Desde o início da temporada 2013/2014, a entidade europeia já realiza testes de um sistema que permitiria aos árbitros serem avisados de possíveis erros ou mesmo lances de jogo que tenham passados despercebidos.
O sistema que os holandeses pretendem implantar já a partir do início da próxima temporada europeia, em agosto, é semelhante àqueles já utilizados com sucesso em outros esportes, como tênis, hóquei e futebol americano. Ele permitiria que os capitães ou técnicos das equipes pudessem desafiar decisões controversas da arbitragem através de replay.
“A primeira temporada de testes mostrou que o sistema pode ajudar a arbitragem em três ou quatro decisões importantes por jogo”, afirmou a federação holandesa em comunicado. Os testes têm sido realizados em jogos da Copa Holandesa e amistosos entre equipes reserva.
Segundo o presidente da KNVB, Michael Van Praag, o árbitro também deve usar um sistema de áudio para se comunicar com um auxiliar que estará monitorando as imagens da partida fora do estádio e receber informações em tempo real. “O assistente pode, enquanto vê as imagens, dizer ao árbitro que uma falta é para cartão amarelo ou vermelho, se é ou não grande penalidade. A partir daí o árbitro pode basear a sua decisão imediatamente numa opinião factual.”
A entidade já costuma utilizar imagens para discutir decisões disciplinares tomadas pelos árbitros durante as partidas. No último final de semana, por exemplo, Jetro Williams, do PSV, recebeu o cartão vermelho mais rápido da história do Campeonato Holandês aos 29 segundos da partida contra o NAC. Ele teria agredido o meia adversário Gil Swerts.
Depois da partida, após a análise de imagens, o árbitro Kevin Bloom reconheceu que o atleta do NAC simulou a agressão e retirou a punição e consequente suspensão automática do jogador do PSV. Mesmo com um jogador a menos desde o início, o líder da competição venceu o jogo por 2 a 0.
Decisão pode sofrer influência política
A Fifa tradicionalmente costuma responder com cautela a inovações tecnológicas que possam alterar o andamento de uma partida de futebol. A entidade tende a não aceitar novidades com custo muito alto e de difícil difusão para todos os campeonatos do planeta. No Mundial de Clubes de 2012, no entanto, passou a utilizar a chamada tecnologia da linha de gol, que avisa quando a bola entrou no arco por meio de um alerta no relógio de pulso dos árbitros. O sistema também esteve presente em todas as partidas da Copa do Mundo de 2014.
A decisão sobre a utilização ou não dos replays no futebol holandês também pode sofrer influência política. O presidente da federação holandesa é candidato de oposição a Joseph Blatter na eleição da Fifa, marcada para o dia 29 de maio, em Zurique, na Suíça. Van Praag, que promete mudanças na estrutura do futebol e inovação caso seja eleito, receberia uma espécie de “propaganda eleitoral gratuita” com o aval para a federação de seu país utilizar a moderna forma de auxílio à arbitragem – o que, por consequência, iria de encontro aos interesses de Blatter, que tenta conquistar o seu quinto mandato à frente da entidade máxima do futebol em meio a frequentes acusações de corrupção.
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