Dirigente que deu declaração racista recebe cesta de bananas
A polêmica por declarações racistas do candidato à presidência da Federação Italiana de Futebol (FIGC) Carlo Tavecchio ganhou mais um capítulo nesta terça-feira depois que uma cesta de bananas foi enviada para o dirigente com uma mensagem assinada por Opti Poba, nome fictício usado por ele para personificar suas palavras.
A cesta chegou à sede da federação como resposta às palavras proferidas na última sexta-feira pelo atual presidente da Liga Amadora da Itália, que vinculou aos jogadores negros, aos quais se referiu com o nome Opti Poba, com o hábito de comer bananas.
"A Inglaterra estuda se os jogadores que chegam ao país têm o profissionalismo necessário para poder jogar. Aqui, por outro lado, chega um Opti Poba (nome hipotético) que antes comia bananas e agora joga de titular na Lazio", declarou o dirigente, que depois pediu desculpas.
Na mensagem que acompanhava a penca, havia o seguinte bilhete: "dirigido ao senhor Tavecchio de parte de Opti Poba. Não ao racismo. W (viva) o futebol".
"W o futebol", além de um desejo, é um projeto iniciado em 2012 pela associação bolonhesa Bandiera Gialla, com o qual pretende combater a xenofobia no futebol italiano, no qual escândalos desse tipo são frequentes. A pessoa que está por trás da iniciativa é Fausto Viviani, que disse nesta terça-feira que o futebol italiano atravessa uma "situação muito grave" e de "grande preocupação".
Viviani destacou que não tem nada contra Tavecchio, mas que suas declarações não vão na linha da promoção dos valores sociais que a organização à qual pertence. Por essa razão, lamentou as palavras do candidato e o exemplo que projeta na sociedade com esse tipo de atos. "Nós fazemos o impossível para combater o racismo e divulgar entre nossas crianças valores positivos no esporte. Mas o que fazer quando o possível presidente da FIGC faz este tipo de declarações inequivocamente racistas?", questionou.
As palavras de Tavecchio tiveram grande repercussão na Itália e no exterior e levaram a Fifa a se pronunciar pedindo nesta segunda-feira uma investigação e um relatório da FIGC sobre o caso. O outro candidato à presidência da federação italiana, Demetrio Albertino, criticou a atuação de seu concorrente. "A frase dele pôs o futebol italiano em dificuldade em nível internacional", considerou.
A polêmica promete continuar pelo menos até o próximo dia 11, quando acontecerá em Roma a assembleia federal que apontará o novo presidente da FIGC.