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Itália

Em 7 jogos, naufraga conto de fadas do time "Torre de Babel"

22 out 2010 - 15h14
(atualizado às 17h27)
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Dassler Marques

Duas vitórias e um empate nas três primeiras rodadas do Campeonato Italiano fizeram o mundo se perguntar que time era o tal Cesena. Afinal, depois de 13 anos na segunda divisão, o clube da modesta cidade de mesmo nome no norte italiano assombrava os grandes. Dono da menor folha salarial da competição, ganhou fama de Robbin Hood, mas já vê seu conto de fadas naufragando.

Após o início que empolgou os italianos, o Cesena, famoso também pela diversidade da origem de seus modestos jogadores, já soma quatro jogos sem vencer e vê surgirem dúvidas acerca de seu futuro no Italiano. O experiente ganês Stephen Appiah, um dos pilares da equipe, falou a respeito das expectativas e das dificuldades em entrevista exclusiva ao Terra.

"Esse é um momento totalmente diferente na minha carreira. Estive acostumado com clubes grandes como Juventus e Fenerbahce, muito maiores que o Cesena. Aqui todos mostram muita fé e estou feliz em poder ajudar", conta, admitindo um futuro mais difícil na competição. "Todos vamos fazer o melhor para esse time continuar na elite. As últimas semanas não foram tão boas, mas assim é o futebol. Vamos ganhar e perder jogos daqui por diante".

Vivendo agora o que pode ser chamado de um segundo capítulo, o Cesena saiu do conto de fadas da liderança para o flerte com o rebaixamento, já que está na 13ª posição e só um ponto à frente da Udinese, que hoje seria a primeira a cair. Com uma folha mensal baixíssima, o pequeno clube conta com particularidades deliciosas que só um esporte improvável como o futebol pode oferecer.

A Torre de Babel mais modesta do mundo

Com 70 anos de vida e só 12 participações da elite italiana, o Cesena conseguiu reunir jogadores de quatro continentes e 16 países diferentes em seu elenco principal: dois argentinos, um brasileiro, um chileno, um paraguaio, um ganês, um tunisiano, um nigeriano, um japonês, um croata, um montenegrino, um eslovaco, um albanês, um grego, um francês, um suíço e só nove italianos. "Falamos a língua do futebol e ela é comum para todos", lembra Appiah.

Mesmo com tamanha diversidade, o Cesena conseguiu formar uma equipe aparentemente competitiva com a menor folha salarial: 8,3 milhões de euros para todo o elenco, menos até do que os 9 milhões de euros que recebe Zlatan Ibrahimovic no Milan. O meia grego Panagiotis Tachtsidis tem o salário mais baixo do clube: cerca de R$ 11 mil mensais.

"Ter a folha salarial mais baixa nos dá mais motivação ainda para continuar surpreendendo as pessoas. Muitos jogadores estão querendo buscar seu espaço e é a chance de aparecer numa vitrine como é o futebol italiano, ainda mais na elite", conta ao Terra o brasileiro Diego Cavalieri, ex-Palmeiras, e emprestado ao Cesena pelo Liverpool. Por enquanto, porém, ele é reserva.

Outro personagem curioso da equipe é justamente o homem que vem deixando Diego Cavalieri no banco de reservas. Francesco Antonioli, que brilhou intensamente nos primeiros jogos, já tem 41 anos. Reserva do famoso Milan que brilhou no início da década de 90, foi campeão italiano com a Roma, em 2001, e parecia na reta final da carreira ao assinar com o Cesena e ser protagonista do grande início de campanha.

"Cheguei no fim da pré-temporada e vi que todos se esforçaram para começar bem. O objetivo do clube é permanecer na Série A e todos sabem disso. Graças ao esforço de todos, o time chegou bem enquanto outras equipes começaram mais devagar", avalia Cavalieri.

Depois do conto de fadas em liderar o Italiano, os poucos fãs do Cesena, cujo estádio Dino Manuzzi só abriga 23 mil torcedores, apenas esperam que a equipe recupere o fôlego e salve uma temporada que se anunciava promissora.

Torcida do Cesena viveu "conto de fadas" com início surpreendente no Italiano
Torcida do Cesena viveu "conto de fadas" com início surpreendente no Italiano
Foto: Getty Images
Fonte: Redação Terra
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