Prefeito minimiza racismo e critica "reação exagerada" de Boateng
O cancelamento do amistoso em Busto Arsizio entre o Milan e o time local Pro Patria, da quarta divisão italiana, irritou o prefeito da cidade, Gigione Farioli. Segundo publica o diário italiano La Stampa, o mandatário considerou a reação do meia Kevin-Prince Boateng de deixar o campo devido a coros racistas oriundos das arquibancadas como “exagerada”.
Nesta quinta-feira, a partida, válida como parte da intertemporada do Milan no Campeonato Italiano, terminou aos 26min do primeiro tempo. Irritado com ofensas preconceituosas que vinha recebendo, Boateng pegou a bola em suas mãos e desferiu um chute na direção dos torcedores que o xingavam. A seguir o jogador deixou o gramado, sendo seguido pelo restante de seu time.
Minimizando o episódio ocorrido no Estádio Carlo Speroni, Farioli classificou a ato como responsabilidade de “quatro idiotas”, os quais foram identificados pelas autoridades. Por outro lado, o prefeito criticou Boateng dizendo que a reação do atleta de dar um chute na bola “a 200 km/h” foi “imprópria”. O mandatário ainda lançou uma pergunta, indagando se o alemão de origem ganesa teria feito a mesma coisa se os “coros tivessem acontecido no San Siro, no (Santiago) Bernabéu ou na Liga dos Campeões da Europa”.
Depois da polêmica, o Milan divulgou uma nota em seu site oficial sob o título “uma lição para ser aprendida”. O clube apontou que “um dia de sol e esporte, muito bem organizado pela Pro Patria, foi destruído por quatro idiotas”.
“Busto Arsizio é uma cidade pequena e civilizada. O Milan voltará lá por vontade própria e com a cabeça erguida. Porém, por causa de um pequeno grupo de racistas que se manifestou hoje (quinta-feira), não podemos deixar impune. Como condenação, esses sujeitos deverão sentir a vergonha que se experimenta quando, por causa de poucos, se perde uma bela tarde de esporte”, escreveu a entidade.
Busto Arsizio tem cerca de 80 mil habitantes e está localizada na província de Varese, na região da Lombardia, no norte da Itália. Defendendo a cidade, Farioli afirmou que o município “não é Verona”, cujo clube Hellas Verona tem uma torcida considerada racista, e argumentou que as pessoas responsáveis pelos coros não eram da região.
O site VareseNews, no entanto, publica uma entrevista com um ex-diretor esportivo da Pro Patria, Riccardo Guffanti, que recorda um episódio semelhante ocorrido no clube. Em 2003, parte da torcida do time boicotou a apresentação da equipe devido à contratação do nigeriano Ikechukwo Kalu, 27 anos, ex-atacante do Milan e atualmente no Chiasso – esses fãs chegavam inclusive a deixar o estádio quando Kalu entrava em campo.
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