De campeã a coadjuvante: auge da Inter completa cinco anos
Há exatamente cinco anos, a Inter de Milão conquistava a Liga dos Campeões. E não só isso: em 2010 o clube também era campeão italiano, da Copa e Supercopa da Itália e do Mundial. Foi a temporada perfeita para os nerazzurri. Pois é, mal dá para acreditar, né? Hoje, após um curto período de tempo, a equipe não passa de mera coadjuvante no torneio nacional, correndo por fora por uma vaga na Liga Europa, e o cenário não parece tão animador. Os próprios jogadores sentem dificuldades para explicar o que aconteceu, mas acreditam que tempos melhores virão.
O lateral direito Jonathan, contratado pela Inter em 2011, chegou com status de "novo Maicon", mas demorou para se firmar e não encontra palavras para explicar a atual situação do clube. "Difícil falar o que está acontecendo. Temos qualidade e experiência, mas não conseguimos nos encontrar, não sei por quê. Este ano mesmo: contra equipes fortes até que vamos bem, contra os mais fracos, nem tanto... Os times se fecham, não conseguimos entrar e isso acaba gerando empates e derrotas", disse em entrevista exclusiva ao Terra .
Já para o meio-campista Hernanes, que chegou ao time como grande estrela no ano passado, o processo que o clube vive é natural. "Isso acontece no esporte. Quando você atinge um resultado excepcional, nas próximas disputas você não é tão feliz, dá aquele relaxamento, você fica festejando a conquista. Além disso, a Inter perdeu nomes importantes, o time mudou praticamente todo", falou ao Terra .
É verdade que o clube perdeu grandes nomes, mas pode-se dizer que o maior baque para a Inter foi a saída do técnico José Mourinho para o Real Madrid. Sem nenhum supercraque no elenco, mas vários excelentes jogadores, o português havia criado uma forma única e eficiente daquele time jogar. Foi assim, com Diego Milito inspirado, Samuel Eto’o se esforçando na marcação, Wesley Sneijder como maestro e um sistema defensivo sólido, com a trinca brasileira (Júlio César, Maicon e Lúcio) em ótima fase, que o clube conseguiu superar Chelsea, CSKA e Barcelona, até bater o Bayern de Munique naquela decisão de cinco anos atrás realizada em Madri.
Depois da saída de Mourinho, a Inter teve sete técnicos. Tirando Rafa Benítez, que ficou apenas seis meses e caiu mesmo após levar o Mundial em 2010, o único que teve um mínimo sucesso foi o brasileiro Leonardo, que conquistou o último título do clube - uma Copa da Itália na temporada 2010/11 - e saiu por uma proposta irrecusável para virar diretor do Paris Saint-Germain. Depois passaram os italianos Gian Piero Gasperini, Claudio Ranieri, Andrea Stramaccioni e Walter Mazzarri, até chegar, em 2014, Roberto Mancini, atual treinador.
Para Hernanes, o problema passa longe do comandante. "É um grande treinador. Ele também pegou o bonde andando, e até dar uma cara para a equipe, não é fácil. Às vezes, quando você chega no fundo do poço, é quando precisa reagir. Com a gente foi assim, porque teve o jogo contra o Parma, que foi muito marcante (empate em casa por 1 a 1 com um time lanterna e rebaixado, em abril). Foi um jogo em casa, lamentável, péssimo mesmo. Mas parece que foi a gota d'água, porque de lá para cá a gente conseguiu boas vitórias e está melhorando", completou.
Outro fato lembrado por Hernanes também pode ser colocado como um dos motivos para a irregularidade do clube italiano. Em crise, Massimo Moratti, então presidente da Inter, vendeu a equipe para Erik Thohir, magnata indonésio que assumiu o time em 2013.
"Também aconteceu a mudança de direção e, por isso, esse período sem conquistas. É uma fase de transição. Até a estrutura física está mudando. O presidente fez uma nova academia, mudou a entrada do CT, os campos, tudo... Realmente está sendo uma mudança completa e para melhor", continuou Hernanes.
Mesmo sem muito contato com os jogadores, Thohir, que mora na Indonésia, comparece aos jogos de maior expressão e cobra, ao seu modo, os atletas. "Sempre que pode, está aqui. Cumprimenta todo mundo, vai no vestiário... Ele aprendeu a gostar da Inter. Ele cobra com as palavras dele, não é muito duro, é sensato e consciente. Ele sabe do potencial que temos e sempre tenta mandar uma palavra de incentivo. É um momento de transição, vai chegar o momento de ele colher os frutos", disse Jonathan, que não deve participar dessa fase, já que revelou ao Terra que está de saída da Inter no final desta temporada.
Thohir, que recentemente trouxe reforços como Hernanes, Shaqiri, Podolski e Vidic, deve abrir o bolso novamente para a próxima temporada. Seu principal alvo é a estrela Yaya Touré, do Manchester City. Segundo jornais internacionais, o marfinense já aceitou o contrato e está de malas prontas para a Itália.
Por possíveis novos reforços e pelo que vê lá dentro, Hernanes confia que o time voltará a brilhar como fazia há cinco anos. "Há perspectiva (de melhora), sim, porque são jogadores de qualidade. Mas para acreditar precisa dar tempo... Qualidade temos. Um mês atrás, eu dei entrevista para o canal da Inter convidando os torcedores para rever a subida do time para se tornar um dos melhores do mundo novamente. Foi estranho, porque a gente não estava em um momento interessante, mas falei porque acredito no nosso trabalho", concluiu o ex-jogador do São Paulo.
-1ji798gzkd6ia.jpg)
-1iusrbqh8b49t.jpg)
