"Multiuso", rebaixado e piadista: conheça o homem que reergueu o Dortmund
O torcedor do Borussia Dortmund vai se lembrar bem de como estava o clube antes da chegada de Jürgen Klopp. Sem dinheiro para contratações, brigando contra o rebaixamento no Campeonato Alemão e com um time de desconhecidos, o clube vivia um dos piores momentos de sua história. Mas poucas vezes o impacto de um novo treinador foi tão grande e imediato. Klopp pode ser apontado como o grande responsável por devolver o Dortmund ao patamar de finalista da Liga dos Campeões.
Jürgen Klopp nasceu em Stuttgart, em 1967, e começou a jogar futebol com oito anos de idade. Sua estreia profissional aconteceu em 1989, pelo Mainz 05 – com 1,90 m, ele era um típico centroavante alemão da época. Mas as peculiaridades de sua carreira começaram cedo. Em 1995, já com 28 anos, ele passou a jogar também de lateral direito: um verdadeiro "multiuso". Permaneceu no Mainz até o fim da carreira, em 2001. E imediatamente assumiu como técnico da equipe, então na segunda divisão.
No comando do Mainz, Klopp começou bem. Levou o time à primeira divisão e conseguiu até vaga na Copa da Uefa de 2005/06, mas acabou rebaixado na temporada seguinte, como costuma acontecer com times pequenos que se classificam para torneios europeus. Mesmo de volta à segunda divisão, Klopp permaneceu no Mainz. Quando não conseguiu subir na temporada seguinte, porém, veio o convite que mudaria sua vida – e a do Borussia Dortmund.
Sucesso a curto prazo e estilo atraente no Borussia
Aos 41 anos, Klopp chegou ao Borussia para a temporada 2008/09 no lugar de Thomas Doll com um contrato de dois anos. As expectativas não eram grandes, mas logo de cara um bom presságio: o Dortmund venceu a Supercopa da Alemanha ao derrotar o todo-poderoso Bayern. E com um estilo vibrante e carismático, o treinador rapidamente virou sensação, com o Dortmund terminando em sexto em 2008/09, e em quinto em 2009/10.
O progresso do Borussia Dortmund era notório. Sem contratações de peso, Klopp apostou em nomes como os jovens Lewandowski, Hummels, Schmelzer e Kagawa. O time jogava um futebol de muita energia, pressionando ferozmente o adversário na marcação, e usando muita velocidade para contra-atacar quando roubava a bola. Para a equipe ficar completa, veio em 2010 a promoção de uma promessa da base: Mario Götze.
O crescimento da equipe se acelerou. Com Götze, Kagawa e o turco Nuri Sahin comandando as ações no meio-campo, o ex-time de desconhecidos do Dortmund foi campeão alemão em 2010/11. No ano seguinte, já sem Sahin e Kagawa, bicampeão, quebrando o recorde de pontos da competição (81). De quebra, veio a "dobradinha" com a conquista da Copa da Alemanha sobre o já arquirrival Bayern de Munique.
Fora do campo: piadas e farpas com o Bayern
Além do estilo vistoso e competitivo que esmagou o Real Madrid no jogo de ida das semifinais da Liga dos Campeões, Klopp também se notabilizou pelo bom humor fora dos campos. O técnico é famoso pelas piadas durante entrevistas, como quando disse que "não poderia encolher 15 cm" para Götze ficar no Borussia – em referência a Guardiola, que treinará seu pupilo no Bayern na próxima temporada.
O Bayern, aliás, é alvo preferido de Klopp para trocar farpas. O treinador já acusou a equipe de Munique de "copiar" seu sistema e sua marcação por pressão, e recentemente criticou a vantagem financeira do rival no mercado, comparando-o a um "vilão de James Bond". Se na temporada passada o jovem time do Borussia e fracassou na primeira fase da Liga dos Campeões, desta vez Klopp terá a chance da glória – e justamente contra o principal inimigo.