As oitavas de final da Liga Europa, que terão transmissão ao vivo pelo Terra, prometem nesta quinta-feira. Principalmente o confronto envolvendo Fiorentina e Juventus, dois rivais históricos que voltam a se enfrentar em uma competição continental. O clássico é tratado do lado de Florença como se fosse de vida ou morte, em jogo que a cada temporada ganha contornos tão importantes quanto os de um título para os torcedores do clube. Mas por que tanta rivalidade com a equipe de Turim, se os dois times têm tradições tão diferentes e sequer na mesma cidade ficam?
A partida desta quinta, marcada para o Juventus Stadium - antigo Estádio delle Alpi, é uma reedição da partida do último domingo pelo Campeonato Italiano vencida pela equipe de Turim por 1 a 0 em casa. Só que, apesar de a equipe do técnico Antonio Conte liderar com folga a Série A, não terá vida fácil contra a velha rival de Florença, nesta temporada treinada por Vincenzo Montella. A seguir, desde acusações de máfia em 82 a humor negro e polêmica com Baggio, o Terra lista os principais motivos que transformam essa rivalidade em ódio por parte dos torcedores da Fiorentina e da própria Juventus.
Confira as razões que transformam Fiorentina x Juventus em um dos principais clássicos do futebol italiano:
Presença de torcida da Juve em Florença - É comum que grandes times vejam seus "vizinhos" municipais como arquirrivais. Cruzeiro e Atlético-MG, em Belo Horizonte, são um exemplo disso. Grêmio e Inter, em Porto Alegre, Boca Juniors e River Plate, em Buenos Aires, Milan e Internazionale, em Milão, Roma e Lazio, em Roma, são outros. Não é o caso de Fiorentina x Juventus. Sem rivais locais à altura, a briga dos fãs da Fiorentina começou cedo, também pela presença maciça de torcedores do time de Turim em Florença. É mais ou menos como acontece em Santos, onde a torcida do arquirrival Corinthians rivaliza em número com a santista.
Campeonato Italiano de 1968/69 - O começo da rivalidade veio da década de 60, mais precisamente da disputa do título italiano da temporada 1968/69. A equipe de Florença liderou todo o torneio e precisava vencer o rival na penúltima rodada, em Turim, para confirmar a segunda taça de sua história. A torcida alvinegra fez barulho durante a noite para evitar o sono do time dirigido por Bruno Pesaola. E, após um primeiro tempo ruim, o clube visitante parecia acuado com a festa dos rivais. Mas, com gols de Chiarugi e Maraschi, venceu na etapa complementar e foi campeão.
Campeonato Italiano de 1981/82 - Treze anos depois do título da Fiorentina, a rivalidade com a Juventus ganhou seu maior capítulo. Era ano de Copa do Mundo na Espanha, 1982, e a seleção italiana tinha o time de Turim como base. Juventus e Fiorentina disputavam ponto a ponto o título e chegaram à 30ª e última partida da Série A empatados com 44. E, caso os dois rivais continuassem assim após a rodada derradeira, uma partida extra teria de ser realizada na semana seguinte, que seria justamente a data marcada para a seleção italiana viajar à Espanha para a disputa do Mundial.
Aí aconteceu o inesperado: primeiro, em Catanzaro, o árbitro deu um pênalti inexistente para a Juventus, aos 30min do segundo tempo. Brady fez 1 a 0, no que era o gol da taça. Contudo, cinco minutos depois, em Cagliari, a Fiorentina balançou as redes da equipe da casa, mas viu o tento legítimo de Graziani ser anulado pela arbitragem. O torneio acabou em briga judicial, que não deu em nada. Só levantou teorias da conspiração e insinuações de máfia vindas do clube de Florença, que jamais engoliu aqueles minutos finais da temporada 1981/82.
Provocação da torcida da Fiorentina em 1985 - Ainda revoltada pelo torneio de 1982, a torcida da Fiorentina passou a odiar a Juventus mais do que a qualquer outro adversário. E, em 1985, quando o rival de Turim disputou a final da Liga dos Campeões da Uefa contra o Liverpool, um horrível acidente ocorreu nas arquibancadas e matou 39 fãs do time italiano. Foi o suficiente para os adeptos de Florença estenderem uma faixa de terrível humor negro na Curva Fiesole, onde ficam as organizadas, ofendendo os mortos na tragédia.
Copa da Uefa de 1990 e transferência de Baggio para Juventus - O meia Roberto Baggio era o "menino de ouro" da Fiorentina. De promessa a ídolo após os 35 gols - muitos deles antológicos - em 30 jogos entre 1987 e 88, o camisa 10 carregou a equipe à decisão da Copa da Uefa dois anos depois, justamente contra a arquirrival Juventus. Mas o clube de Turim tinha uma carta na manga: Baggio já estava contratado para a temporada seguinte. Assim, pressionado, nada fez nos dois jogos da decisão, vencida pelo time alvinegro por 3 a 1 no placar agregado. O incidente causou a ira dos fãs da Viola, que foram às ruas.
Em protesto, os adeptos destruíram carros, lojas e monumentos em Florença, deixando centenas de feridos nos tumultos. Os dirigentes passaram a ser ameaçados - a família Pondella teve até que vender o clube. Baggio, que não queria ir embora, chegou à Juventus sob revolta dos torcedores alvinegros. No primeiro confronto contra o ex-clube, o camisa 10 ainda se recusou a bater um pênalti, desperdiçado por outro atleta, pegou um cachecol da Fiorentina do chão e beijou, em lágrimas, após a derrota da Juventus por 1 a 0. Foi aplaudido por fiorentinos e quase linchado por torinos. Mas daria a volta por cima com muitos títulos.
As oitavas de final da Liga Europa prometem nesta quinta-feira. Principalmente o confronto envolvendo Fiorentina e Juventus, dois rivais históricos que voltam a se enfrentar em uma competição continental. A rivalidade entre os dois clubes é tanta que beira até ao ódio em Florença, onde a torcida local não tolera o "inimigo" de Turim principalmente desde os anos 80. Veja, a seguir, algumas razões:
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A briga dos fãs da Viola começou cedo, também pela presença maciça de torcedores do time de Turim em Florença. Uma das faixas da torcida da Juventus acima diz: "Firenze Bianconeri" (Florença Alvinegra), em referência ao bom número de fãs da Juventus na terra da Fiorentina
Foto: Getty Images
O começo da rivalidade veio da década de 60, mais precisamente da disputa do título Italiano da temporada 1968/69. A equipe de Florença liderou todo o torneio e precisava vencer o rival na penúltima rodada, em Turim, para confirmar a segunda taça de sua história. A torcida alvinegra fez barulho durante a noite para evitar o sono do time dirigido por Bruno Pesaola. E, após um primeiro tempo ruim, o clube visitante parecia acuado com a festa dos rivais. Mas, com gols de Chiarugi e Maraschi, venceu na etapa complementar e foi campeão. Na foto, excursão da Viola aos EUA em 1969, após o título nacional
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Na foto, Juventus e Fiorentina se encaram em 1982, treze anos depois do título da Viola. Foi quando a rivalidade ganhou seu maior capítulo. Era ano de Copa do Mundo na Espanha, e a seleção italiana tinha o time de Turim como base. Juventus e Fiorentina disputavam ponto a ponto o título e chegaram à 30ª e última partida da Série A empatados com 44. E, caso os dois rivais continuassem assim após a rodada derradeira, uma partida extra teria de ser realizada na semana seguinte, que seria justamente a data marcada para a seleção italiana viajar à Espanha para a disputa do Mundial
Foto: AP
Aí aconteceu o inesperado: primeiro, em Catanzaro, o árbitro dá um pênalti inexistente para a Juventus, aos 30min do segundo tempo. Brady faz 1 a 0, no que era o gol da taça. Contudo, cinco minutos depois, em Cagliari, a Fiorentina balançou as redes da equipe da casa, mas viu o tento legítimo de Graziani ser anulado pela arbitragem. O torneio acabou em briga judicial, que não deu em nada. Só levantou teorias da conspiração e insinuações de máfia vindas do clube de Florença, que jamais engoliu aqueles minutos finais da temporada 1981/82. Até hoje, o que os torcedores da Fiorentina sentem pela Juventus é ódio, como nesta foto durante clássico em 2013
Foto: Getty Images
Ainda revoltada pelo torneio de 1982, a torcida da Fiorentina passa a odiar a Juventus mais do que a qualquer outro adversário. E, em 1985, quando o rival de Turim disputa a final da Liga dos Campeões da Uefa contra o Liverpool, um horrível acidente ocorre nas arquibancadas e mata 39 fãs do time italiano (foto). Foi o suficiente para os adeptos de Florença estenderem uma faixa de terrível humor negro na Curva Fiesole, onde ficam as organizadas, ofendendo os mortos na tragédia
Foto: Getty Images
Anos depois, mais um capítulo marcante para a rivalidade. O meia Roberto Baggio era o "menino de ouro" da Fiorentina. De promessa a ídolo após os 35 gols - muitos deles antológicos - em 30 jogos entre 1987 e 88, o camisa 10 carregou a Fiorentina à decisão da Copa da Uefa dois anos depois, justamente contra a arquirrival Juventus. Mas o clube de Turim tinha uma carta na manga: Baggio já estava contratado para a temporada seguinte
Foto: Getty Images
Assim, pressionado, nada fez nos dois jogos da decisão, vencida pelo time alvinegro por 3 a 1 no placar agregado. O incidente causou a ira dos fãs da Viola, que foram às ruas. Na foto, Sergei Aleinikou ergue troféu vencido pela Juventus na Copa da Uefa de 1989/90, no que foi o jogo mais importante da história da Fiorentina e acabou perdido justamente para o arquirrival do time de Florença
Foto: Getty Images
Em protesto, os adeptos destruíram carros, lojas e monumentos em Florença, deixando centenas de feridos nos tumultos. Os dirigentes passaram a ser ameaçados - a família Pondella teve até que vender o clube. Baggio, que não queria ir embora, chegou à Juventus sob revolta dos torcedores alvinegros
Foto: Getty Images
No primeiro confronto contra o ex-clube, o camisa 10 ainda se recusou a bater um pênalti, desperdiçado por outro atleta, pegou um cachecol da Fiorentina do chão e beijou, em lágrimas, após a derrota da Juve por 1 a 0. Foi aplaudido por fiorentinos e quase linchado por torinos. Mas daria a volta por cima com muitos títulos. Na foto, Salvatore Schillaci ergue a taça da Copa da Uefa de 1989/90, troféu que causou ira da Fiorentina e foi o adeus de Baggio