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Futebol Internacional

Pioneiro, Brandão diz que Ucrânia é boa para ganhar dinheiro

28 ago 2009 - 13h20
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Dassler Marques

Um frio de trincar os ossos. Um idioma de enrolar a língua de qualquer latino. Um futebol duro e altamente competitivo, normalmente disputado em gramados cobertos de neve. Pior: nenhum compatriota para gritar "ladrão", "aqui" ou qualquer expressão comum de campo.

Foi esse cenário que Brandão encontrou em 2002, quando foi o primeiro jogador brasileiro a defender um time da Ucrânia, e que deixou em janeiro, ao se transferir sete anos depois, vendido para o Olympique de Marselha, clube mais popular da França.

Em entrevista ao Terra, Brandão, 29 anos, conta como foram os tempos frios e duros de Ucrânia. Para ele, tempos vitoriosos: ao contrário de jogadores que sentem saudade do arroz com feijão e retornam para o Brasil no primeiro voo de volta, o atacante artilheiro da Copa Libertadores, em 2002, se firmou por lá.

Brandão fala também, naturalmente, sobre as expectativas para a primeira temporada completa a serviço do Olympique de Marselha, já que chegou em janeiro, sendo vice-campeão francês logo de cara. Por fim, conta quais clubes brasileiros o procuraram no começo do ano, quando esteve perto de voltar ao Brasil.

Confira a entrevista de Brandão na íntegra:

Terra - Atuando em um clube tradicional da Europa, você sente que é a hora de recuperar o tempo perdido, já que sempre esteve escondido no Shakhtar, na Ucrânia?

Brandão - É isso mesmo. Fui tricampeão ucraniano, artilheiro, mas fiquei feliz em me transferir para a França. Agora é recuperar esse tempo, porque aqui é bem melhor. Tenho meus sonhos e espero um dia participar da Seleção Brasileira.

Terra - Aparentemente, o ataque ainda tem vagas em aberto na Seleção. Será que dá pra você?

Brandão - Acho que cabe ao Dunga avaliar. Ele tem o grupo fechado e tudo para ser campeão.

Terra - Agora que o império do Lyon caiu após sete anos, como está a expectativa do Marseille para essa temporada?

Brandão - O clube fez um bom investimento, tem jogadores de qualidade e a meta é ser campeão francês e ir longe na Liga dos Campeões. Vamos dar o máximo para conseguir 100% aproveitamento nisso. Queremos muito quebrar o jejum de 12 anos.

Terra - Aliás, o Olympique é um dos mais agitados clubes franceses e tem pressão, algo incomum na França. Como é defendê-lo?

Brandão - Cobram mesmo. É como jogar no Corinthians e no Flamengo. Mas é muito bom sentir isso. O Olympique tem uma torcida maravilhosa, sem explicação, que empurra mesmo durante os 90 minutos.

Terra - Bem diferente do São Caetano, não é?

Brandão - Completamente diferente (risos). A torcida aqui na França acompanha os treinos, que estão sempre lotados. Também é diferente da Ucrânia, em que éramos mais privados.

Terra - Como tem sido trabalhar com o seu treinador, Didier Deschamps, equivalente ao Dunga para os franceses?

Brandão - Ele é super respeitado, até porque jogou no Olympique e agora é um bom treinador. Ele chama muito o grupo e por isso que está tendo resultados.

Terra - Que conselho você daria a um jogador brasileiro que tem oferta para atuar na Ucrânia?

Brandão - Aconselho a pedir a orientação da família. Hoje em dia o Leste Europeu é uma boa para ganhar dinheiro. Cabe a cada um ver a necessidade de ir ou não. Na dúvida, aconselho a ir sim, jogar dois ou três anos e ir para outra equipe europeia ou até voltar para o Brasil. Pensei em ir pra lá para vencer. Com meta.

Terra - Falam muito sobre o presidente do Shakhtar, o Rinat Akhmeto, e você viveu lá um bom tempo. O que pode nos contar?

Brandão - Ele é um multi-milionário. Gosta do time, dos brasileiros, e é uma boa pessoa. Me liberou para o Olympique. Acho que vão chegar longe.

Terra - Ele segura muito os jogadores e raramente aceita emprestar os brasileiros para retornar. Por quê?

Brandão - Tem essa dificuldade mesmo. Porque quando você vende, quebra a estrutura. É por isso que eles seguram e o jogador só sai quando é vendido. Não é negócio emprestar.

Terra - Qual a maior dificuldade em jogar na Ucrânia?

Brandão - O principal para mim foi a língua, porque não tinha nenhum brasileiro por lá. Muito frio também. Mas botei na cabeça que ia vencer e que a partir daquele momento viriam coisas boas para mim. E chegaram mais brasileiros depois e fiquei feliz quando ganharam a Copa da Uefa (em maio, quando já estava na França). Foi um sonho para mim.

Terra - Você abriu portas para os brasileiros na Ucrânia?

Brandão - Fui o pioneiro mesmo. Hoje outros clubes contratam também, como o Dínamo de Kiev e Metalurh Donetsk. O problema é mesmo falta de divulgação.

Terra - Por isso que você quase retornou ao Brasil no começo do ano? Quais clubes que te procuraram?

Brandão - Foi pela visibilidade, para tentar jogar na Seleção. Só que o presidente do Shakhtar não queria me liberar por empréstimo, porque eu falava a língua, estava adaptado. Acabei sendo vendido para o Marseille e estou feliz. Fui procurado por Fluminense, Santos, Corinthians e Palmeiras, que foi o que fiquei mais próximo.

Brandão agora defende o Olympique Marseille, na França
Brandão agora defende o Olympique Marseille, na França
Foto: AFP
Fonte: Redação Terra
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