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Futebol Internacional

Sul-coreano revela acordos corruptos de Havelange na Fifa

6 out 2015 - 10h51
(atualizado às 12h29)
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Acusado de comprar votos para a candidatura da Coreia do Sul para a Copa de 2022, o magnata Chung Mong Joon corre o risco de não conseguir se eleger para a presidência da Fifa nas eleições de fevereiro de 2016. Um dos principais nomes na corrida presidencial da entidade, Chung pode receber 19 anos de suspensão pelos 700 milhões de dólares oferecidos a pessoas que tinham o poder de escolha da sede da Copa do Mundo.

Ciente dessa possibilidade, o bilionário sul-coreano e um dos maiores acionistas da Hyundai decidiu trazer à tona alguns detalhes sobre casos de corrupção na época em que foi vice-presidente da Fifa, a partir de 1994, e braço direito do brasileiro João Havelange. Segundo o Estado, além de ajudar a presidir a entidade máxima do futebol, ele foi colocado como membro do Comitê de Mídia da Fifa, mas logo se frustrou com as tarefas que eram realizadas lá dentro.

“Eu achava que o comitê iria lidar com assuntos importantes relacionados à transmissão e aos direitos de patrocínio, mas tudo o que falávamos era se iríamos servir comida fria ou quente aos convidados. Eu acabei renunciando diante de tanta frustração”, disse.

Ex-vice da Fifa, Chung Mong-Joon será candidato à presidência da entidade
Ex-vice da Fifa, Chung Mong-Joon será candidato à presidência da entidade
Foto: Chung Sung-Jun / Getty Images

Para Chung Mong Joon, enquanto João Havelange presidia a Fifa, os contratos de direitos de transmissão das Copas do Mundo estavam sendo subvalorizados e em 1995, em Seul, acabou fazendo um discurso pedindo mais transparência nas negociações referentes a questões como essa, o que aborreceu o presidente brasileiro.

“Não há dúvidas de que a Copa é uma proposta atrativa para a televisão. De fato, existem argumentos que apontam que ela é muito mais popular que os Jogos Olímpicos para a audiência na TV. Apesar disso, as vendas de direitos de TV da Copa nunca atingiram os níveis de renda realizados pelos Jogos Olímpicos”, contestou em 1995.

Há 20 anos, o sul-coreano sugeriu mudanças na forma de conduzir as negociações dos contratos de direito de transmissão da Copa do Mundo, justamente para que a Fifa pudesse arrecadar mais dinheiro. Essas questões eram cuidadas por um grupo pequeno de pessoas e sem revelar detalhes aos demais. Chung acredita que o Comitê de Mídia deveria participar do processo de negociações.

“O Comitê de Mídia da Fifa deveria estar envolvido no processo para garantir que todas as necessidades dos meios sejam consideradas e tenham uma cobertura adequada. O Comitê Financeiro deveria garantir orientação sobre as condições fiscais, enquanto o Comitê Executivo deveria ser o órgão máximo de marketing e contratos de direitos de TV. Dessa forma, os interesses dos jogadores, torcedores, patrocinadores e dirigentes seriam protegidos e contribuíram para o desenvolvimento do jogo. Uma maior transparência é essencial porque a Copa tem sido financeiramente subvalorizada”, revelou.

Após suas declarações, João Havelange ficou furioso em uma reunião realizada em Paris e na qual o sul-coreano estava presente. Ele chegou a esmurrar a mesa, impedindo que os tradutores simultâneos conseguissem identificar o que o brasileiro esbravejava. Anos depois, ele conta que Joseph Blatter descobriu um depósito de uma empresa chamada ISL para a conta de Havelange no valor de 50 milhões de dólares, mas sem contestar sobre ao que se referia apenas retornou o cheque.  Chung Mong Joon também revelou que Ricardo Teixeira era um dos beneficiados com os acordos corruptos envolvendo a empresa e Havelange nos direitos de transmissão de competições da Fifa.

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