Jogo da Portuguesa Santista atrai "esquecidos de Barcelona" e surpresas
A partida entre Portuguesa Santista e Tanabi, na noite desta quarta-feira, deveria ter sido somente mais um jogo pela segunda fase da quarta divisão do Campeonato Paulista. Foi, no entanto, a primeira vez que o clube da Baixada Santista atuou à noite após quase dois anos, devido a problemas de iluminação do Estádio Ulrico Mursa. Foi também a primeira vez que a equipe foi a "protagonista" na cidade, nos últimos anos, já que o Santos está em Barcelona para a disputa do Troféu Joan Gamper diante da nova equipe de Neymar, na sexta.
O jogo incomum atraiu as arquibancadas, coincidentemente, alguns dos jovens campeões da última Copa São Paulo não relacionados para a viagem pelo técnico interino do Santos, Claudinei Oliveira, e terminou com surpreendente vitória por 2 a 1 do clube do interior paulista, que precisou superar viagem de nove horas de ônibus e contar com a ajuda de colaboradores para fazer as últimas refeições antes da partida.
"O Claudinei conversou com a gente (que não foi), disse que a prioridade era o time que estava atuando. Entendemos por isso. Dá vontade de estar lá, mas tudo tem o seu tempo", explicou Lucas Otávio, volante santista presente no estádio.
O meio-campista santista disse que sonhava encontrar com Messi e companhia e que mantém contato com os jogadores que na Espanha vivem realidade oposta as dificuldades encontradas pela Portuguesa Santista e o seu adversário.
Com acordos de patrocínios para jogar somente na primeira fase da competição, o Tanabi precisou recorrer à prefeitura local para conseguir combustível para realizar a viagem para Santos e contou com a ajuda de "conselheiros colaboradores", como se auto denominam, para pagar duas refeições para os atletas, realizadas em padarias da cidade.
"Nosso patrocínio acabou na primeira fase, mas temos colaboradores que amam o clube a nos ajudam. Eles levam até os jogadores ao médico, se precisarem. Peguei o clube inativo, sem um par de meias, e hoje disputamos todas as categorias, desde o sub-11, com avanços no profissional", argumentou o presidente Irineu Alves. "E o salário não atrasa", disse um dos colaboradores.
A partida foi amplamente dominada pela Portuguesa, quase única a atacar nos primeiros 45 minutos, mas os dois gols feitos pelo Tanabi - após cobrança de falta e em um pênalti - garantiram a vantagem necessária ao clube do interior no segundo tempo. O esboço de reação da equipe santista, no fim, não foi suficiente.
Após a partida, houve pressão da torcida local a arbitragem pela não marcação de possíveis pênaltis e cobrança de "garra" ao elenco. Enquanto o Santos aguarda o Barcelona, a Portuguesa Santista ainda vive dias difíceis, e noites atípicas, em busca do sonho de volta à elite.
