A seguir, confira tudo que aconteceu desde então: a impunidade, pois não há presos, a dor da família Espada, as promessas que não foram cumpridas, os problemas criados pelos torcedores corintianos após a liberdade e ainda a queda livre do Corinthians desde então. - KEVIN-ORURO: IMPUNIDADE, DOR DA FAMÍLIA ESPADA E CORINTHIANS APÓS UM ANO Há um ano, quando Paolo Guerrero fez o primeiro gol do Corinthians na Copa Libertadores, a vida de Kevin Espada se perdeu. Morador de Cochabamba, o menino de 14 anos havia sido autorizado pelos pais, Limbert e Carola, a viajar até Oruro para ver os campeões mundiais de perto. Fã de futebol, mas filho de família pobre, Kevin não poderia ir até o Brasil ver a Copa do Mundo como sonhava. Pelos olhos de Kevin, quando Guerrero marcou, um sinalizador disparado por torcedores corintianos entrou e tirou sua vida. A seguir, confira tudo que aconteceu desde então: a impunidade, pois não há presos, a dor da família Espada, as promessas que não foram cumpridas, os problemas criados pelos torcedores corintianos após a liberdade e ainda a queda livre do Corinthians desde então. - ENTREVISTA EXCLUSIVA - PAI DE KEVIN Limbert Beltrán, pai de Kevin Espada, concedeu entrevista exclusiva ao Terra. Confira aqui suas melhores respostas, ou leia as entrevistas na íntegra nos links abaixo. Terra - A dor da perda de Kevin jamais vai passar. Mas como sua família tem levado a vida nos últimos meses? Limbert Beltrán - Para nós, como família, a dor não passou. Todavia, estamos com as sequelas de meu filhinho. Nos custa recuperar, estamos em processo de reconstrução familiar. Temos outros filhos, e temos que dar o carinho a eles. Depois que os 12 torcedores foram liberados, de certa forma, se permitiu que encontremos o rumo na nossa vida. Terra - Como os irmãos em especial lidam com a ausência do mais velho? Limbert - Como disse a você, nossa família tenta se reencontrar. Nosso carinho hoje está para os irmãos de Kevin. Eles são muito pequenos, sentiram bastante a perda do irmão. Tenho problemas com Jhojan (agora o mais velho, com 10 anos), que mudou seu caráter. Ele está mais calado, não nos conta os sentimentos que têm. Terra - Qual o sentimento que o senhor tem em relação à CBF? A renda prometida do amistoso com a Bolívia não chegou. Limbert - Reitero que o senhor Marin, com todo o respeito que merece, se deixou levar pela emoção, pelos sentimentos, e prometeu algo que nunca cumpriu. As provas disso você tem que, nos meios de comunicação, ele diante as pessoas, do auditório, se levantou e disse claro que levaria a Seleção para uma partida em solidariedade da família do defunto, meu filho. E não foi cumprido. Drama da família de Kevin tem mudança de caráter e pavor de fogos https://esportes.terra.com.br/futebol/libertadores/drama-da-familia-de-kevin-tem-mudanca-de-carater-e-pavor-de-fogos,d157f869a4a44410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html Pai de Kevin: Corinthians e CBF mercantilizaram o meu filho https://esportes.terra.com.br/corinthians/pai-de-kevin-corinthians-e-cbf-mercantilizaram-o-meu-filho,e69fe4acd4b44410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html TEXTO A PREENCHER Crédito da foto: Gazeta Press ABA 3 - IMPUNIDADE (se possível, as duas fotos, mas se não for possível apenas a que aparece os familiares). Na prática, as ações da justiça boliviana não trouxeram efeito. Cinco torcedores ficaram presos por cinco meses e outros sete foram detidos por três meses e meio na Penitenciária San Pedro, em Oruro. As investigações persistem depois de um ano e são conduzidas na Bolívia, mas as possibilidades reais de um culpado ser encontrado se concentram no menor que assumiu a autoria do disparo. A justiça brasileira já arquivou o caso. Crédito da foto: EFE ABA 4 - PROMESSAS E DECEPÇÕES Realizado em abril, o amistoso entre Brasil x Bolívia teria renda total destinada à família de Kevin Espada. O anúncio foi feito por José Maria Marin, presidente da CBF, em programa no canal Bandsports. Disse Marin na ocasião: "a seleção irá jogar na Bolívia, graciosamente, com renda total para a família do menor. A melhor maneira de prestar solidariedade à família". O mando do jogo, porém, era da Federação Boliviana, que jamais fez a promessa. No fim das contas, a família recebeu 3% da renda de aproximadamente R$ 1 milhão. O Corinthians, por sua vez, ofereceu US$ 200 mil como espécie de recompensa à família, que inicialmente não aceitou os valores. Meses depois, os pais de Kevin voltaram atrás e procuraram o clube, mas não foram atendidos como esperavam. A direção corintiana alegou dificuldades financeiras e doou US$ 50 mil. Já a Conmebol recebeu US$ 200 mil do mesmo Corinthians e outros US$ 10 mil do San José em multas pelo acidente, mas não repassou nada aos Espada. Crédito da foto: Rafael Ribeiro / CBF ABA 5 - 12 PRESOS DE ORURO (abrir com foto torcedores3_rt) Pelo menos metade dos torcedores presos de Oruro se envolveram em episódios violentos desde a liberdade. Um deles, Raphael Machado Castilho Araújo, atirou contra policiais, praticou assalto e segue preso até os dias de hoje em Feira de Santana, na Bahia. Quatro dos corintianos também estavam em Brasília, onde uma confusão generalizada com torcedores vascaínos causou pânico nos presentes ao Estádio Mané Garrincha e custou o mando de quatro jogos do Campeonato Brasileiro ao Corinthians. Crédito da foto: Reuters ABA 6 - CRIME E DISTÚRBIOS DESDE A LIBERDADE Cleuter Barreto Barros - 25 anos Também estava na briga com vascaínos no Estádio Mané Garrincha (na foto torcedores3_rt, está bem no canto esquerdo inferior da foto. Camisa que veste tem a "inscrição campeão mundial") Crédito da foto: Reuters Raphael Machado Castilho Araújo - 19 anos Depois de libertado, Raphael se mudou para a Bahia e foi morar com o avô em Feira de Santana, na Bahia. Segundo disse em entrevista ao jornal Bom Dia Feira, estava sem dinheiro e resolveu praticar um assalto para pagar o aluguel, mas foi surpreendido pela Polícia Militar, Abordado, atirou nos policiais, mas acabou ferido no braço, pernas e costelas. Está detido até hoje. (foto tem seu nome RaphaelMachadoCastilhoAraújo) Crédito da foto: Reuters Tiago Aurélio dos Santos Ferreira Estava entre os mais de 100 torcedores que invadiram o Centro de Treinamento para protestar após clássico com o Santos. Foi reconhecido pelo médico Joaquim Grava. (na foto torcedores2_rt, está à direita) Crédito da foto: Reuters Fábio Neves Domingos Presidente da Pavilhão 9, trabalhava como vendedor de frutas. Estava na briga com torcedores do Vasco em Brasília (na foto presos_afp, está de maõs cruzadas e blusa listrada) Crédito da foto: AFP Leandro Silva de Oliveira Além de também participar da briga com vascaínos em Brasília, foi ao jogo contra o Grêmio, pela Copa do Brasil, em Porto Alegre. Na ocasião, estava proibido judicialmente de frequentar os estádios. (na foto torcedores2_rt, está à esquerda) Crédito da foto: Reuters Hugo Nonato Era um dos torcedores que estavam em Brasília em briga com os vascaínos, mas as imagens encontradas não identificaram sua presença (na foto torcedores2_rt, está ao centro) Crédito da foto: Reuters ABA 7 - RÉU CONFESSO JÁ É DE MAIOR De acordo com o Estado de S. Paulo, seu nome é Helder e hoje trabalha em uma grande rede de cinemas em São Paulo. Há um ano, porém, era apenas o menor que assumiu a autoria do disparo de um sinalizador que custou a vida de Kevin Espada. Na ocasião, ele se apresentou às autoridades, mas o caso foi arquivado seis meses depois pela justiça brasileira. Como tinha 17 anos quando o crime foi praticado, ele não pode ser extraditado para responder o processo na Bolívia. A justiça boliviana hoje comanda as investigações e Helder acompanha o caso, já agora com 18 anos, apreensivo. Crédito da foto: Bruno Santos / Terra ABA 8 CORINTHIANS DESPENCOU DESDE ENTÃO (foto: despencou_afp) Então campeão mundial, o Corinthians abriu o placar contra o San José, em Oruro, aos 5min de jogo no fatídico 20 de fevereiro. O gol de Paolo Guerrero marcou o início de uma queda significativa da equipe corintiana. Passados os primeiros dias, o Corinthians até se recuperou na Copa Libertadores, mas saiu prematuramente nas oitavas de final com uma atuação pífia em La Bombonera, contra o Boca Juniors, e prejudicado pela arbitragem do paraguaio Carlos Amarilla. Nem mesmo as conquistas do Paulista e da Recopa sobre dois rivais mudaram a sensação de que o grande time de Tite ficou em Yokohama, onde venceu o Mundial de Clubes. O segundo semestre, em especial, marcou a queda do Corinthians definitivamente. Já sem Paulinho, o campeão mundial agonizou no Campeonato Brasileiro, fechou a Copa do Brasil de maneira melancólica e deu adeus emocionado a Tite em dezembro. Com a volta de Mano Menezes, o Campeonato Paulista logo se mostrou um problema e a goleada por 5 a 1 para o Santos fechou o ciclo de jogadores como Paulo André, Edenílson, Douglas, Alexandre Pato e Ibson, os três primeiros vencedores no Japão. O relacionamento com suas torcidas organizadas ajuda a explicar as grandes derrotas do Corinthians. Foi um membro da Gaviões da Fiel, segundo confissão dele próprio, o responsável pelo lançamento do artefato que gerou a morte de Kevin Espada. Dois episódios graves ocorreram na sequência motivados por membros das organizadas: um quebra-quebra com a torcida do Vasco, em Brasília, que custou quatro mandos de campo, e ainda a invasão de mais de 100 torcedores ao treinamento do clube. Crédito da foto: AFP - PREJUÍZO FINANCEIRO Um jogo de portões fechados contra o Millonarios-COL, com a presença apenas de seis torcedores que foram à justiça, custou mais de R$ 2 milhões ao Corinthians na última Copa Libertadores. O valor corresponde à renda média que o clube teve em outros jogos da competição. Além disso, também foi pago cerca de R$ 400 mil em multa para a Conmebol pelo mesmo Corinthians. Mandante do jogo em que Kevin Espada morreu, o San José-BOL pagou mais R$ 20 mil à entidade. Crédito da foto: Ricardo Matsukawa / Terra mais especiais de esportes