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Libertadores

Evair tem grandes lembranças de 99 e duvida de novo título

16 jun 2009 - 08h04
(atualizado às 08h31)
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Dassler Marques

Aos 34 anos, Evair Aparecido Paulino já era um dos mais experientes do elenco do Palmeiras em 1999. Apesar de reserva naquele momento, o principal ídolo do clube ao longo da década, com justiça, teve a oportunidade de cobrar o pênalti na decisão da Copa Libertadores, contra o Deportivo Cali. Converteu, como era de seu feitio, mas foi expulso logo depois.

A mistura dessas emoções na cabeça do ídolo e de todos os palmeirenses completa, nesta terça-feira, exatamente 10 anos. Foi em 16 de junho de 1999 que o Palmeiras conquistou o título mais expressivo de sua história, ainda que Evair considere o Paulista de 93, pelo fim do jejum de 17 anos sem títulos, como o mais importante para ele.

Nesta entrevista concedida com exclusividade ao Terra, Evair fala sobre a conquista da América, ratificada há uma década. Diz que o desempenho de Marcos, melhor jogador da competição, foi uma surpresa para todos. E faz uma previsão nem tão otimista para 2009: acha difícil repetir a conquista com o atual elenco.

Confira a entrevista com Evair na íntegra:

Terra - Quais as lembranças positivas que você tem daquela conquista?

Evair - O título mais importante para mim foi o Paulista de 93. Mas foi marcante, sim, muito importante. Foi até mais difícil.

Agora, as lembranças que tenho são muitas. Lembro do jogo contra o River Plate, na Argentina, que eu não joguei e acompanhei pela televisão. Vi o tanto de gols que eles erraram e o Marcos fez grandes defesas, se destacou muito. Além dos jogos contra o Corinthians, recordo muito do Vasco, que conseguiu um empate aqui em São Paulo e foi para lá com uma certa vantagem. Enfim, as recordações são inúmeras.

Terra - O que sentiu antes e depois de bater o pênalti na decisão contra o Deportivo Cali na decisão?

Evair - Era um sentimento de obrigação, de fazer o gol. E depois, de pegar a bola o mais rápido possível, porque precisávamos vencer acima de dois gols para evitar a disputa por pênaltis.

Terra - E o cartão vermelho, te deixou muito apreensivo?

Evair - Ficou um desespero muito grande. Já tinha ansiedade quando estava em campo, e por isso errávamos muito. E aí, depois piorou, não podia mais fazer nada pelo time.

Terra - E depois quando ganhou, deu aquele alívio, não?

Evair - Sim (risos). Quando ganhou foi uma alegria só e eu acompanhei pelo vestiário, ouvindo o grito dos torcedores na disputa por pênaltis.

Terra - Se diz que aquele elenco do Palmeiras era rachado. O que há de verdade nisso?

Evair - Acho que era tudo normal, coisas assim do cotidiano de um clube grande, em que às vezes coisas pequenas tomam uma dimensão maior. A maioria dos jogadores tinha um bom relacionamento, eram muitos jogadores experientes, conscientes, profissionais, e que sabiam o que queriam.

Terra - Profissionalismo talvez fosse a tônica do grupo, então?

Evair - Sim! Esse é o princípio de tudo o que acredito. Você pode até não ter um time unido, mas precisa ser profissional ao extremo.

Terra - E como o Felipão administrava tudo aquilo?

Evair - Tinha um modo particular de tratar todos e era bem aceito. Liderava um grupo com jogadores experientes, de caráter, e sabia fazer com que se cumprisse o que ele pedia. Por isso, tínhamos êxito nos torneios.

Terra - Como você compararia Luxemburgo e Felipão?

Evair - São características bem diferentes no trato dos jogadores, mas são parecidos em outros aspectos, principalmente na parte motivacional.

São dois que trabalham muito a parte psicológica. O Luxemburgo até trabalha mais na parte tática, mas são dois muito competentes e que sabem tirar do grupo o que for preciso para vencer.

Terra - O Marcos foi o grande jogador do time na competição. Vocês já tinham total confiança nele ou a perda do Velloso foi um baque muito grande?

Evair - Realmente foi uma surpresa o Marcos pegar aquilo tudo. Ele foi muito bem, ganhou a confiança de todos, então chegou a esse estágio com méritos. Mas sempre foi diferenciado, era difícil de fazer gols nele.

Terra - Você acha que esse time de agora pode repetir o feito do de 99?

Evair - Acho muito difícil. É um grupo jovem e muitos estão disputando a primeira Libertadores. Experiência conta nesse momento e o Palmeiras decide fora de casa em um campo muito ruim, que é o do Centenário.

Um campo daquele deveria ser proibido e isso vai prejudicar o contra-ataque do Palmeiras. São muitos jogadores jovens, técnicos e velozes.

Terra - Te comparam ao Keirrison. O que há de parecido e o que há de diferente?

Evair - Tem muita coisa parecida, sim. Ele é um jogador que tem boa visão de gol e quando sai de frente para o goleiro, procura erguer a cabeça. É um jogador de posicionamento de área, como eu era no começo de carreira, e sabe fazer uma parede, servir os companheiros. Então tem muitas semelhanças, sim.

A questão é de tempo, que é o que pode prejudicá-lo. Passei quatro ou cinco anos no Palmeiras e ele dificilmente ficará esse tempo. É a maior dificuldade para ele conquistar a confiança.

Felipão comandou única conquista da Libertadores do Palmeiras
Felipão comandou única conquista da Libertadores do Palmeiras
Foto: Gazeta Press
Fonte: Terra
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