Porto Alegre amanhece pintada de vermelho após bi do Inter
- João Paulo Fontoura
- Direto de Porto Alegre
A madrugada da quinta-feira foi de intenso foguetório e buzinaço em Porto Alegre. Alguns foguetes retardatários ainda explodem no céu desta manhã na capital gaúcha. São todos colorados embriagados de felicidade após acordarem (ou ainda nem dormirem) comemorando o bicampeonato da Libertadores da América.
As ruas da "capital do futebol mundial", como definiu o presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, amanheceram pintadas em vermelho e branco. Cedo pela manhã, quem se viu obrigado a levantar para trabalhar ou ir para a faculdade pôde ver as varandas enfeitadas com bandeiras e os carros ostentando algum adereço do bicampeão da América.
"Eu já esperava, embora a nossa defesa tenha falhado de novo. Pela minha idade, 70 anos, sou suspeito para falar, mas acho que vai começar tudo de novo. Demos uma volta completa ganhando tudo e agora recomeçamos pela segunda Libertadores", projeta Mariano La Flor, militar da reserva, falando pausadamente enquanto passeia com o Lyon, o cachorro "também colorado", segundo ele, na zona norte de Porto Alegre.
Aliás, tranquilidade, é o que se pode ver no semblante dos torcedores colorados. O susto do gol do Chivas ainda no primeiro tempo da vitória por3 a 2 nesta quarta no Beira-Rio parece ter feito parte do protocolo. Mas nada que viesse a comprometer ou alterar o enredo.
"O título foi mais do que merecido. Depois do segundo gol vi que não teria mais volta para eles. Agora é só comemorar", diz o estudante Guilherme Barbosa, espécie de sósia de Rafael Sobis, herói colorado (marcou o gol de empate contra os mexicanos).
Se Rafael Sobis confirmou seu nome na história do clube, o menos badalado Leandro Damião, autor do segundo gol, parece ter plagiado o destino de Adriano Gabiru, personagem do título mundial contra o Barcelona em 2006.
"Não digo que tenha vivido uma noite de Gabiru, mas quem sabe de Nilmar. Porque aquela arrancada ele nunca deu na vida. Nosso time tem poder de reação", vibra o sócio colorado Diego da Silva, 27 anos, que à frente do seu caminhão com duas bandeiras do Inter virou a noite comemorando. "Mas já cedo peguei no serviço. Já botei meus funcionários para trabalhar", disse o paisagista.
O bicampeonato da maior competição sul-americana soma-se a tantos outros títulos conquistados pelo clube desde 2006: duas Libertadores, Mundial, Recopa e Sul-Americana. Por isso, a nova geração não se cansa de comemorar. "Pena que tenho que ir trabalhar daqui a pouco. Por mim passava o dia todo festejando", reclama o estudante Diego Nunes, 18 anos, abraçado no colega Jéferson Paulo.