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"Jogada", imprensa internacional sofre com desorganização no Pacaembu

23 jun 2011 - 20h02
(atualizado às 20h03)
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Celso Paiva
Dassler Marques
Diego Garcia
Direto de São Paulo

Nem a magnitude de um evento como a final de uma Copa Libertadores serviu para ligar o sinal de alerta nas autoridades de futebol do Brasil na noite de quarta-feira, no Pacaembu. A três anos do Mundial de 2014, o que se viu no estádio paulista foi um festival de desorganização, que atrapalhou o trabalho de profissionais de todo o mundo e ainda prejudicou o espetáculo de muita gente. A imprensa uruguaia, por exemplo, sofreu nas tribunas reservadas a eles.

"O problema é que nós não temos uma credencial específica para usarmos aqui. Por isso, não podemos nos locomover pelo estádio, não podemos ir aos vestiários, não podemos trabalhar. E isso não aconteceu apenas com a imprensa escrita uruguaia, mas também com as rádios e outros meios de comunicação", desabafou Jorge Pasculli, 57 anos, repórter do jornal La República.

Por volta das 18h, um grupo grande de jornalistas uruguaios chegou ao Pacaembu para trabalhar na decisão da Libertadores entre Santos e Peñarol-URU, mas chocou-se com um problema inusitado. A falta de estrutura à altura do evento, que deu muita dor de cabeça a todos os repórteres estrangeiros e fez com que todos passassem por inúmeras dificuldades ao longo do confronto.

"Não penso que seja má vontade dos brasileiros, penso apenas que está muito desorganizado. É uma final de Libertadores. Poderiam ter providenciado essas credenciais, sem elas fica impossível fazer algo, não conseguimos andar e fazer nosso trabalho direito, somos jornalistas", lamentou o repórter uruguaio, que era acompanhado de perto por dezenas de companheiros: "não temos condições de trabalhar assim", diziam.

"O Santos, como ia perder dinheiro por não jogar no Morumbi, fez o que quis para não ter tanta perda aqui no Pacaembu e nem se lembrou da imprensa internacional. Tivemos que improvisar as cabines do pessoal de interior para os radialistas e agora estão todos lá. O pessoal da imprensa escrita também chega aqui não têm tomadas para todo mundo, não têm cadeiras, mas essa é a estrutura do estádio", reclamou Luiz Ademar, presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo.

Se não fossem os esforços da entidade, aliás, a "catástrofe" seria ainda maior no Pacaembu. Os encarregados da Aceesp, que já haviam conseguido liberar a utilização da credencial paulista e nacional como forma de entrada e locomoção na decisão, tentaram resolver a situação dos profissionais estrangeiros na medida do possível.

"Não temos espaço para suportar tantos profissionais no Pacaembu, fizemos o que pudemos para o pessoal trabalhar, mas o sujeito vem de longe, 30 países vieram fazer a cobertura do evento, e chega aqui não tem um mínimo de conforto que ele esperava. Aí ele reclama, e com razão", acrescentou Luiz Ademar, que apontou culpados.

"Penso que a culpa disso é do Santos e da Federação Paulista, pois existe essa guerra com o Morumbi e por isso os clubes não querem jogar lá. Só o Morumbi tem estrutura para receber um evento desse porte", completou.

A reportagem do Terra detectou inúmeros outros problemas na organização do evento. Primeiro, mais ingressos do que o permitido foram supostamente vendidos ¿ cerca de 500 torcedores, incluindo sócios do clube, ficaram de fora da decisão mesmo com ingresso e arrumaram confusão com a polícia na porta do estádio.

Depois, os jornalistas foram impedidos de passar pelo portão lateral que dava acesso aos vestiários para realizar os trabalhos de pós-jogo. Homens vestidos com uniformes da Federação Paulista, que se encontravam do outro lado da passagem, diziam que haviam perdido a chave e que não permitiriam a entrada de ninguém por ali. Os profissionais foram obrigados a dar a volta pelo estádio, passando pelo meio das organizadas.

Além disso, o excesso de torcedores e curiosos nos locais de acesso exclusivo à imprensa nas salas de entrevista coletiva e passagem dos atletas aos ônibus. A superlotação de gente que não deveria estar ali dificultou o trabalho de todos e prejudicou diversos jornalistas que não conseguiam alcançar jogadores e comissão técnica santista.

O Terra procurou por algum responsável pela Federação Paulista no estádio para retrucar as acusações, mas não encontrou ninguém apto a falar. Nesta quinta, o Terra tentou contato novamente com a Federação Paulista, porém ninguém foi encontrado.

Em campo, jogadores do Santos comemoraram o título da Libertadores
Em campo, jogadores do Santos comemoraram o título da Libertadores
Foto: Fernando Borges / Terra
Fonte: Terra
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