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Autuori: herói unânime do tri está desiludido com Brasil

Dez ano após levar São Paulo ao tri da Libertadores, treinador dirige time da 2ª divisão da Japão e quer distância do futebol brasileiro

14 jul 2015 - 08h00
(atualizado às 09h01)
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Há um consenso entre os são-paulinos campeões da Libertadores em 2005: o título não viria se não fosse por Paulo Autuori no comando da equipe tricolor. O técnico chegou com a competição já em andamento e com o seu estilo calmo, que passa muita confiança aos atletas, deu ao elenco o que faltava para o time conquistar o tricampeonato. Dez anos depois, o treinador prefere se afastar do futebol brasileiro, desiludido com o cenário atual.

Autuori assumiu o São Paulo em abril de 2005, depois que Emerson Leão, campeão paulista com a equipe, decidiu aceitar uma proposta do Japão. Na visão da diretoria, era o momento de uma troca de postura: saía o exigente Leão para a entrada de um líder mais calmo, alguém que pudesse gerenciar a pressão que o time vivia naquele momento.

“A gente precisava de um treinador sereno, que fosse muito tático, que tivesse já experiência de Libertadores, um campeão brasileiro pelo Botafogo. Nas conversas todas que o Juvenal (Juvêncio, que na época ocupava o cargo de vice-presidente de futebol) fez com todos nós, o nome dele ficou como melhor para chegar naquele momento do time, com saída de um treinador forte e entrada de um treinador igualmente forte, mas com uma característica mais tranquila, para dar uma acomodada em algo que pudesse virar um conflito. Veio com uma serenidade enorme e melhorou a equipe”, conta o superintendente de futebol na época, Marco Aurélio Cunha.

E pressão era o que não faltava na época. Depois da eliminação para o Once Caldas na Libertadores de 2004, a torcida entrou em guerra com o time, exigindo resultados imediatos.

“Teve também o jogo do Paysandu, que a gente perdeu também quando voltamos. Uma crise danada, chamando o time de pipoqueiro. No jogo do Palmeiras no Pacaembu o grupo foi muito vaiado. Ali houve um momento em que o pessoal não conseguia superar o baque. O próprio Rogério foi muito criticado. A torcida estava muito maldosa”, relembra o ex-dirigente.

Rogério Ceni ergue a taça da Copa Libertadores de 2005
Rogério Ceni ergue a taça da Copa Libertadores de 2005
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

A pressão também ocorria dentro do elenco, como relembra o zagueiro Alex Bruno. “A gente pegou um time boliviano (The Strongest) na primeira fase, e se a gente ganha de 4 a 0, a gente não pegaria o River, ganhámos só de 3 a 0, não me esqueço disso. Ia pegar o River na próxima fase. Lembro que no vestiário ficou um clima meio tenso, porque pegar um time argentino logo de cara, mas aí veio a discussão, que não podia escolher adversário, e acabou”, conta o defensor.

A estreia do técnico na Libertadores foi exatamente na partida relatada por Alex Bruno. Autuori fez o seu primeiro jogo na goleada por 5 a 1 contra o Corinthians no Campeonato Brasileiro. A partir de então, o treinador começou a dar mais chances  para peças pouco aproveitadas no elenco, inclusive o próprio zagueiro. “A toca de treinador para mim foi o x da questão. Quando o Paulo entrou, já deu para ver que o time ia longe”, relata Alex.

Outro que só elogios ao treinador é o atacante Luizão, que já tinha chances com Leão, mas se firmou de vez com a chegada do novo técnico. “Eu sou até suspeito para falar, porque é uma pessoa com quem nunca tinha trabalhado, nem conversado, e  ele gostar tanto de mim assim, me dar tanta confiança... Para mim foi um dos melhores presentes da minha vida como atleta”, diz o centroavante.

Amoroso fez um dos gols da vitória do São Paulo na final da Libertadores de 2005
Amoroso fez um dos gols da vitória do São Paulo na final da Libertadores de 2005
Foto: Fernando Pilatos / Gazeta Press

Nas semifinais, Autuori ainda teve um novo desafio: substituir Grafite, um dos mais importantes jogadores do elenco, que se machucou contra o Palmeiras. A solução foi trazer Amoroso, que defende que a tranquilidade de Autuori foi fundamental para o seu rápido entrosamento.

“O apoio do Autuori foi uma peça fundamental para a minha ida no São Paulo. Foi ótimo ele me abrir porta e poder me adaptar ao grupo. Cheguei e já tinha o carinho de todos. Todo mundo me tratou com muito carinho, me deixou muito em casa para substituir o Grafite, que era peça importante na Libertadores. Aí foi fácil. Naqueles seis meses de São Paulo parece que foram 10 anos vestindo camisa”, conta o jogador.

A paciência demonstrada com os jogadores não parece ser a mesma com o futebol brasileiro. Depois de um retorno sem sucesso pelo São Paulo em 2013 e uma passagem pelo Atlético-MG no ano passado, Autuori foi para o Cerezo Osaka, do Japão, e mantém o mínimo contato com o futebol brasileiro após as últimas desilusões.

Paulo Autuori comanda o Cerezo Osaka no Japão
Paulo Autuori comanda o Cerezo Osaka no Japão
Foto: Masashi Hara / Getty Images

“Eu posso me dar mal, mas me recuso a trabalhar pelos próximos três pontos. O título apenas não basta para mim. Trabalho para construir alguma coisa. Quero desafios”, comentou o treinador em entrevista para o jornal O Globo em janeiro deste ano.

O Cerezo está na segunda divisão japonesa, na temporada atual, é o quarto colocado, sendo que apenas dois clubes conseguem o acesso para a divisão principal. Autuori foi contratado exatamente para reestruturar a equipe, que foi rebaixada depois de uma das piores campanhas de sua história.

 
Fonte: EFuroni Conteúdo Editorial
Fonte: Terra
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