O Palmeiras traz para o clássico deste domingo contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi, lembranças ruins dos últimos dias. Derrotado pelo Tigre (Argentina) fora de casa na Copa Libertadores por 1 a 0, o time teve parte de sua delegação agredida por uma organizada do clube ainda em Buenos Aires.
A situação deixou a equipe desconfortável para o jogo deste final de semana, pela 11ª rodada do Campeonato Paulista. Para José Carlos Brunoro, diretor executivo do clube, é preciso haver uma cobrança maior em torno do comportamento das facções de torcedores.
“É muito estranho. Acho que temos que ter todo mundo, toda a sociedade envolvida nisso”, disse Brunoro a jornalistas antes do clássico, cobrando esclarecimentos em torno de possíveis auxílios para os torcedores. “A gente acha muito estranho (a organizada) viajar de avião, ficar em hotel superbom na Argentina”, completou.
O dirigente ainda lembrou o incidente envolvendo o goleiro Fernando Prass, atingido por uma xícara no aeroporto que foi arremessada por torcedores para atingir o meia Valdivia. E alertou: o resultado poderia ter sido pior que um corte no rosto do goleiro.
“A agressão só não foi pior pela ação rápida dos seguranças. Acho que foi bem pesado. O que aconteceu com o Prass foi muita sorte. Jogar um prato de porcelana? Imagina se pega na vista”, comparou Brunoro.
O dirigente ainda foi questionado a respeito de uma “versão sul-americana” do Relatório Taylor, redigido na Europa na década de 80 e que afastou as torcidas de times ingleses dos estádios em competições continentais por cinco anos após a morte de 96 torcedores em um jogo entre Liverpool e Nottingham Forest. A tragédia ficou conhecida como Desastre de Hillsborough e aconteceu poucos anos após a chamada Tragédia de Heysel, na qual 38 torcedores morreram na Bélgica em uma partida entre Liverpool e Juventus.
Questionado se seria favorável a um Relatório Taylor local, Brunoro disse que sim, mas esperando que um possível afastamento de times brasileiros de torneios continentais possa resolver o problema de violência de torcidas. “Se for resolver a situação, (o Palmeiras) é a favor”, assegurou.
A agressão de uma torcida organizada do Palmeiras aos jogadores nesta quinta-feira, em um aeroporto da Argentina, foi apenas mais um capítulo das confusões envolvendo torcedores do clube com atletas e técnicos. Membros da organizada cobraram jogadores após a derrota por 1 a 0 para o Tigre e partiram para cima de Valdivia no saguão. Relembre outros dez casos, do mais recente para o mais antigo:
Foto: AFP
Em janeiro de 2013, o lateral direito Fabinho Capixaba foi xingado por torcedores nas imediações de um salão de cabeleireiro, e entrou em conflito físico com o agressor, em uma rua na frente do Palestra Itália
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em outubro de 2011, o volante João Vitor foi agredido por um grupo de torcedores quando estava com mais dois amigos na loja oficial do Palmeiras para comprar camisas. O jogador teria sido provocado e entrado em um enfrentamento com os torcedores, saindo com a boca machucada por causa de chutes no rosto. O atleta foi afastado do elenco pouco depois e deixou o clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antes ídolo do clube, o atacante Kleber foi alvo de protestos em outubro de 2011, quando um grupo de torcedores foi até o condomínio onde o jogador mora, em Osasco, com uma faixa para pedir sua saída do clube. Já em frente ao Palestra Itália, um boneco do jogador foi surrado e queimado. No mês seguinte, ele saiu do Palmeiras rumo ao Grêmio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Na chegada da delegação palmeirense ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para um jogo contra o Internacional em junho de 2011, alguns membros de torcida organizada hostilizaram os jogadores. O volante Marcos Assunção se revoltou e discutiu asperamente com os torcedores, chegando a ser ameaçado, para defender atletas criticados como Luan e Adriano "Michael Jackson"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Coritiba em maio de 2011, pela Copa do Brasil, o atacante Luan foi quem pagou o preço. Um coquetel molotov (arma incendiária) foi atirado para dentro do CT Academia de Futebol e atingiu o carro do jogador, quebrando o vidro da janela. Luan continuou sendo criticado por torcedores, e em 2013 acertou sua saída do clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em abril de 2010, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-GO, o meia Diego Souza foi substituído e muito xingado por um grupo de torcedores no Palestra Itália. O jogador, que já vinha sendo criticado pela torcida desde o fim do Brasileiro de 2009, ficou furioso e respondeu com muitos palavrões. Acabou saindo do Palmeiras no mês seguinte e acertando com o Atlético-MG
Foto: Getty Images
Em dezembro de 2009, o atacante Vagner Love, principal contratação alviverde do ano, foi agredido por três torcedores quando saía de uma agência bancária na capital paulista. O atleta teve seu carro chutado e também recebeu pontapés. Após o episódio, acertou sua transferência para o Flamengo para a temporada 2010
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na semana anterior à agressão contra Vagner Love, o também atacante Lenny também passou por situação muito semelhante. O jogador estava saindo de um banco quando foi cercado e ameaçado por torcedores organizados do Palmeiras
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em novembro de 2008, foi a vez do técnico Vanderlei Luxemburgo sofrer com a violência de torcedores organizados. Em embarque do Palmeiras no Aeroporto de Congonhas, cerca de 20 torcedores causaram confusão e trocaram empurrões com o treinador, que precisou imobilizar o braço machucado após o episódio. Ele deixou o Palmeiras em junho do ano seguinte, após polêmica envolvendo o atacante Keirrison
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press
Hoje ídolo no Corinthians, o técnico Tite também foi ameaçado por torcedores organizados em setembro de 2006, em episódio que culminou com seu pedido de demissão do clube. O treinador saiu alegando desavenças com o diretor Salvador Hugo Palaia, e foi alvo de protestos de torcedores no Aeroporto de Cumbica, precisando de escolta policial para deixar o local