Com ajuda peruana, corintianos transformam praça em arquibancada

A grande maioria dos torcedores do Corinthians não pôde ficar ao lado da equipe durante a vitória por 2 a 0 sobre o Millonarios, na noite desta quarta-feira, em duelo válido pela Copa Libertadores. Com a punição aplicada pela Conmebol, apenas quatro alvinegros conseguiram entrar no Pacaembu para ver os comandados de Tite, mas cerca de 200 torcedores transformaram a Praça Charles Miller, nos arredores do estádio, em uma verdadeira arquibancada.

Com muita festa, faixas, bandeiras e músicas de incentivo ao time, a comemoração alvinegra contou até com a presença de um torcedor peruano, fanático pelo futebol do atacante Paolo Guerrero. Robeangelo Mendivi, 29 anos, está acostumado a viajar seguindo a seleção peruana pela América do Sul, mas ressaltou que festa como a dos corintianos não existe igual.

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"Já viajei a América do Sul toda com minha bandeira do Peru e estou morando agora no Brasil. Virei corintiano pelo Paolo Guerrero, mas a festa do torcida me encanta demais. Não tem festa igual a essa", afirmou Robeangelo.

Os torcedores chegaram cedo para incentivar o Corinthians pelo lado de fora do Pacaembu. Com uma hora e meia de antecedência para o início do confronto, os alvinegros já cantarolavam músicas de incentivo ao clube, ressaltando o "amor à camisa" e o fato de "nunca abandonar" o time. 

Antes do pontapé inicial, o grupo respeitou um minuto de silêncio feito em campo por respeito a Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, torcedor boliviano morto ao ser atingido por um sinalizador lançado por um corintiano na partida contra o San José, em Oruro, na Bolívia. Na praça, os torcedores levantaram os braços, de mãos dadas, em silêncio.

Sem saber o que se passava dentro das quatro linhas, muitos torcedores foram “salvos” por aparelhos celulares. Alguns grupos se amontoavam para conseguir assistir à transmissão da TV pelo telefone, mas outros tiveram que recorrer ao rádio para seguir os lances do duelo.

“É muita emoção ouvir pelo rádio e estar perto do Corinthians. Vale muito a pena vir aqui na frente do Pacaembu para sentir essa vibração da torcida. É como se estivéssemos na arquibancada”, ressaltou Sebastião Antônio Guimarães, 56 anos, que já havia perdido a voz ao comemorar o primeiro gol corintiano, anotado pelo atacante Paolo Guerrero.

O advogado Cyrillo Cavalheiro Neto, 25 anos, concordou com Sebastião sobre a emoção em acompanhar pelo rádio, mas disse que desta forma fica mais aflito ao longo do jogo. "Estou com o ingresso na mão, mas infelizmente não posso entrar. Então é acompanhar aqui do lado de fora pelo rádio, mesmo sofrendo mais. Eu fico muito aflito escutando o jogo, fora que o chiado da transmissão ainda me deixa mais nervoso", afirmou.

Se pelo rádio os torcedores demosntravam mais nervosismo, eram os que acompanhavam o jogo pela TV do celular que ditavam as reações dos torcedores. Os irmãos Flávio dos Santos, 25 anos, e Paulo Henrique dos Santos, 26 anos, assistiam ao jogo pelo aparelho e exaltavam a "transformação" da Praça Charles Miller em uma arquibancada.

"O celular salvou a gente. Era para estar lá dentro, mas transformamos a praça em arquibancada para sentir mais emoção. Para passar nossa energia para o Corinthians. Desse jeito ficamos mais próximos dos jogadores e eles sentem essa vibração", disse Flávio.

No fim do primeiro tempo, os torcedores aplaudiram o time que já estava vencendo os colombianos por 1 a 0. Os 15 minutos do intervalo deram uma pausa na festa e muitos alvinegros preferiram deixar o local. Mas os quase cem corintianos que ficaram na praça foram recompensados com o gol de Alexandre Pato, logo aos 3min da segunda etapa, e a festa retomou com ritmo forte, até o apito final do árbitro.

"Não tem problema ficar do lado de fora do Pacaembu, nós nunca vamos deixar de fazer festa pelo Corinthians. Estar ao lado do time vale mais do que o jogo. Depois chegamos em casa e vemos os lances e os gols, mas o mais importante é estar ao lado da família e do Corinthians. Essa festa foi marcante", disse Marcos Chiapette, 54 anos, que estava acompanhado da filha e de seus três netos na festa alvinegra, que foi recompensada com os três pontos garantidos dentro de campo.