Corinthians e "Senhor Libertadores" trocam elogios antes de final
4 jul2012 - 15h52
(atualizado às 15h57)
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Henrique Moretti
Direto de São Paulo
O clima foi bastante ameno no encontro entre dirigentes do Corinthians e do Boca Juniors, horas antes da decisão da Copa Libertadores da América, marcada para as 21h50 (de Brasília) desta quarta-feira. Nesta manhã, o presidente do clube alvinegro, Mario Gobbi, e o vice da entidade argentina, Oscar Moscariello, trocaram elogios em evento organizado em São Paulo pelo banco Santander, patrocinador da competição.
Desde sua primeira intervenção na conferência de imprensa, Gobbi exaltou o adversário, o qual chamou de "Senhor Libertadores", em referência aos seis títulos já conquistados da competição. O Corinthians, por sua vez, buscará a primeira taça no Estádio do Pacaembu nesta quarta - na semana passada, houve empate no primeiro jogo da final, na Bombonera, em Buenos Aires, por 1 a 1.
"Quero dizer que ir para uma final da Libertadores frente a uma equipe do porte, do quilate do Boca Juniros nos honra ainda mais, nos dá uma recompensa muito grande pelo trabalho que foi feito até aqui", disse o presidente alvinegro. "É impossível deixar de reconhecer que o Boca é o 'Senhor Libertadores'. Não estamos diante de um clube qualquer e nem de um grande clube, estamos diante de um clube cujo currículo em termos de Libertadores é imbatível".
Hexacampeão continental, o Boca precisa de mais uma taça para igualar o recordista na competição, o Independiente, também da Argentina. "Vamos trabalhar, parabéns ao Boca, eu costumo dizer sempre que em uma partida a equipe que errar menos sai com a vitória, e quando estamos diante de duas equipes desse porte, com destaque imenso à tradição do Boca, somente os detalhes é que vão dizer quem vai ganhar. Os dois merecem, mas apenas um pode sair com o título", completou Gobbi.
Enquanto ele falava, Moscariello observava atentamente, posicionado na mesma bancada do colega. Entre eles estavam Pelé, embaixador do patrocinador na Libertadores, e Nicolás Leoz, presidente da Conmebol, além de membros da empresa. Ainda na sala de entrevista se localizava o troféu do torneio, objeto de desejo de ambos os dirigentes nesta noite.
"Representar hoje o Boca Juniors significa representar o legado histórico que o Boca tem, são 107 anos de história, mística e glória. Reconhecendo a brilhante campanha do Corinthians, creio que chegam à final duas equipes que mostraram no decorrer do torneio uma vocação para ser o grande vencedor desta Libertadores", disse Moscariello, que substituiu o presidente do Boca, Daniel Angelici. O nome de Angelici havia sido anunciado pela organização do evento em comunicado à imprensa e ele não deu uma justificativa oficial para a ausência.
"Faltam 90 minutos e nesses 90 seguramente o que tenha mais sorte ou o que jogue melhor vai ser o campeão - o presidente do Corinthians quer Corinthians, nós viemos da Argentina e queremos Boca Juniors. Qualquer dos dois que vença, creio que seja uma fantástica competição", completou o dirigente.
Nesta quarta-feira, enquanto cerca de 30 milhões de torcedores estarão ajudando a empurrar o Corinthians em busca de seu primeiro título de Copa Libertadores diante do Boca Juniors, um pequeno pedaço de Londres ajudará modestamente no apoio pelo time de Tite. Na região de Tolworth, mais exatamente no acanhado Estádio de King George's Field, está situado o centenário Corinthian-Casuals Football Club, justamente o time que "batizou" a equipe paulista.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
A entrada da sede do clube apresenta uma placa que deseja as boas-vindas aos visitantes
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
A baliza do campo do clube não tem redes e o muro atrás do campo está pichado. A sede do time inglês não lembra nem de longe a estrutura à disposição dos corintianos de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Ao invés de obras de estádios e centros de treinamentos gigantescos, o Corinthian-Casuals dispõe de um campo pequeno, rodeado por uma arquibancada para cerca de 250 torcedores.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Após passar pela entrada de terra e pedra do King George's Field, o visitante se depara com uma pequena construção que reúne cozinha, bar, sala de troféus e salão de bailes
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Aos fundos, os vestiários de mandantes, visitantes e de árbitros, além de um escritório
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Colados na parede dos vestiários, alguns cartazes com palavras de incentivo. "Foco", "Simplicidade", "Concentração" e "Frieza" são alguns dos termos presentes
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Considerado uma potência do futebol inglês no começo do Século XX, o então Corinthian Football Club disputa hoje a Primeira Divisão Sul da Isthmian League, equivalente à sétima divisão do Campeonato Inglês.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
A sede do "Corinthians inglês" é recheada de placas que homenageiam feitos e pessoas envolvidas com a história do clube
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Essa, por exemplo, homenageia Geoff Harvey, homem que, segundo eles, "ajudou a salvar o Corinthian-Casuals em um momento das trevas"
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Essa medalha, com o símbolo do Corinthians paulista, homenageia o clube brasileiro
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
A sede do clube apresenta algumas flâmulas de times brasileiros, entre elas a do Corinthians paulista. . Considerado um time de destaque na Inglaterra nos tempos do futebol amador, o Corinthian-Casuals viajava pelo mundo em excursões e passou pelo Brasil em 1910. Foram seis jogos e seis vitórias, com destaque para um 10 a 1 sobre o Fluminense. Tal apresentação impressionou os entusiastas do futebol em São Paulo, e daí surgiu o Sport Club Corinthians Paulista.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Há na sede uma taça enviada pela Federação Paulista de Futebol, em homenagem ao Corinthian-Casuals, que originou o Corinthians paulista
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
No salão de baile do clube, diversos pôsteres, troféus e medalhas contam a rica história do Corinthian-Casuals. Além de partidas em países como Escócia, Rússia, África do Sul e Japão desde a década de 80, o time mostra com orgulho uma flâmula autografada do Manchester United, contra o qual a equipe fez um amistoso de pré-temporada em 31 de julho de 2004
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Nos corredores há quadros que ilustram momentos importantes da história do clube inglês
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Mesmo longe do brilho que vivia há cem anos, o Corinthian-Casuals ainda hoje sabe que é um clube muito querido, especialmente pelos alvinegros do Brasil.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
"Eventualmente, recebemos uma ou duas visitas por ano", conta Brian Phillips, 66 anos, uma espécie de "faz-tudo" do clube, que recebeu a reportagem do Terra no estádio em Tolworth, ciente do motivo das passagens dos turistas.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
O clube não possui uma boa estrutura
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Um funcionário cuida do gramado do Estádio de King George's Field
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Quadro com uma foto da partida comemorativa do 125º aniversário do Estádio de Wembley. O Corinthian-Casuals, que já foi um dos maiores clubes da Inglaterra, atualmente amarga a 7ª divisão do futebol inglês