"Não nos manifestamos após o incidente no aeroporto de Buenos Aires pois contra imagens não há argumentos". É dessa maneira, admitindo exagero na briga com os jogadores, que uma torcida uniformizada palmeirense abre a nota oficial sobre a confusão com o elenco do Palmeiras na Argentina, na manhã da última quinta-feira.
Além de reconhecer que cometeu exageros ao reagir a um gesto obsceno de Valdivia, a uniformizada aproveitou o comunicado para proferir alguns ataques ao presidente do clube, Paulo Nobre. Entre algumas ofensas, a organizada aponta "covardia" do dirigente, que rompeu com o grupo. Segundo o texto, a torcida apenas pagava por ingressos reservados - o dirigente havia dito que o clube fornecia bilhetes de graça em partidas fora de casa.
"Não pedimos que o presidente defendesse os torcedores envolvidos, e, obviamente, ele teria que repudiar os acontecimentos em Buenos Aires. Mas notamos um excesso de oportunismo do clube com o ocorrido", reclamou a uniformizada.
"Por sua inexperiência e covardia, (Nobre) ataca a maior torcida do seu clube. E simplesmente jogou a Mancha (Alviverde) contra todos os torcedores do Palmeiras. Entendemos que o acontecido nos cabe muita reflexão e vergonha, mas não somos criminosos e não aceitamos ser achincalhados por um presidente iludido e querendo levantar bandeira de revolucionário as nossas custas", criticou.
<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/esportes/infograficos/selecoes-estaduais/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/esportes/infograficos/selecoes-estaduais/iframe.htm">veja o infográfico</a>
Mais adiante, a torcida ainda utiliza da ironia para responder as declarações de Paulo Nobre - o mandatário chamou os agressores do caso de "bandidos". "Não queremos ter 'boas relações' com o senhor. Queremos o Palmeiras forte, digno e vencedor, com espírito nobre", cobrou, fazendo trocadilho.
O Palmeiras enviou à polícia denúncia para incriminar os brigões. Além disso, pretende recorrer à Federação Paulista de Futebol (FPF) para proibir a entrada dos agressores nos estádios.
Palmeirenses tentam agredir Valdivia em aeroporto argentino:
A agressão de uma torcida organizada do Palmeiras aos jogadores nesta quinta-feira, em um aeroporto da Argentina, foi apenas mais um capítulo das confusões envolvendo torcedores do clube com atletas e técnicos. Membros da organizada cobraram jogadores após a derrota por 1 a 0 para o Tigre e partiram para cima de Valdivia no saguão. Relembre outros dez casos, do mais recente para o mais antigo:
Foto: AFP
Em janeiro de 2013, o lateral direito Fabinho Capixaba foi xingado por torcedores nas imediações de um salão de cabeleireiro, e entrou em conflito físico com o agressor, em uma rua na frente do Palestra Itália
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em outubro de 2011, o volante João Vitor foi agredido por um grupo de torcedores quando estava com mais dois amigos na loja oficial do Palmeiras para comprar camisas. O jogador teria sido provocado e entrado em um enfrentamento com os torcedores, saindo com a boca machucada por causa de chutes no rosto. O atleta foi afastado do elenco pouco depois e deixou o clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antes ídolo do clube, o atacante Kleber foi alvo de protestos em outubro de 2011, quando um grupo de torcedores foi até o condomínio onde o jogador mora, em Osasco, com uma faixa para pedir sua saída do clube. Já em frente ao Palestra Itália, um boneco do jogador foi surrado e queimado. No mês seguinte, ele saiu do Palmeiras rumo ao Grêmio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Na chegada da delegação palmeirense ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para um jogo contra o Internacional em junho de 2011, alguns membros de torcida organizada hostilizaram os jogadores. O volante Marcos Assunção se revoltou e discutiu asperamente com os torcedores, chegando a ser ameaçado, para defender atletas criticados como Luan e Adriano "Michael Jackson"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Coritiba em maio de 2011, pela Copa do Brasil, o atacante Luan foi quem pagou o preço. Um coquetel molotov (arma incendiária) foi atirado para dentro do CT Academia de Futebol e atingiu o carro do jogador, quebrando o vidro da janela. Luan continuou sendo criticado por torcedores, e em 2013 acertou sua saída do clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em abril de 2010, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-GO, o meia Diego Souza foi substituído e muito xingado por um grupo de torcedores no Palestra Itália. O jogador, que já vinha sendo criticado pela torcida desde o fim do Brasileiro de 2009, ficou furioso e respondeu com muitos palavrões. Acabou saindo do Palmeiras no mês seguinte e acertando com o Atlético-MG
Foto: Getty Images
Em dezembro de 2009, o atacante Vagner Love, principal contratação alviverde do ano, foi agredido por três torcedores quando saía de uma agência bancária na capital paulista. O atleta teve seu carro chutado e também recebeu pontapés. Após o episódio, acertou sua transferência para o Flamengo para a temporada 2010
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na semana anterior à agressão contra Vagner Love, o também atacante Lenny também passou por situação muito semelhante. O jogador estava saindo de um banco quando foi cercado e ameaçado por torcedores organizados do Palmeiras
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em novembro de 2008, foi a vez do técnico Vanderlei Luxemburgo sofrer com a violência de torcedores organizados. Em embarque do Palmeiras no Aeroporto de Congonhas, cerca de 20 torcedores causaram confusão e trocaram empurrões com o treinador, que precisou imobilizar o braço machucado após o episódio. Ele deixou o Palmeiras em junho do ano seguinte, após polêmica envolvendo o atacante Keirrison
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press
Hoje ídolo no Corinthians, o técnico Tite também foi ameaçado por torcedores organizados em setembro de 2006, em episódio que culminou com seu pedido de demissão do clube. O treinador saiu alegando desavenças com o diretor Salvador Hugo Palaia, e foi alvo de protestos de torcedores no Aeroporto de Cumbica, precisando de escolta policial para deixar o local