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Libertadores

Pacaembu vazio levanta questão sobre punição a clubes por atos de torcidas

6 mar 2013 - 09h27
(atualizado às 10h49)
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<p>Kevin Beltrán foi morto por sinalizador disparado por torcedor do Corinthians</p>
Kevin Beltrán foi morto por sinalizador disparado por torcedor do Corinthians
Foto: Facebook / Divulgação

O Corinthians recebeu a punição de jogar com portões fechados por conta da morte do jovem boliviano Kevin Douglas Beltrán Espada, 14 anos, que foi atingido por sinalizador disparado por torcedor do Corinthians no empate contra o San José, no dia 20 de fevereiro. O clube não aprovou a pena, que tem duração de 60 dias, e lamentou que seja castigado pela ação de sua torcida. A partir daí ressurge a discussão: um time deve ser penalizado pelo comportamento de seus fãs?

"Os clubes precisam ser responsabilizados pelas ações de seus torcedores. Eles precisam receber um forte incentivo para investir em segurança e policiamento. Sem um senso de responsabilidade coletiva, o ambiente do estádio nunca vai melhorar", afirmou em conversa com a reportagem do Terra o jornalista e escritor americano Franklin Foer, autor do best seller Como o Futebol Explica o Mundo.

Foer demonstra uma posição rígida em relação a casos de violência em estádios e defende uma postura firme. "Torcedores que não se comportam deveriam ser banidos dos estádios pelo resto de suas vidas. Parece draconiano, mas é o único jeito de melhorar a situação", opinou.

O americano ainda lembrou da postura adotada pela Inglaterra. Após sofrer com casos repetidos de violência e hooliganismo durante a década de 80, o país britânico tomou medidas mais firmes e atualmente convive com estádios sem alambrados. "A Inglaterra nos dá uma importante lição. Os estádios do país estavam uma bagunça, até que a melhora deles foi considerada prioridade nacional. As penas por violência por lá são enormes", citou Foer.

O jornalista André Luís Nery, autor do livro Violência no Futebol, que relata incidentes no Brasil e na Argentina, deu seu parecer sobre o caso e também crê na responsabilidade dos clubes. "Como você faz para punir a torcida? Às vezes não tem como saber quem é o responsável por um ato. Muitas vezes não se sabe a intenção da torcida. Vai punir simplesmente o jovem que se apresentou? Isso não tem nenhum efeito. Se não se aplica nenhuma sanção em relação ao clube, dificilmente vai ter mudança", explicou.

A punição foi bastante questionada pelo presidente do Corinthians, Mário Gobbi. Em entrevista na última semana, o dirigente chegou a dizer que "é difícil ser responsável em um jogo de 60 mil pessoas, ser responsável por todas elas que estão no estádio. Não acho que tudo que está no regulamento é justo, e nem que a lei é justa".

Entretanto, clubes serem castigados por ações da torcida não é algo novo ou mesmo raro. No último domingo, o Santos recebeu o Corinthians no Morumbi em vez da Vila Belmiro porque perdeu um mando de campo. A punição ocorreu por conta de torcedores que jogaram moedas contra o meia Paulo Henrique Ganso no clássico contra o São Paulo.

"Isso não é nada estranho ao mundo do futebol, deveria ter acontecido mais vezes. Quando o clube é punido, é muito mais fácil que tente combater o ato com sua torcida", disse Nery, que cita a forte relação entre clubes e organizadas como um dos problemas que agravam a questão da violência no futebol.

"A maioria dos clubes dá ajuda à torcida organizada, mas todo dirigente esportivo nega isso. O presidente do Boca Juniors negou isso, mas na sede do clube tinha um livro que comprovava viagens que foram pagas para as organizadas, inclusive em que aconteceram brigas. Há outros casos. Tem até jogadores que ajudam. Todo mundo nega, é difícil de comprovar", explicou. 

Fonte: Terra
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