Valdivia acredita que o ódio de membros da Mancha Alviverde ao arremessarem xícaras contra ele no aeroporto de Buenos Aires nessa quinta-feira foi motivado porque ele apontou seus órgãos genitais para Zeca Urubu, torcedor que estava na arquibancada contra o Tigre. Zeca, porém, nega que o estava xingando. E espera resposta do chileno em campo ou em conversa particular.
"Se ele acha que o problema é comigo, que venha falar isso com distância de menos de 5 metros. Não tem nada que ficar falando isso para a imprensa. Não tenho nada contra ele", assegurou Zeca Urubu, batizado Wellington Almeida Oliveira e que já participa de confusões desde 2001, quando invadiu o campo do Palestra Itália para agredir um assistente na semifinal da Libertadores daquele ano, contra o Boca Juniors.
O torcedor, inclusive, desmente a versão de Valdivia e de todos do Palmeiras que estavam no estádio Monumental Victoria. "Eu estava lá, mas não fiz nada, não xinguei, não agredi em nenhum momento. Não tenho problema pessoal nenhum com o Valdivia. Se tem gente que xingou, não ouvi, mas também não é problema meu", falou Zeca Urubu.
O gesto obsceno realmente irritou não apenas Zeca Urubu, mas os membros da Mancha Alviverde que partiram para cima do chileno na manhã dessa quinta-feira. "Eu me senti ofendido, assim como todos que estavam lá. Não sei o que o motivou a fazer isso", afirmou.
O torcedor até chegou a dizer que "a vida particular dele não é problema meu", mas reforça sua opinião de que o camisa 10 não se cuida dentro de campo. "O Valdivia é baladeiro e não está jogando nada. Essa opinião não é só minha. São milhões de palmeirenses que pensam do mesmo jeito. Ele tem que sair do Palmeiras. É uma contratação de alto valor, custo grande, e não está fazendo nada", reclamou.
A agressão de uma torcida organizada do Palmeiras aos jogadores nesta quinta-feira, em um aeroporto da Argentina, foi apenas mais um capítulo das confusões envolvendo torcedores do clube com atletas e técnicos. Membros da organizada cobraram jogadores após a derrota por 1 a 0 para o Tigre e partiram para cima de Valdivia no saguão. Relembre outros dez casos, do mais recente para o mais antigo:
Foto: AFP
Em janeiro de 2013, o lateral direito Fabinho Capixaba foi xingado por torcedores nas imediações de um salão de cabeleireiro, e entrou em conflito físico com o agressor, em uma rua na frente do Palestra Itália
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em outubro de 2011, o volante João Vitor foi agredido por um grupo de torcedores quando estava com mais dois amigos na loja oficial do Palmeiras para comprar camisas. O jogador teria sido provocado e entrado em um enfrentamento com os torcedores, saindo com a boca machucada por causa de chutes no rosto. O atleta foi afastado do elenco pouco depois e deixou o clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antes ídolo do clube, o atacante Kleber foi alvo de protestos em outubro de 2011, quando um grupo de torcedores foi até o condomínio onde o jogador mora, em Osasco, com uma faixa para pedir sua saída do clube. Já em frente ao Palestra Itália, um boneco do jogador foi surrado e queimado. No mês seguinte, ele saiu do Palmeiras rumo ao Grêmio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Na chegada da delegação palmeirense ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para um jogo contra o Internacional em junho de 2011, alguns membros de torcida organizada hostilizaram os jogadores. O volante Marcos Assunção se revoltou e discutiu asperamente com os torcedores, chegando a ser ameaçado, para defender atletas criticados como Luan e Adriano "Michael Jackson"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Coritiba em maio de 2011, pela Copa do Brasil, o atacante Luan foi quem pagou o preço. Um coquetel molotov (arma incendiária) foi atirado para dentro do CT Academia de Futebol e atingiu o carro do jogador, quebrando o vidro da janela. Luan continuou sendo criticado por torcedores, e em 2013 acertou sua saída do clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em abril de 2010, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-GO, o meia Diego Souza foi substituído e muito xingado por um grupo de torcedores no Palestra Itália. O jogador, que já vinha sendo criticado pela torcida desde o fim do Brasileiro de 2009, ficou furioso e respondeu com muitos palavrões. Acabou saindo do Palmeiras no mês seguinte e acertando com o Atlético-MG
Foto: Getty Images
Em dezembro de 2009, o atacante Vagner Love, principal contratação alviverde do ano, foi agredido por três torcedores quando saía de uma agência bancária na capital paulista. O atleta teve seu carro chutado e também recebeu pontapés. Após o episódio, acertou sua transferência para o Flamengo para a temporada 2010
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na semana anterior à agressão contra Vagner Love, o também atacante Lenny também passou por situação muito semelhante. O jogador estava saindo de um banco quando foi cercado e ameaçado por torcedores organizados do Palmeiras
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em novembro de 2008, foi a vez do técnico Vanderlei Luxemburgo sofrer com a violência de torcedores organizados. Em embarque do Palmeiras no Aeroporto de Congonhas, cerca de 20 torcedores causaram confusão e trocaram empurrões com o treinador, que precisou imobilizar o braço machucado após o episódio. Ele deixou o Palmeiras em junho do ano seguinte, após polêmica envolvendo o atacante Keirrison
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press
Hoje ídolo no Corinthians, o técnico Tite também foi ameaçado por torcedores organizados em setembro de 2006, em episódio que culminou com seu pedido de demissão do clube. O treinador saiu alegando desavenças com o diretor Salvador Hugo Palaia, e foi alvo de protestos de torcedores no Aeroporto de Cumbica, precisando de escolta policial para deixar o local