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Libertadores

Punição vai prejudicar time e mudar a torcida, dizem ex-corintianos

22 fev 2013 - 13h32
(atualizado às 16h32)
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<p>Dinei apoiou punição ao Corinthians e pediu conscientização da torcida</p>
Dinei apoiou punição ao Corinthians e pediu conscientização da torcida
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

"Eu já joguei sem torcida, com portões fechados", contou o ex-atacante Dinei ao Terra nesta sexta-feira, ao comentar sobre a punição imposta pela Conmebol ao Corinthians na Copa Libertadores da América. "Não lembro onde foi, mas lembro que você consegue ouvir tudo: escuta o narrador, os funcionários conversando e o barulho da bola fazendo tum, tum, tum". Essa deverá ser a sensação do time depois da tragédia de Oruro, onde um torcedor de 14 anos do San José morreu ao ser atingido por um sinalizador atirado pela torcida brasileira. A decisão deve prejudicar os jogadores e mudar a postura dos torcedores.

Essa foi a opinião manifestada por Dinei e outros ex-jogadores agora que o Corinthians não poderá receber torcida - nem mesmo como visitante - em partidas da competição continental. O clube promete recorrer, mas a princípio a medida da Conmebol será válida por 60 dias, enquanto durarem as investigações pela morte de Kevin Espada. "A sensação será desagradável", prevê Dinei. "É a mesma coisa que fazer um churrasco, mas não ir ninguém. Você nem tem vontade de fazer a festa", apontou. O elenco de Tite terá de se adaptar.

"O time vai sentir, com toda certeza, porque é movido pela nação corintiana. Essa motivação que vem da arquibancada é muito importante. Eles vão ter que se adaptar a não ter esse incentivo que vem de fora", opinou o ex-meia Zenon, que jogou no Corinthians entre 1981 e 1985, no período da "Democracia Corintiana". Ele acredita que vai pesar ainda mais o fato de a decisão ter sido tomada após a morte de um inocente. "Mas o Corinthians tem um elenco de jogadores experientes. Isso vai ser conversado e, com certeza, ele vai assimilar", apontou Zenon.

"Jogar sem torcida é horrível porque, na verdade, ela é a uma força a mais para você jogar bem. Ela fica ali olhando e cobrando", afirmou o ex-atacante Edílson, que de 1998 a 2000 em muitas vezes inflamou a massa alvinegra nos estádios. "Deve ser ruim jogar assim. Como a gente diz, eles são o 12° jogador", continuou o ex-atleta.

Ele criticou a amplitude punição, já que milhares são prejudicados por conta do crime de apenas um, mas ressaltou: "se for para o bem do futebol, para que não aconteça nunca mais com nenhum torcedor, pode ser bom".

Torcida vai mudar e fiscalizar a si própria

"Quem fizer coisa errada, é porque não gosta do clube", afirmou Dinei, para quem a punição vai mudar a postura da torcida do Corinthians e dos demais rivais. "De 30 milhões de corintianos, 99% é do bem e 1% é do mal, mas temos que pagar porque senão mais gente vai morrer por aí. O torcedor que gosta do clube, quando ver alguém do mal, vai impedir, vai falar 'sai daqui'", emendou o ex-jogador, que antes da entrevista ressaltou o passado de membro de torcida organizada.

"Fico triste de ter acontecido com meu time, mas a gente tem que entender que um moleque de 14 anos 'foi embora' aí. A gente, que não tem nada a ver, vai pagar por uma pessoa, mas tem que acontecer para não ter mais disso. E demos sorte de não sermos banidos. Se fosse na Europa, a gente estava fora", complementou Dinei. A exclusão do Corinthians da Copa Libertadores poderia ser justificada pelo regulamento da competição. A Conmebol optou por restringir a presença do torcedor.

"O incidente que causou isso e depois as consequências, isso tudo é muito trágico", lamentou Zenon. "Tenho certeza que todos no clube devem estar sentindo muito", apontou. Após o jogo na Bolívia, corintianos evitaram falar sobre o resultado, e o técnico Tite chegou a dizer que trocaria o título mundial conquistado em 2012 pela vida do garoto morto. "A gente lamenta não pelo Corinthians, mas pela situação. Temos que ser solidários", encerrou Edílson.

Fonte: Terra
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