Quarteto corintiano grita sem parar, cobra juiz e provoca: "habla mucho"

Em um dia normal, seriam 35, quase 40 mil. Nesta quarta-feira, com portões fechados por conta da medida cautelar da Conmebol, o Estádio do Pacaembu recebeu quatro torcedores para acompanhar a vitória por 2 a 0 do Corinthians sobre o Millonarios, da Colômbia, pela Copa Libertadores da América. Eram quatro, mas o departamento jurídico corintiano preferia que não fosse nenhum - e deixou isso publicamente claro. Contra a vontade do próprio clube do coração, eles entraram e tentaram incentivar o time dentro do possível.

As presenças de Armando José Terreri Rossi Mendonça, Milton Guilherme Rossi Mendonça, Karina Bellinato Mendonça e Rodrigo Adura provocaram momentos inusitados. Desde a entrada no gramado: aparentemente surpresos com os gritos quando pisaram no campo, os jogadores se voltaram ao quarteto e aplaudiram. Não satisfeitos, eles gritaram, nome a nome, pelos 11 corintianos. E cantaram: "vamos Corinthians, essa noite, teremos que ganhar".

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Depois da onda inicial de manifestações, o grupo se calou. Em especial no minuto de silêncio à morte do boliviano Kevin Beltrán, 14 anos, morto por um sinalizador disparado pela torcida corintiana há uma semana, em Oruro, durante o empate com o San José. O estádio, já quase em silêncio, cessou em respeito a Kevin. Até na Praça Charles Miller, onde cerca de outros 200 corintianos acompanhavam o jogo, o minuto foi respeitado.

Dentro do estádio em que mais de 30 mil corintianos gostariam de estar, os torcedores chegaram a se desligar do jogo por alguns instantes. Mexiam insistemente no telefone celular, faziam ligações e, mesmo assim, também apoiavam o time que dominou durante boa parte dos 90 minutos. As manifestações seguintes se restringiram a aplausos e gritos a um ou outro jogador. Guerrero e Alexandre Pato, ao marcar, não deram lá muita bola ao quarteto.

O árbitro argentino Nestor Pistana, por sua vez, não foi poupado. Mesmo em um jogo tranquilo entre os atletas das equipes, ouviu do grupo um "estamos de olho" e um "cego", entre outras manifestações. O juiz só deixou de ser alvo quando, já na reta final da partida, expulsou o lateral Martínez, do Millonarios.

Diante das reclamações dos colombianos, os torcedores improvisaram uma frase tradicional de Tite e insistiram: "habla mucho, habla mucho, habla mucho ('fala muito', em espanhol)".

O direito de entrar no estádio, vale lembrar, foi conquistado pelos torcedores com liminar concedida pela Justiça de São Paulo na tarde desta quarta. Temeroso de que possa receber algum tipo de punição da Conmebol, o Corinthians, por meio de seu departamento jurídico, conversou com o grupo uma hora antes da partida e até pediu que desistissem da ideia de acompanhar o jogo. Dois dos seis autorizados, por sinal, resolveram voltar para casa.