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No assovio! Tri do São Paulo teve contribuição do Guarani

Velhos conhecidos da época do Guarani, Amoroso e Luizão formaram dupla campeã que se entendia até por assovio

14 jul 2015 - 08h16
(atualizado às 08h58)
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A América passa por Campinas, pelo menos para o São Paulo. O título da Libertadores de 2005, que completa dez anos nesta terça, tem as suas raízes no Guarani. A dupla de ataque Luizão e Amoroso, que aniquilou os adversários na reta final da competição, foi revelada no interior paulista. E mais: Marco Aurélio Cunha, diretor de futebol na campanha do tri, era médico da dupla na equipe campineira.

E os três personagens admitem: provavelmente a taça não seria levantada se não fosse pela experiência bugrina. “Quando recebi convite para jogar a semifinal aceitei de imediato. Sabia que ia ter um grande parceiro de ataque, o Luizão, que conhecia desde dos 16 anos de idade no Guarani”, contou Amoroso.

Amoroso foi contratado às pressas por causa da lesão do atacante Grafite, titular absoluto naquele momento. Depois de mais de uma década na Europa, o jogador teve o desafio de estrear já  em uma semifinal da Libertadores, contra o perigoso River Plate.

“Eu conheço o Amoroso desde o Guarani. Eu lembro que quando ele se machucou, eu fui um dos que o examinou naquela época. Depois ele foi para o Flamengo e tudo mais. E ele tinha uma experiência, um cara que já tinha altos títulos, um cara de equipe, alegre, comunicativo. Havia também o caso de ele conhecer bem o Luizão. Já haviam jogado juntos no Guarani também. Então era uma dupla entrosada. Eu também trabalhei com o Luizão. Quando estavam começando eu era o médico do Guarani”, explica Marco Aurélio sobre a contratação.

Luizão e Amoroso começaram juntos no Guarani em 1992
Luizão e Amoroso começaram juntos no Guarani em 1992
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

O entrosamento deu certo. Amoroso fez logo de início uma das partidas mais memoráveis da sua carreira. Na partida de ida, no Morumbi, foi fundamental para a vitória por 2 a 0, na volta, na Argentina, deu uma assistência e marcou um gol no triunfo por 3 a 2.

“O Espanhol tinha acabado, era fim de temporada, então estava me sentindo muito bem. Na semifinal da Libertadores estava bem, e isso fez com que eu tivesse toda oportunidade de estrea e fazer logo de cara uma das melhores partidas minhas com o São Paulo”, diz o atacante.

E claro que o entrosamento com Luizão também foi fundamental para o bom começo. Ambos marcaram goleada de 4 a 0 na final contra o Atlético-PR, e Amoroso lembra com mais carinho o passe que deu para o companheiro do que do seu próprio gol.

“O Luizão eu conheço de olho fechado. Tanto que já sabia que ia estar no segundo pau no terceiro gol da final. Antigamente, jogava aquela bola no primeir. Mas como ali ninguém era tão jovem mais, como já estava  em uma idade avançada já pensei: vou colocar no segundo pau. Eu brinco que a gente já se conhecia pelo assovio”, fala Amoroso.

O bom grupo também ajudou Luizão. Apesar da fama de goleador e com ótimas campanhas na Libertadores, o atacante vinha de uma sequência de lesões antes de fechar com o São Paulo. O ambiente em que foi recebido foi fundamental para assumir o protagonismo na campanha de 2005.

“Ali a desconfiança era grande, por causa das minhas lesões, mas eu fui muito bem recebido, com muito carinho pela torcida e jogadores. Para mim foi uma honra mesmo”, afirmou Luizão, que não esconde a facilidade que era jogar com o antigo companheiro de Guarani.

Ambos começaram em 1992 no Guarani. Depois de um ótimo início na equipe de Campinas, Luizão foi se firmar como um dos principais atacantes do País jogando no Palmeiras e no Corinthians. Já Amoroso foi se firmar no futebol europeu no fim dos anos 90, principalmente com a camisa da Udinese e do Borussia Dortmund, sendo artilheiro e campeão alemão em 2002. Já Cunha passou por Campinas como ortopedista em 1994, retornando ao São Paulo como dirigente em 2002.

“Para mim, a Libertadores e o Mundial tem o mesmo peso da Copa. Me deixaram fora de 2002, em que eu  merecia ter ido. Então coloquei na minha cabeça que aqueles quatro jogos eram passaporte para o Mundial, que para mim tinha o mesmo peso do que ganhar com a Seleção”, diz Amoroso sobre a motivação de trocar a Europa pelo São Paulo.

“Algumas coisas você tem que ligar no futebol. Algumas duplas, relacionamento. Não adianta só pegar o melhor jogador de um lugar e trazer para nós. Será que assim vai ser bom? Sempre tem que ter algum elo, tem que ter feito alguma coisa que mostra experiência. Contratação é uma coisa que tem que ser feita com muita cabeça”, diz Cunha, “pai” da dupla no São Paulo.

Rogério Ceni ergue a taça da Copa Libertadores de 2005
Rogério Ceni ergue a taça da Copa Libertadores de 2005
Foto: Djalma Vassão / Gazeta Press

Depois do título de 2005, as coisas nunca mais foram as mesmas para Amoroso e Luizão. O primeiro saiu do São Paulo para jogar no Milan, mas nunca mais repetiu as boas atuações que teve com a camisa tricolor, se aposentando em 2010. Já Luizão nem participou do Mundial, se transferindo para o Japão logo depois da Libertadores. Ele encerrou a carreira em 2009.

“A gente estava juntos desde moleques. A gente sabia o que o outro fazia, o que pensava. Foi um presente para a nossa carreira ter no final dela se reencontrado e ganhar um título importante como esse”, explicou Luizão.

Se a experiência em Campinas não tinha como dar entrosamento para Marco Aurélio Cunha, deu outra coisa: ambição. O dirigente admite que se recente de não ter participado do bi mundial em 1992 e 1993, e fez de tudo para conseguir o título em 2005.

“Eu me lembro que trabalhei no São Paulo até 1990, depois saí por questões política. Aí o time foi bicampeão do mundo, e eu trabalhei lá 12 anos como médico e não pude participar daquela campanha. Então falei 'vou fazer o São Paulo a ser campeão do mundo e eu quero estar junto'. Isso passava pela Libertadores, ganhar uma Libertadores. E no Morumbi foi extraordinário. Um resultado marcante, 4 a 0, isso para mim é uma lembrança fantástica”, conta o dirigente, que relembra um caso curioso da noite do título.

“Tem aquela salva de prata. Soltaram aquele negócio todo lá. Nós fomos para uma churrascaria e soltamos. No fim, ficou pra lá, ficou pra cá e perguntaram 'doutor, o que é que eu faço com isso aqui?'. Falei, deixa que eu levo. Peguei e levei para minha casa, a minha família estava me esperando. Aí coloquei aquela salva de prata no meu quarto, aí olhei, tinha que levar para o São Paulo no dia seguinte, e fui dormir com ela na minha perna”, relembra Marco Aurélio.

 
Fonte: EFuroni Conteúdo Editorial
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