Jorge Valdivia foi o pivô da confusão ocorrida no Aeroporto Aeroparque, em Buenos Aires, na última quinta-feira, com o time do Palmeiras. Na ocasião, torcedores da organizada Mancha Alviverde se irritaram com o meia e tentaram agredi-lo. Uma xícara arremessada contra o chileno acertou o goleiro Fernando Prass, que chegou a levar três pontos na cabeça para reparar o ferimento. Isto ocorreu um dia depois de a equipe ser derrotada pelo Tigre por 1 a 0, pela fase de grupos da Copa Libertadores.
Nesta sexta, Valdivia pediu para falar. O meia optou por explicar os motivos da confusão e apontou um indivíduo como responsável pela briga ocorrida em Buenos Aires. Segundo o chileno, o torcedor conhecido como "Zeca Urubu", que já se envolveu em agressões contra os ex-palmeirenses João Vitor e Fabinho Capixaba, foi o responsável pela briga.
"Não é um acontecimento normal. No momento, fiquei muito assustado mesmo, porque vi muito ódio nesses torcedores. Acredito que foi por causa do que aconteceu no dia anterior. Espero que essa coletiva sirva para entender mais tudo o que aconteceu e, daqui para frente, falar do Palmeiras pelo que faz dentro de campo", afirmou Valdivia.
Torcedor grava confusão entre palmeirenses no aeroporto; veja:
O fato "que aconteceu no dia anterior" citado pelo jogador foi uma provocação antes da partida contra o Tigre. Segundo o chileno, ele foi xingado por Zeca Urubu enquanto aquecia e respondeu com um ato obsceno. Isto irritou os membros da organizada, que ainda viram o Palmeiras ser derrotado com gol no último minuto da partida.
Valdivia ainda alegou estar abatido com a confusão e que não pensou sobre seu futuro no Palmeiras, uma vez que a agressão poderia motivá-lo a deixar o clube. O meia apenas lamentou o "ódio" que observou no aeroporto e ressaltou que seu problema foi somente com Zeca Urubu.
"Depois do que aconteceu na Argentina, não deu para pensar em nada. Eu estava meio em choque. Nunca tinha vivido isso. Só pensava no ódio dos torcedores de querer bater. Não deu para pensar em muita coisa de sair, de ir embora. Foi precisamente por isso que pedi para falar hoje e esclarecer o que aconteceu. Nunca quis generalizar a torcida. Já fui xingado e vaiado e nunca falei mal. Nunca respondi a torcida nenhuma", disse o chileno.
A agressão de uma torcida organizada do Palmeiras aos jogadores nesta quinta-feira, em um aeroporto da Argentina, foi apenas mais um capítulo das confusões envolvendo torcedores do clube com atletas e técnicos. Membros da organizada cobraram jogadores após a derrota por 1 a 0 para o Tigre e partiram para cima de Valdivia no saguão. Relembre outros dez casos, do mais recente para o mais antigo:
Foto: AFP
Em janeiro de 2013, o lateral direito Fabinho Capixaba foi xingado por torcedores nas imediações de um salão de cabeleireiro, e entrou em conflito físico com o agressor, em uma rua na frente do Palestra Itália
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Em outubro de 2011, o volante João Vitor foi agredido por um grupo de torcedores quando estava com mais dois amigos na loja oficial do Palmeiras para comprar camisas. O jogador teria sido provocado e entrado em um enfrentamento com os torcedores, saindo com a boca machucada por causa de chutes no rosto. O atleta foi afastado do elenco pouco depois e deixou o clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Antes ídolo do clube, o atacante Kleber foi alvo de protestos em outubro de 2011, quando um grupo de torcedores foi até o condomínio onde o jogador mora, em Osasco, com uma faixa para pedir sua saída do clube. Já em frente ao Palestra Itália, um boneco do jogador foi surrado e queimado. No mês seguinte, ele saiu do Palmeiras rumo ao Grêmio
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Na chegada da delegação palmeirense ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para um jogo contra o Internacional em junho de 2011, alguns membros de torcida organizada hostilizaram os jogadores. O volante Marcos Assunção se revoltou e discutiu asperamente com os torcedores, chegando a ser ameaçado, para defender atletas criticados como Luan e Adriano "Michael Jackson"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Após a goleada por 6 a 0 sofrida para o Coritiba em maio de 2011, pela Copa do Brasil, o atacante Luan foi quem pagou o preço. Um coquetel molotov (arma incendiária) foi atirado para dentro do CT Academia de Futebol e atingiu o carro do jogador, quebrando o vidro da janela. Luan continuou sendo criticado por torcedores, e em 2013 acertou sua saída do clube
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em abril de 2010, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil contra o Atlético-GO, o meia Diego Souza foi substituído e muito xingado por um grupo de torcedores no Palestra Itália. O jogador, que já vinha sendo criticado pela torcida desde o fim do Brasileiro de 2009, ficou furioso e respondeu com muitos palavrões. Acabou saindo do Palmeiras no mês seguinte e acertando com o Atlético-MG
Foto: Getty Images
Em dezembro de 2009, o atacante Vagner Love, principal contratação alviverde do ano, foi agredido por três torcedores quando saía de uma agência bancária na capital paulista. O atleta teve seu carro chutado e também recebeu pontapés. Após o episódio, acertou sua transferência para o Flamengo para a temporada 2010
Foto: Reinaldo Marques / Terra
Na semana anterior à agressão contra Vagner Love, o também atacante Lenny também passou por situação muito semelhante. O jogador estava saindo de um banco quando foi cercado e ameaçado por torcedores organizados do Palmeiras
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em novembro de 2008, foi a vez do técnico Vanderlei Luxemburgo sofrer com a violência de torcedores organizados. Em embarque do Palmeiras no Aeroporto de Congonhas, cerca de 20 torcedores causaram confusão e trocaram empurrões com o treinador, que precisou imobilizar o braço machucado após o episódio. Ele deixou o Palmeiras em junho do ano seguinte, após polêmica envolvendo o atacante Keirrison
Foto: Helio Suenaga / Gazeta Press
Hoje ídolo no Corinthians, o técnico Tite também foi ameaçado por torcedores organizados em setembro de 2006, em episódio que culminou com seu pedido de demissão do clube. O treinador saiu alegando desavenças com o diretor Salvador Hugo Palaia, e foi alvo de protestos de torcedores no Aeroporto de Cumbica, precisando de escolta policial para deixar o local