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Maradona deixa cargo de técnico sem repetir sucesso como jogador

27 jul 2010 - 20h03
(atualizado às 22h02)
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Diego Maradona deixa o cargo de técnico da seleção argentina com a frustração de não conseguir repetir na função o sucesso que teve em quase duas décadas de carreira como jogador.

Poucos dias após comparar a recente eliminação da Copa do Mundo da África do Sul com a dor que sentiu ao pendurar definitivamente as chuteiras, em 1997, Maradona afirmou que seu ciclo como técnico nacional havia terminado.

Com o passar do tempo, no entanto, foram crescendo os rumores dando conta que o apoio do Governo local e a Copa América de 2011, que será realizada no país, inclinariam a balança a favor da continuidade.

Mas as exigências impostas pela Associação de Futebol Argentino (AFA) para a permanência de Maradona praticamente o obrigaram a se afastar da seleção, ao impor condições que todo o mundo futebolístico argentino sabia que o técnico não aceitaria.

Diego Armando Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 em Villa Fiorito, um humilde bairro dos arredores de Buenos Aires que foi testemunha de seus primeiros movimentos bruscos e do começo da relação com a que foi sua melhor amiga dentro de um campo de futebol, a bola.

Em 1976, estreou na primeira divisão argentina e em pouco tempo ninguém teve dúvidas de que seria um verdadeiro craque. Dois anos depois, era o artilheiro dos torneios argentinos e em 1979 chegaria sua primeira grande consagração internacional, com a seleção sub-19 que ganhou a Copa do Mundo do Japão.

Se transferiu do Argentinos Juniors para o Boca Juniors em 1981 e foi campeão e ídolo absoluto na equipe mais popular da Argentina. Até que, uma temporada mais tarde, fechou com Barcelona, onde jogou duas temporadas e obteve um título, a Copa do Rei.

A Itália foi sua escala seguinte e a que rendeu maior sucesso. Pelo Napoli, conquistou um inédito Campeonato Italiano, em 1986/87, além da Copa local. Voltou a faturar o título nacional em 1989/90, a Copa da Uefa de 1988/89 e a Supercopa da Itália em 1991.

Pela seleção, teve frustrado o sonho de disputar a Copa de 1978, ao não ter sido convocado pelo técnico César Menotti para o torneio disputado em casa. Entretanto, oito anos depois, no México, protagonizou uma das maiores atuações individuais de um atleta em um Mundial, levando seu país ao bicampeonato.

Em grande parte, foi pela atuação em campos mexicanos que "Dom Diego" é considerado por muitos, não apenas argentinos, o maior jogador de futebol da história.

Jogou também pelo Sevilla, onde se reencontrou com o técnico Carlos Billardo, o mesmo do título da Copa de 1986 e do vice-campeonato de 1990. Mas nessa época já estava envolvido com as drogas, que renderam várias punições por doping, incluindo um flagrante no Mundial de 1994, nos Estados Unidos.

Maradona parou de jogar em 1997 e voltou a ser destaque apenas em 2000, quando uma overdose o colocou perto da morte na cidade uruguaia de Punta del Este.

Pouco depois, viajou para Cuba para se submeter a um tratamento por sua dependência e por um severo problema cardíaco. Entre 2004 e 2005, viveu entre sanatórios, centros de reabilitação e sets de televisão por sua incursão como apresentador de La noche del 10, o programa que conduziu durante vários meses com altíssimos níveis de audiência.

Em 2007, foi hospitalizado durante 40 dias, 15 deles em uma clínica psiquiátrica, por uma recaída física produzida por um excesso de alimentação e álcool.

Longe de se apagar, a chama de Maradona ressurgiu com mais força no final de 2008, quando assumiu como técnico da seleção argentina após a demissão de Alfio Basile.

Não sem sofrimento, conseguiu classificar a equipe para a Copa, aonde chegou com o objetivo de voltar a ser campeão mundial, mas acabou sendo eliminado com uma dolorosa goleada para a Alemanha nas quartas de final por 4 a 0.

Dizem que Maradona chorou e disse a amigos que pediria demissão, mas que a recepção dos torcedores em Buenos Aires o comoveu. Agora, deverá se reinventar para continuar sua carreira ligada ao futebol. E se alguém sabe de ressurreições, este alguém é, justamente, Diego Maradona.

Maradona estreou no comando da Seleção Argentina em um amisotoso diante da Escócia, realizado na cidade de Glasgow, em outubro de 2009
Maradona estreou no comando da Seleção Argentina em um amisotoso diante da Escócia, realizado na cidade de Glasgow, em outubro de 2009
Foto: AFP
EFE   
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