Almoço e oposição: veja bastidores da queda de Juvenal
Atacada até no discurso de posse de Carlos Miguel Aidar, a oposição do São Paulo está mais próxima do que nunca do atual presidente tricolor. Prova disso é que alguns de seus membros sabiam da demissão de Juvenal Juvêncio (aliado histórico de Aidar no clube e principal apoiador de sua candidatura) antes mesmo de o próprio ex-presidente ser comunicado.
A reaproximação começou há cerca de dois meses. De lá para cá, Aidar, aos poucos, foi pondo em prática o que havia dito no encontro, realizando o choque de gestão prometido em campanha. Contratou uma consultoria e passou a demitir funcionários herdados da administração anterior e considerados supérfluos ou habituados a um modelo visto como ultrapassado. O passo definitivo da ruptura com Juvenal foi avisado aos oposicionistas em almoço na sexta-feira passada.
Três dias depois, Juvenal foi informado de sua demissão da diretoria de futebol amador. “Comunico o fim da colaboração do Dr. Juvenal Juvêncio na diretoria por mim presidida. O São Paulo Futebol Clube reconhece a importante contribuição que Juvenal sempre deu ao clube, primeiro como diretor, depois como presidente e por último como diretor novamente", dizia a nota. Em apoio, Roberto Natel deixou a vice-presidência.
Embora seja mais velho, Juvenal foi levado à política do São Paulo por Aidar, que presidiu o clube de 1984 a 1988. No fim daquela década, ele teve seu primeiro mandato de dois anos, voltando a ser presidente de 2006 até abril deste ano, quando devolveu o cargo justamente para Aidar, a quem escolheu como melhor nome para sucedê-lo entre quatro opções possíveis. Por isso, sentiu-se traído diante da manobra realizada pelo antigo parceiro.
"Como ele me traiu, vai trair o São Paulo, vai depredar este clube", disse Juvenal à Fox Sports, horas depois da demissão. "A sorte é que o time está ganhando, porque, no futebol, quando a equipe vence, o presidente é bom. Mas fomos nós que montamos este time, ele não entende de futebol. Não ia aos jogos por 24 anos, preferia ir ao Guarujá".
Por ora, a reaproximação política não significa que a oposição terá cargos. De qualquer forma, na terça-feira, dia seguinte à saída de Juvenal, membros da diretoria atual receberam no CT da Barra Funda a visita de um dos principais nomes da oposição, eleito conselheiro em abril e que participou do almoço com o presidente, na sexta-feira. Os líderes da chapa rival na eleição, Marco Aurélio Cunha e - principalmente - Kalil Rocha Abdalla, não estão na dianteira.