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Milhares de manifestantes enfrentam polícia em Belo Horizonte

22 jun 2013 - 18h10
(atualizado às 20h28)
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Uma multidão com mais de 66 mil pessoas ocupava neste sábado a região do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, onde grupos enfrentavam a Força Nacional à margem da partida entre México e Japão (2-1) pelo Grupo A da Copa das Confederações".

Gritando frases contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, milhares de pessoas tentaram romper o cordão de isolamento montado em torno do estádio e foram reprimidos pela Força Nacional com bombas de gás lacrimogêneo.

A passeata na capital mineira começou na Praça Sete, no centro da cidade, e seguiu por cerca de 15 quilômetros em direção ao Mineirão. Na avenida Antônio Carlos, a multidão avançou em direção ao cordão de isolamento, localizado a dois quilômetros do estádio.

Diante da ameaça, os agentes da Força Nacional dispararam ao menos 20 bombas de gás lacrimogêneo em direção aos manifestantes, que correram no sentido contrário.

"Somos contra a copa porque ela esconde os reais problemas do país", disse à AFP o músico Leonardo de Melo, para quem o discurso da véspera da presidente Dilma Rousseff foi apenas "retórica". "A mudança real está nas ruas e espero que o movimento continue".

Em São Paulo, um protesto contra a PEC 37 - que retira o poder de investigação do ministério público - reuniu cerca de 4 mil pessoas diante do MASP, na avenida Paulista, que foi interditada ao tráfego nos dois sentidos.

Os manifestantes planejam seguir para o centro da cidade, até à rua Riachuelo, para protestar diante da sede do Ministério Público Estadual.

Outros protestos contra a PEC 37 foram organizados em cerca de dez cidades, incluindo Brasília.

Em Salvador, onde o Brasil venceu a Itália por 4 a 2 pelo Grupo A da Copa das Confederações, um protesto reuniu cerca de duzentas pessoas na região do shopping Iguatemi, constatou a AFP.

"Não queremos tirar Dilma Rousseff do poder, mas exigimos que a mesma quantidade de dinheiro que se gastou na construção de estádios para a Copa seja destinada a projetos de saúde e educação", disse à AFP Alexandre, estudante de direito de 23 anos.

Dezenas de torcedores no estádio da Fonte Nova exibiram cartazes nas arquibancadas para apoiar os protestos nas ruas: "Não é contra a seleção, é contra a corrupção".

As manifestações foram convocadas nas redes sociais para todo o país, apesar do discurso da presidente Dilma Rousseff, que prometeu na véspera um grande pacto nacional para melhorar os serviços públicos.

Dilma admitiu que o país precisa de "formas mais eficazes de combate à corrupção" e prometeu "escutar as vozes da rua", em um comunicado à nação em rede nacional após protestos que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas.

A presidente propôs um plano nacional de mobilidade que privilegie o transporte público, destinar 100% dos recursos dos royalties do petróleo para a educação, trazer milhares de médicos estrangeiros para ampliar o sistema de saúde e receber os líderes das manifestações pacíficas, de sindicatos, movimentos de trabalhadores e associações populares.

Ainda assim o movimento Passe Livre de São Paulo (MPL), que desencadeou o movimento de protestos contra o aumento do custo do transporte, indicou neste sábado que as manifestações irão continuar, após vários de seus porta-vozes afirmarem na sexta-feira que suspenderiam as ações.

"Não estamos suspendendo os protestos. Sempre afirmamos que a luta contra o aumento - das tarifas de ônibus - iriam continuar até a revogação. Agora que a tarifa baixou, vamos continuar a luta pela tarifa zero" anunciou em sua página no Facebook.

Nas redes sociais começaram as reações ao discurso à nação da presidente Dilma, que prometeu trabalhar por melhores serviços e ouvir a voz das ruas. Uma das imagens postadas e replicadas era a de um homem quase dormindo: "Minha cara enquanto a Dilma fala", dizia a legenda. Outros, no entanto, elogiaram a declaração da presidente, denunciando a corrupção e reconhecendo como legítima as reivindicações dos manifestantes.

Inicialmente contra o aumento dos transportes públicos, uma medida que foi revertida em várias cidades do país após a onda de protestos, as manifestações em todo o Brasil se referem a uma reivindicação geral contra a má qualidade dos serviços públicos, a corrupção e os gastos milionários com a Copa do Mundo de 2014.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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