Minerazo 2.0: Cruzeiro é atropelado pelo River e cai na Libertadores
Mais de dez meses depois da goleada sofrida pela seleção brasileira para a Alemanha por 7 a 1 nas semifinais da última Copa do Mundo, o Mineirão foi palco nesta quarta-feira de uma nova dura derrota de uma equipe da casa, desta vez o Cruzeiro, que perdeu para o River Plate por 3 a 0 e foi eliminado nas quartas de final da Taça Libertadores.
Assim como a equipe de Luiz Felipe Scolari em julho passado, a Raposa teve atuação bem abaixo em relação às que vinha apresentando e foi presa fácil para o adversário, que, graças aos gols marcados por Sánchez, Maidana e Gutiérrez, reverteu o revés de 1 a 0 sofrido em Buenos Aires na semana passada.
De quebra, os visitantes quebraram um jejum, já que haviam enfrentado o time celeste seis vezes no Mineirão e em todas elas haviam saído derrotados.
Vencedores do torneio continental em 1986 e 1996, os 'Millonarios' vão às semifinais pela 14ª vez e esperam agora pelo classificado do duelo entre Racing e Guaraní. O time paraguaio jogará pelo empate em Avellaneda nesta quinta-feira, depois de terem vencido por 1 a 0 em Assunção. Na outra semifinal, o Internacional enfrentará o Tigres, do México.
Para o Cruzeiro, o sonho do tri é interrompido nas quartas pelo segundo ano seguido, após a eliminação para o San Lorenzo em 2014. Resta buscar o terceiro título seguido do Campeonato Brasileiro e o penta da Copa do Brasil.
O técnico Marcelo Oliveira não fez mistério e repetiu a escalação da semana passada. O meia Gabriel Xavier e o atacante Alisson, reservas de luxo que eram dúvida devido à condição física, ficaram no banco normalmente e entraram para o desespero na segunda etapa.
No River, Marcelo Gallardo tinha duas dúvidas técnicas. Apesar dos problemas físicos, Mercado foi mantido na lateral direita, enquanto no meio, quando muitos imaginavam uma disputa entre Martínez e Pisculichi, Rojas foi escalado. Mora, que reclamou de dores no joelho esquerdo, foi titular do ataque.
O começo de jogo foi bastante agitado, e logo aos dois minutos o time visitante teve chance com Gutiérrez, mas Bruno Rodrigo apareceu na hora certa para travar. A resposta veio segundos depois, com Willian, que aproveitou passe de cabeça de Leandro Damião, ganhou da marcação e chutou por cima.
O time da casa abusava da sorte, e aos oito foi Mora quem ia aparecendo livre dentro da área. Depois do cruzamento por baixo da direita, o atacante ficaria livre na entrada da pequena área, mas errou o domínio.
Faltava intensidade ao Cruzeiro, que não conseguia manter a posse de bola e se sentia pressionado pela marcação cada vez mais adiantada do adversário. A apatia celeste foi castigada aos 19, quando Mora levou a melhor em disputa pelo meio e adiantou para Gutiérrez. O colombiano percebeu o deslocamento de Sánchez e virou na direita para o volante, que dominou com calma e fuzilou Fábio por baixo.
Atônita e diante de um adversário embalado, a Raposa escapou por pouco de levar o segundo logo em seguida, aos 24. Sánchez escapou pela direita mais uma vez e cruzou procurando Mena, que se esticou todo e não alcançou por centímetros.
As oportunidades não eram abundantes, e, para piorar, os donos da casa não estavam com a mira em dia. Aos 27 minutos, De Arraesca, apagado até então, tentou encobrir o goleiro Barovero e exagerou na força. Aos 36, Mena ficou com a sobra na meia esquerda, arriscou de primeira e isolou.
Os erros aconteciam na frente e atrás. Aos 43, Bruno Rodrigo estava sozinho na área de defesa após lançamento, mas, afobado, cedeu escanteio que viria a ser fatal. Ponzio bateu, Maidana apareceu livre e cabeceou firme no canto direito.
A conversa de vestiário com Marcelo Oliveira não surtiu efeito, já que a defesa cruzeirense continuou dando bobeira, e os 'Millonarios' marcaram o terceiro aos seis minutos. Manoel falhou na saída de bola, Mora levou a melhor pelo alto e deixou com Gutiérrez, que deu um drible da vaca em Bruno Rodrigo e acertou o canto esquerdo.
A pressão se transformou em desespero, o que ficou nítido aos 18. Como a Raposa não conseguia entrar na área adversária, Marquinhos optou pelo chute de longe, mas mandou pela linha lateral. Mais eficiente, Sánchez pegou sobra na entrada da área aos 19 e tirou tinta da trave direita de Fábio.
Em lance protagonizado por atletas que entraram no segundo tempo, Joel driblou na ponta direita e soltou atrás para Gabriel Xavier, que encheu o pé e encobriu a meta, aos 28 minutos.
A falta de sorte - ou de pontaria - minou qualquer possibilidade de reação do bicampeão brasileiro, que acertou a trave duas vezes em dois minutos. Aos 30, Damião girou na entrada da área e bateu firme no pé do poste direito. Aos 32, Alisson arriscou da ponta direita, a bola caprichosamente beijou o travessão, a trave, e não entrou.
A pá de cal foi jogada aos 42, não pelo quarto gol, que Martínez tinha tudo para fazer ao partir na frente da marcação no contra-ataque, mas por Gabriel Xavier, que puxou o meia adversário e foi expulso. Mora isolou a cobrança da infração, mas isso nada interferiu na classificação do time de Buenos Aires.
Ficha técnica:.
Cruzeiro: Fábio; Mayke, Bruno Rodrigo, Manoel e Mena; Willians (Marquinhos) e Henrique; Marquinhos, De Arrascaeta (Gabriel Xavier) e Willian (Alisson); Leandro Damião. Técnico: Marcelo Oliveira.
River Plate: Barovero; Mercado (Pezzella), Maidana, Funes Mori e Vangioni; Sánchez, Ponzio (Mayada), Kranevitter e Rojas; Gutiérrez (Martínez) e Mora. Técnico: Marcelo Gallardo.
Árbitro: Wilmar Roldán (Colômbia), auxiliado pelos compatriotas Wilson Berrio e Alexander Guzmán.
Cartões amarelos: Mena, Willian e Joel (Cruzeiro); Barovero e Mercado (River Plate).
Cartão vermelho: Gabriel Xavier (Cruzeiro).
Gols: Sánchez, Maidana e Gutiérrez (River Plate).
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte.
