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MLS

Brasileiro vira substituto de Beckham na MLS, mas sonha com São Paulo

7 out 2012 - 10h10
(atualizado em 23/10/2012 às 14h23)
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Danilo Vital

Um jovem volante que não conseguiu espaço na geração de são-paulinos que se profissionalizou em 2008 agora se firma como o substituto de David Beckham no Los Angeles Galaxy. Vitor Gomes Pereira Junior, o Juninho, é o homem da bola parada quando o astro inglês da Major League Soccer (MLS) não joga, mas apesar do status crescente nos Estados Unidos e da posição confortável, sonha com a volta ao Morumbi para poder jogar com a camisa tricolor.

Em entrevista exclusiva por telefone ao Terra, Juninho detalhou a relação com Beckham, um "paizão" no elenco e um role model a se inspirar, principalmente pelo talento nas finalizações. A afinidade do astro com brasileiros, que data da época em que jogava com Ronaldo e Roberto Carlos no Real Madrid, da Espanha, ajudou a afinar a parceria com o volante, que já se destaca com golaços em potentes chutes de média e longa distância.

Com 23 anos, Juninho é titular na maior franquia da MLS, aproveita do esparso destaque que o esporte recebe nos EUA e pode curtir o dia-a-dia sem preocupações comuns a jogadores brasileiros. "Aqui não tem cobrança de torcedor, não tem segunda divisão", disse. Os planos, no entanto, são voltar ao São Paulo para brigar por espaço. Prova disso é que renovou o contrato com o clube até dezembro de 2014, apesar da falta de interesse.

Até o final do ano, no entanto, ele vai continuar jogando ao lado de Beckham, aprendendo com o amigo nos treinamentos para substituí-lo sempre que necessário, com um status para poucos no futebol mundial. Confira a entrevista exclusiva do meio-campista brasileiro:

Terra: Juninho, você é um dos destaques do Los Angeles Galaxy, titular do meio-campo, mas não é muito conhecido no Brasil. Como surgiu a oportunidade de jogar nos Estados Unidos?

Juninho: Em 2010, a MLS estava interessado em pegar atletas do futebol brasileiro. Eles foram na época ao São Paulo atrás de jovens talentos com bom futebol e que pudessem pagar barato. Como eu não estava sendo aproveitado, fui com o Alex Cazumba, o Leonardo e o Bruno. Eu estava no profissional, mas não ia ser aproveitado.

Terra: como foi a adaptação ao estilo de jogo e à vida nos EUA?

Juninho: Sinceramente, eu não conhecia quase nada do futebol deles. Mas foi uma experiência boa de crescer junto a Liga. O futebol é totalmente diferente, eles têm muita força física e não são de tocar a bola. São mais bolas diretas, é muito corpo a corpo. Meus três primeiros meses foram difíceis, mas me adaptei. Os jogos são sempre com estádio cheio, temos muitos torcedores acompanhando.

Terra: você conquistou destaque principalmente com chutes de longa distância. A maioria dos seus gols são assim, com chutes fortes, o que parece encaixar bem nesse estilo de jogo que você citou. Isso ajudou mesmo?

Juninho: Eu sempre tive essa característica de chutar forte, de bater bem na bola. Não pude mostrar isso no São Paulo, também por opção da diretoria. Mas por estar aqui com oportunidade as coisas estão saindo bem. É a característica que eu tenho.

Terra: outro jogador do Galaxy que bate bem na bola é o David Beckham. Vocês conversam sobre isso? Como é a relação com ele, que é um jogador mundialmente conhecido?

Juninho: Ele é um paizão. É um cara que todo mundo respeita, e todos têm admiração por ele. É um cara que sempre conversa, bate papo fora de campo, e que hoje é um parceiro de meio-campo. Já são três anos jogando junto, então temos muita afinidade. Me espelho bastante nele, principalmente na bola parada.

Terra: mas vocês têm uma relação pessoal também?

Juninho: Temos uma relação por jogarmos juntos há três anos. Ele é gente boa e gosta de brasileiros, fez amizades importantes quando jogava no Real Madrid com o Ronaldo, o Roberto Carlos. Temos afinidade. E quando ele não joga eu tenho a responsabilidade de bater as faltas, os escanteios. É uma coisa que venho treinando muito, fico olhando ele no dia-a-dia.

Terra: a contratação dele pelo Los Angeles Galaxy foi um dos fatores que ajudou a popularizar o futebol nos Estados Unidos e chamar a atenção do mundo. Ele realmente tem esse destaque todo no clube?

Terra: Ultimamente, nem tanto. Foi mais quando ele chegou na Liga. Há cinco anos ninguém conhecia direto a Liga, e ele serviu para revolucionar nesse sentido. Com a chegada dele vieram grandes astros como Rafa Marques, Ljungberg, Henry, Nesta. Hoje em dia ele é menos balado e tem uma vida menos conturbada porque todo mundo já se acostumou. Existe o assédio, mas por outros esportes serem mais conhecidos aqui é mais tranquilo.

Terra: e como é a vida de um jogador regular, se comparada com o Brasil, por exemplo?

Juninho: É bem diferente do Brasil, onde tem grande badalação e os jogadores são estrelas. É bem tranquilo. Nós vivemos perto da praia, o estádio é aqui perto. E aqui não tem cobrança, não tem segunda divisão, então não existe o perigo de cair, não tem euforia de torcedor. É muito diferente. As coisas aqui funcionam, vamos dizer assim. Eles são bem profissionais.

Terra: dizem que futebol, nos Estados Unidos, é esporte de mulher. Elas têm mais torcida, mais destaque. Você já chegou a ter essa impressão?

Juninho: Eu já frequentei algumas escolinhas de futebol e, realmente, as meninas estão bem à frente dos meninos, mas eles estão crescendo bem. O esporte aqui é pequeno, mas sem dúvida nenhuma daqui a dois ou três anos vai estar estourando, vai estar em boa posição.

Terra: você ainda tem contrato com o São Paulo?

Juninho: Tenho contrato até 2014. Esse ano renovei por mais três. Eu fiz a pré-temporada no São Paulo, mas não tive oportunidade com o técnico Leão, então resolvi voltar para o Galaxy por empréstimo.

Terra: você está em uma boa posição no Galaxy, com cada vez mais destaque. O que pretende fazer: ficar nos Estados Unidos ou voltar ao Brasil para buscar esse espaço que ainda não conseguiu?

Juninho: Quando acabar o empréstimo aqui no final do ano, primeiro eu vou voltar ao São Paulo. É um clube com o qual tenho contrato, então vou tentar pegar alguma posição lá entre os profissionais. Caso não dê certo, já tenho algumas propostas internacionais. Vou pensar na melhor maneira de lidar com isso.

Juninho tem relação boa com Beckham e vive sem pressão nos Estados Unidos
Juninho tem relação boa com Beckham e vive sem pressão nos Estados Unidos
Foto: Robert Mora/LA Galaxy / Divulgação
Fonte: Terra
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