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Monaco deixa de se comportar como rico e adota estratégia menos ambiciosa

2 set 2014 - 21h35
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A saída do atacante colombiano Radamel Falcao Garcia para o Manchester United, nas últimas horas antes do fechamento da janela de transferências do mercado europeu, sinaliza os novos tempos no Monaco: de um dos clubes que mais investiram em contratações nos últimos anos a mais um vendedor.

Para transformar a equipe em uma potência europeia, o multimilionário russo Dmitry Rybolovlev desembolsou 230 milhões de euros (R$ 676 milhões) para contratar craques. Levou o Monaco da segunda divisão ao vice-campeonato francês na elite e à conquista de uma vaga na Liga dos Campeões da Europa.

Mas o tempo de dinheiro farto parece ter acabado. A mudança para um estratégia menos ambiciosa nesta temporada começou a ganhar força com a venda do também colombiano James Rodríguez, um dos principais destaques da Copa do Mundo, ao Real Madrid por 80 milhões de euros (R$ 253 milhões).

"Não podemos concorrer com os atrativos dos grandes clubes do continente, como o Real Madrid ou o Manchester. Para isso, é preciso algo mais do que dinheiro e ambição. É preciso uma grande cidade, gente que venha ao campo e estar em uma grande liga", explicou o número dois do clube, Vadim Vasilyev, ao jornal "L'Équipe".

A falta de torcida no estádio Louis II e de imprensa própria no principado são apontados como fatores que afastam os principais jogadores do Monaco. E teriam motivado Falcao a sair do clube, forçando os dirigentes a negociá-lo por um empréstimo avaliado em 10 milhões de euros (R$ 29,4 milhões) ao Manchester United. A direção queria, inicialmente, a venda do atacante por 50 milhões de euros.

Vasilyev afirmou que agora o projeto será "a longo prazo", com uma aposta esportiva atrativa e de jovens promessas.

Além disso, ele afirmou que o clube teve que pagar 50 milhões de euros para a Liga de Futebol Profissional da França, sem o apoio de patrocinadores, para continuar disputando o campeonato nacional. O pagamento foi feito para minimizar as vantagens fiscais que o principado tem em relação à França.

Se a saída de James foi bem assimilada pelos companheiros, a de Falcao ameaça desestabilizar o vestiário porque o valor simbólico do atleta era considerado como superior à sua contribuição esportiva. "Para nós, é como o Ibrahimovic para o Paris Saint-Germain", afirmou o goleiro Danijel Subasic.

O meia português João Moutinho, que nunca escondeu que aceitou a oferta do Monaco, no ano passado, atraído pelo ambicioso projeto de Rybolovlev, se transformou no único no jogador de renome internacional no clube.

No domingo passado, enquanto Falcao assistia ao jogo da equipe na arquibancada do estádio Louis II e vários veículos de comunicação davam como certa sua saída, Moutinho se mostrava inquieto, preocupado em ficar isolado em um clube que não atende seus interesses.

Alçado ao posto de homem-chave do projeto, dirigido pelo seu compatriota Leonardo Jardim, Moutinho terá que comandar um grupo de jovens promessas ao lado de jogadores mais experientes como Éric Abidal, ex-Barcelona.

Os problemas financeiros levam a imprensa francesa a considerar que o Monaco não fará frente ao Paris Saint-Germain na luta pelo Campeonato Francês nesta temporada. Alguns cogitam até uma eliminação precoce na Liga dos Campeões, em um grupo formado por Bayer Leverkusen, Benfica e Zenit.

O silêncio na cúpula do clube tem multiplicado as hipóteses para explicar a mudança de orientação de Rybolovlev. Uns atribuem a crise a seu divórcio milionário, que pode lhe custar até 3 bilhões de euros. Outros dizem que problemas de saúde atrapalham o proprietário do clube, após retirar um tumor em junho do ano passado.

Há também um mal-estar de Rybolovlev com o principado. O governo de Mônaco se nega a lhe conceder passaporte do país, o que alguns jornais alegam como medida para evitar que o documento possa ser usado para a proteção do magnata de eventuais problemas legais na Rússia.

EFE   
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