Campeões da Sub-20 amargam reserva e são coadjuvantes em seus clubes
22 ago2011 - 16h42
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Marcel Alonso
Direto de São Paulo
Depois de vencer a seleção portuguesa por 3 a 2 na prorrogação, o Brasil conquistou o pentacampeonato do Mundial Sub-20 na Colômbia. Porém, a maioria dos jogadores do time voltará aos seus clubes ainda como coadjuvantes. Alguns surgem como boas opções, mas em compensação existem casos de jogadores que nem vaga no banco de reservas costumavam ter.
Existem poucas e raras exceções, como é caso do lateral Danilo, campeão paulista e da Libertadores pelo Santos. Ele acabou de ser negociado com o Porto por 13 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões de reais), mas antes de ir para Portugal disputa o Mundial de Clubes, em dezembro, com a equipe brasileira.
Outro exemplo para não se esquecer, é do herói do título, Oscar. Com cinco gols no Brasileiro, já conquistou a confiança do novo treinador Dorival Junior, sem ao menos ter trabalhado com o ex-comandante do Atlético-MG. O meia do Internacional foi o único atleta a furar a meta da seleção de Portugal (até a final, a equipe portuguesa ainda não tinha sido vazada).Veja a situação de cada campeão em seu clube:
Gabriel (Goleiro/Cruzeiro): Apesar de falhar feio na final contra Portugal, se consolidou como um dos principais atletas deste grupo, ao defender dois pênaltis na decisão das quartas de final contra a Espanha. Já foi convocado por Mano Menezes para uma série de treinos em Barcelona, mas no Cruzeiro dificilmente terá oportunidades, já que o titular absoluto é o ídolo Fábio.
Danilo (Lateral/Santos) - Vive ótimo fase. Revelado pelo América-MG, o multifuncional Danilo foi contratado pelo Santos para atuar como volante e lateral. Com a amarelinha, se destacou no Sul-Americano Sub-20, marcando um gol na final contra o Uruguai. Marcou outro gol decisivo na decisão que deu o tricampeonato da Libertadores para o Santos. Durante o Mundial Sub-20 foi convocado por Mano Menezes para disputar amistoso contra a seleção de Gana.
Bruno Uvini (Zagueiro/São Paulo) - Capitão da Seleção no Mundial, Bruno Uvini volta com moral no São Paulo. Devido a escassez de zagueiros na equipe do Morumbi, pode até brigar com Xandão e João Filipe por uma vaga ao lado de Rhodolfo. Mas a princípio é reserva.
Juan (Zagueiro/Internacional) - Antes do Mundial, chegou a atuar como titular ao lado de Bolívar. Com o retorno do experiente Índio e as boas atuações do jovem Rodrigo Moledo, ficará apenas como opção.
Gabriel Silva (Lateral/Palmeiras) - Apesar do título, não foi bem. Ganhou a vaga do ex-santista Alex Sandro, cortado por contusão. No Palmeiras, nunca se firmou e chegou a ser reserva do criticado Rivaldo.
Fernando (Volante/Grêmio) - Tem o perfil que todo gremista admira. Forte na marcação e que não desiste de nenhuma bola. Pode brigar por um espaço ao lado de Fábio Rockemback, mas até agora não conseguiu garantir seu espaço.
Casemiro (Volante/São Paulo) - Excelente no jogo aéreo, era titular absoluto de Carpegianni. Agora com Adilson Batista terá que reconquistar o lugar cativo que tinha antes do Mundial.
Phillipe Coutinho (Meia/Internazionale) - Uma das maiores decepções de Ney Franco. Revelado no Vasco, foi contratado pela equipe italiana. Começou bem a temporada passada, mas foi caindo de produção e hoje é apenas mais um na Inter.
Oscar (Meia/Internacional) - Depois de um começo irregular no clube, fez uma boa Libertadores e era o artilheiro do Internacional no Campeonato Brasileiro, com cinco gols. Elogiado por Dorival Júnior, volta com vaga quase assegurada ao lado do argentino D´Alessandro para tentar se firmar e afastar o rótulo de promessa que o acompanha desde os tempos nas categorias de base do São Paulo.
William José (Atacante/São Paulo) -Teve poucas chances desde que foi contratado pelo São Paulo no começo do ano. O elenco da equipe paulista conta com muitos atacantes, e em breve terá o retorno de Luis Fabiano.
Henrique (Atacante/São Paulo) -Apesar de ser eleito melhor jogador e artilheiro do Mundial Sub-20, pode não ficar no São Paulo. Logo que retornou ao Brasil, Henrique declarou que não voltará ao time do Morumbi. Até o momento, teve poucas chances, já foi emprestado ao Vitória e nunca se firmou.
Banco de Reservas - De todo o elenco que integrou a delegação brasileira na Colômbia, poucos se destacaram. Dudu e Negueba foram apostas válidas de Ney Franco, sempre que entraram no decorrer da partida, deram conta do recado. Dudu é meia, defende o Cruzeiro e espera por mais chances. Já o atacante Negueba é o xodó do técnico Vanderlei Luxemburgo no Flamengo e deve seguir como opção para o segundo tempo.
"Em torneios de base é melhor revelar jogadores do que ganhar títulos". A máxima muitas vezes foi contrariada pelo Brasil em Mundiais Sub-20. Às vésperas da decisão que pode nos dar o 5º troféu, o Terra lista promessas que se destacaram no torneio, mas não vingaram na carreira. Um exemplo é Caio Ribeiro, hoje comentarista: melhor jogador em 1995, ele foi vendido para a Inter de Milão como craque, porém poucas vezes se firmou como titular nos clubes em que jogou
Foto: Gazeta Press
O Brasil foi campeão do Mundial Sub-20 em 1993 com jogadores que tiveram grande futuro, como Dida e Jardel. O Bola de Ouro na competição, no entanto, jamais confirmou a expectativa formada após grandes atuações no torneio. Adriano foi vendido pelo Guarani para o futebol suíço, onde deveria amadurecer para depois brilhar em centros maiores. Não foi assim: bom cobrador de falta, mas irregular, chegou a jogar em São Paulo e Atlético-MG, mas fez carreira em clubes menores
Foto: Gazeta Press
Catê foi outro a brilhar em 1993, quando o Brasil foi campeão mundial na Austrália. Seu apelido era uma abreviação da palavra "categoria" e integrou grupo do São Paulo, que, com um "expressinho" de juniores, conquistou a Copa Conmebol em 1994, revelando Rogério Ceni, Denilson, Juninho Paulista e até de Muricy Ramalho como treinador. Mas Catê nunca passou de uma promessa. Chegou a jogar na Sampdoria e é lembrado na Itália por gols bisonhamente perdidos
Foto: Gazeta Press
Apesar da baixa estatura, Perdigão surgiu como promessa no Mundial de 1997, quando o Brasil foi eliminado pela campeã Argentina. Com o passar dos anos, o volante, revelado pelo Paraná, integrou grupos vencedores, como o do Inter de 2006, campeão da Libertadores e do Mundial Interclubes, e o Corinthians de 2008, campeão da Série B. O jogador, porém, se acostumou a ocupar o banco de reservas e criou fama de folclórico, pelo jeito extrovertido e as longas madeixas
Foto: Gazeta Press
Titular nas Copas de 2006 e 2010, Juan deu seus primeiros passos com a camisa da Seleção no Mundial Sub-20 de 1999, na Nigéria. Seu companheiro de zaga na oportunidade não foi tão bem sucedido na carreira: Fábio Bilica foi vendido pelo Bahia para o futebol italiano, onde rodou por clubes medianos. Em 2004, retornou ao Brasil e participou do rebaixamento do Grêmio, voltando em baixa para a Europa. Chegou a jogar no futebol romeno e está desde 2009 no Fenerbahce, da Turquia
Foto: AFP
Aos 20 anos, Pinga conseguiu a honra de ser ídolo de um dos clubes mais tradicionais da Itália, o Torino, mas sua carreira não foi além. Um dos destaques da Seleção no Mundial Sub-20 de 2001, disputado na Argentina, o meia, mais conhecido na Europa, tentou sucesso no futebol brasileiro em 2006, quando se transferiu para o Inter. Com poucas chances, no entanto, ele se transferiu para o Oriente Médio no ano seguinte e lá segue até hoje
Foto: AFP
Na geração do último título mundial Sub-20 do Brasil, conquistado em 2003, o lateral direito Coelho, do Corinthains, era um dos mais promissores. Com personalidade, o garoto ganhou a titularidade e ficou três anos no clube alvinegro, antes de se transferir para o Atlético-MG. Em Belo Horizonte, ficou famoso por agredir o cruzeirense Kerlon, outra jovem promessa perdida do futebol brasileiro, que tentara o "drible da foca" em um clássico. Hoje atua no Karabükspor, da Turquia
Foto: AFP
De contratação da Juventus da Turim ao futebol romeno em seis anos. Em 2005, quando disputou o Mundial Sub-20, Gladstone era visto como um talento precoce, que, apesar da idade, já mostrava maturidade na zaga cruzeirense. Após ser vendido para Itália, no entanto, o jogador virou um cigano do futebol. Rodou por diversas equipes, entre elas Palmeiras, Portuguesa e Náutico, e hoje atua no FC Vaslui, da Romênia
Foto: AFP
Já decadente após ser um dos maiores times do Brasil no início dos anos 2000, o São Caetano reviveu momentos de glória em 2007, quando foi vice-campeão Paulista e revelou um jovem meia que chamou a atenção do País. Leandro Lima foi eleito destaque do Mundial Sub-20 de 2007, ao lado do argentino Di María, hoje no Real Madrid. Vendido ao Porto, o garoto não conseguiu se firmar e foi emprestado para times menores de Portugal. Atualmente joga no Avaí
Foto: AFP
Camisa 9 e artilheiro da Seleção Sub-20 que foi vice-campeã mundial em 2009, Alan Kardec não conseguiu se firmar em nenhuma equipe desde que deixou o Vasco. Pouco aproveitado no Inter de Porto Alegre e no Benfica, o atacante recentemente foi negociado com o Santos, onde tenta resgatar os bons momentos do início da carreira