Benítez sofre pressão "à brasileira"; Roth se diz calejado
- Fábio de Mello Castanho
- Direto de Abu Dhabi
Os técnicos das duas principais favoritas ao título do Mundial de Clubes chegaram a Abu Dhabi em momentos diferente. Enquanto Rafa Benítez está com a corda no pescoço na Inter de Milão, Celso Roth inicia o torneio sem metade da pressão pessoal sofrida pelo possível adversário da decisão.
A situação é curiosa por inverter a lógica que virou lugar-comum na análise de futebol nos últimos anos. Quantas vocês você já não ouviu que os treinadores europeus têm maior conforto no cargo e conseguem mais tempo para colocar em prática o planejamento?
Do outro lado da balança, o discurso é de que técnicos sul-americanos, especialmente os brasileiros são cobrados por resultados rápidos e têm tolerância zero dos dirigentes - cenário que fez Roth desejar boa sorte ao colega de profissão por estar sofrendo uma pressão "à brasileira".
"Eu encaro de uma maneira não muito feliz isso. Nós (brasileiros) convivemos com essa situação há muito tempo. Para nós é uma constante. Eles são selecionadores, mas não formadores como nós. Agora a pressão chegou e eles que aprendam a conviver, porque nós já temos experiência nisso", analisou.
Roth não presenciou a primeira entrevista de Benítez em Abu Dhabi, mas se tivesse, teria observado uma situação à qual já passou por diversas vezes na carreira. De cada três perguntas da imprensa italiana, duas eram relacionadas à sua instabilidade no cargo da Inter de Milão.
O técnico espanhol, que assumiu o cargo em julho no lugar de José Mourinho, se limitou a dizer que o cenário estava claro entre ele o presidente Massimo Moratti e que um título acabaria com a pressão. "Tenho certeza que, se ganhar, ficarei por um longo tempo", afirmou, com uma convicção que pareceu exagerada.O técnico do Internacional, por sua vez, não precisou comentar sobre a situação no cargo e realizou a preparação sem ter a cabeça a prêmio. Mas sabe que uma derrota no Mundial de Clubes pode dar início a um processo que conhece bem não costuma ter um final feliz.