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Mundial de Clubes

Embarque santista tem "empurra-empurra", confusão e mudança de estratégia

6 dez 2011 - 01h30
(atualizado às 12h27)
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Allan Brito
Direto de Guarulhos

Uma mudança na estratégia de segurança foi responsável pela confusão no embarque do Santos para disputar o Mundial de Clubes da Fifa no Japão. Nesta segunda-feira, o time saiu do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, e sentiu de perto o apoio da torcida, que cumpriu a promessa de fazer uma grande festa no local.

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Esse contato direto, porém, não estava previsto e gerou "empurra-empurra" entre torcedores, policiais, seguranças, imprensa e outras pessoas que passavam pelo aeroporto. Até um cordão de isolamento de segurança foi improvisado pela polícia, que teve a ajuda de membros de uma organizada santista, mas nada disso foi suficiente para evitar o tumulto.

Após passar por um pesado trânsito no acesso ao aeroporto, o ônibus do Santos chegou ao Terminal 2 às 21h15 (de Brasília). Muito antes disso, desde o começo da noite, a Polícia Militar já tinha recomendado que o mais seguro seria fazer os jogadores embarcarem sem contato com a torcida. Afinal, de acordo com a própria PM, mais de 2000 pessoas estavam no local e seria difícil dar segurança para todos.

Porém, um pacto foi fechado entre a torcida e a PM, alterando a estratégia: membros da organizada se dispuseram a participar do cordão de segurança, o que abriria o corredor para os jogadores passarem e verem a festa. "A própria torcida se mobilizou. A torcida organizada do Santos é uma das mais organizadas", elogiou um dos policiais, que não quis se identificar.

Mas bastou começar a passagem dos jogadores para a confusão começar. Torcedores fizeram esforço para ter qualquer contato com os atletas, que sentiram na pele o calor dos santistas.

Muricy Ramalho chegou a cumprimentar diversas pessoas, Durval quase teve o terno arrancado e o cabelo de Elano foi puxado pelos milhares de fãs presentes. E o problema maior ficou para o final: quando Neymar saiu do ônibus, o cordão de segurança não deu mais conta de fazer qualquer isolamento. Pessoas foram empurradas para todos lados e até um painel foi quebrado.

Apesar desse problema, a operação de segurança, comandada pelo tenente-coronel Cesário Lange, do 44º Batalhão, foi avaliada por eles como um sucesso. A Polícia Militar argumentou que o tumulto na passagem de Neymar era esperada e que a ajuda da torcida foi importante.

Depois da confusão, quando os jogadores já estavam no salão de embarque, a torcida não se contentou e ainda quis vê-los por uma pequena fresta entre o teto e a parede. A torcedora Sara Caroline, 12 anos, subiu em uma cadeira e conseguiu ver Neymar. "Pelo menos um tchau ele deu para mim. Não tem como explicar essa emoção", disse ela, que saiu de São Miguel Paulista para ver o embarque santista.

Após a festa, a torcida saiu rapidamente do aeroporto e sobraram papéis picados no chão, que foram jogados para criar o prometido "mar branco". Mas os problemas não pararam por aí.

Confusão e protesto

"Eu tenho meus direitos". Assim começou o discurso de protesto de Jean Paulo Oliveira, 36 anos, no Aeroporto de Guarulhos. Ele subiu em cima do balcão destinado ao check-in da companhia aérea Webjet para reclamar por não conseguir embarcar para Salvador, sua terra de origem.

Após concluir o discurso, Jean foi aplaudido por quem passava pelo local. Mais calmo, ele explicou que foi atrapalhado pelo trânsito no local, causado exatamente pelo embarque do Santos para o Mundial de Clubes.

"Por causa do trânsito eu subi para cá com as malas nas costas e comecei o check-in. Mas quando minha mulher chegou aqui, eles disseram que eu não podia embarcar e mandou eu voltar com as malas", contou ele, que saiu de Itaquera às 20h (de Brasília), mas mesmo assim não conseguiu chegar a tempo.

Jean alegou ter chegado antes do horário limite para o check-in. Já os funcionários disseram que ele se atrasou, chegando às 22h20, sendo que o prazo para fazer isso tinha acabado cinco minutos antes.

"Minha família foi humilhada. Eles tem que ter planejamento. Eu quero embarcar ou quero meu dinheiro de volta. Eu saio preso daqui, mas saio com dignidade", disse ele, que depois relatou a história para a Polícia Militar.

Por email, a Webjet se eximiu de qualquer responsabilidade pelo atraso do passageiro. "A Webjet esclarece que o voo 6746 decolou às 22:45, rigorosamente no horário, após conclusão de seu embarque. A Webjet é a empresa aérea mais pontual de 2011 de acordo com dados da Infraero e prima por esse serviço junto a seu cliente, razão pela qual reitera a necessidade do passageiro sempre observar o horário limite de 30 minutos antes do horário do vôo para realização de seu check-in."

Torcedor "VIP"

Antes de chegar ao aeroporto, o elenco do Santos esteve em um hotel para jantar. A torcida também passou pelo local e fez uma bonita festa na entrada, mas poucos conseguiram passar pelo portão do local, já que a segurança foi feita pela guarda do hotel e também pela Polícia Militar.

Um desses poucos que conseguiu entrar foi Marcelo Luis da Silva, 25 anos. Ele contou sua história dramática aos policiais e estes permitiram a entrada.

"Eu perdi a perna no dia da final da Libertadores. Eu estava com ingresso e indo para a final quando um ônibus bateu na minha moto", relatou ele, que ficou 22 dias internado por causa do acidente. Marcelo disse ainda que, enquanto estava em recuperação, Neymar visitou o hospital por outro motivo, mas não pôde falar com ele.

Na companhia de Marcelo estava também Maicon Trama, 24 anos. Ele trabalha em uma farmácia, foi fazer uma entrega no hotel e resolveu ficar por lá mesmo, já que é santista e queria ver os jogadores de perto. Antes da confusão no aeroporto, eles conseguiram um contato mais próximo e com muito mais tranquilidade do que qualquer santista que estava em Guarulhos nesta segunda-feira.

O Santos viajou às 23h (de Brasília) para Frankfurt, na Alemanha, onde fará um treino e depois irá ao Japão. Lá o time disputará a semifinal do Mundial de Clubes, no próximo dia 14, em Toyota, contra o vencedor do duelo entre Monterrey (México) e quem passar do jogo Auckland City (Nova Zelândia) x Kashiwa Reysol (Japão), que duelam pela primeira fase da competição.

Torcedores fizeram de tudo para tocar e cumprimentar os jogadores no aeroporto
Torcedores fizeram de tudo para tocar e cumprimentar os jogadores no aeroporto
Foto: Bruno Santos / Terra
Fonte: Terra
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