Um lance inusitado aos 35min do segundo tempo de Sanfrecce Hiroshima e Al Ahly praticamente selou a classificação dos egípcios para a semifinal do Mundial de Clubes da Fifa, em duelo realizado neste domingo no Estádio de Toyota. O japonês Hisato Sato recebeu passe longo, aproveitou a indecisão da defesa do Al Ahly e saiu de frente para o goleiro Sheriff Ekramy, porém se assustou com a saída do goleiro e, mesmo com a meta aberta, chutou à esquerda do gol.
» Pelé, Corinthians e Mazembe; lembre fatos do Mundial de Clubes
No momento do lance, a torcida japonesa gritou um “aaaaaaaah”, porém logo foi silenciada pela organizada do Sanfrecce. Os nipônicos passaram a gritar o nome do time e tentar incentivá-lo a buscar o empate, mas o placar seguiu no 2 a 1 para o Al Ahly, que será o rival do Corinthians na semifinal do torneio.
O lance lembrou em muito o duelo entre Vasco e Corinthians pela Copa Libertadores. O ex-vascaíno Diego Souza recebeu também pela esquerda e, livre, tocou na saída do goleiro corintiano Cássio e viu a bola sair rente à trave. Em seguida, o Corinthians marcou com Paulinho e se classificou para a semifinal do torneio.
Sato, autor do gol japonês no primeiro tempo, ainda teve a chance de se redimir aos 39min. Depois de uma ótima triangulação, ele recebeu na esquerda e chutou forte, porém parou nas mãos de Ekramy. Posteriormente, o Sanfrecce ainda tentou em alguns lances e logo viu a sua eliminação com o apito do árbitro equatoriano Carlos Vera.
Torcida
O Estádio de Toyota não lotou, mas o público de 27 mil pessoas viu um show à parte da torcida organizada do Sanfrecce. O campeão japonês contou com o apoio dos cânticos de fanáticos sob os flocos de neve que caíram a partir da metade do primeiro tempo, lembrando em muito os torcedores de clubes argentinos.
Mesmo com a desvantagem no placar, a torcida – toda vestida de violeta (cor do clube), munida de tambores e com faixas que lembravam torcidas de cavaleiros medievais -, não parou em momento algum de cantar e, mesmo após o gol incrível perdido por Sato, eles logo passaram a gritar Sanfrecce. O único momento de silêncio foi após o apito final.
Números frustrantes
Pelas estatísticas, o Sanfrencce merecia melhor sorte e chegar à semifinal. O campeão japonês chutou 11 vezes ao gol e seis acertando a meta, contra oito chutes dos egípcios. Os nipônicos também tiveram mais posse de bola (52%) e cinco escanteios, contra nenhum dos campeões da África.
Vilão
Além de Sato, o outro vilão da eliminação japonesa foi o veterano Aboutrika, conhecido como o “rei” do Al Ahly. O camisa 22, de 34 anos, anotou o gol de desempate aos 22min da segunda etapa após receber a bola livre pela direita, chutando sem chance para o goleiro Masuda (substituiu ainda na primeira etapa o lesionado Nishikawa). O outro gol egípcio foi anotado ainda no primeiro tempo por Elsayed Hamdi, aos 15 min.
Semifinal
Clube africano do século XX, segundo a Fifa, o Al Ahly tentará na quarta-feira se juntar ao Mazembe e se tornar o segundo time do continente a disputar uma final do Mundial de Clubes. O time comandado por Hossam El Badry irá encarar o Corinthians no mesmo Estádio de Toyota.
Em meio ao frio intenso, à mão inglesa nas ruas e à culinária exótica que marcam o Japão, bairro em Toyota tem placas em português e concentra brasileiros: é Homi Danchi, conhecida como "Cohab brasileira" na cidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Estima-se que mais de cinco mil brasileiros vivam na comunidade da cidade, onde Corinthians jogará na semifinal do Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em Homi Danchi, todas as placas têm instruções em português, é fácil encontrar nas bancas gibis da Mônica e revistas brasileiras, cartazes espalhados divulgando as baladas da semana, feijão em fartura e até picanha
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Apelido de Cohab brasileira" no Japão vem do fato de conjunto de 67 prédios - todos com apartamentos de espaço reduzido, com mais de dez habitações por andar (o número varia entre cada edifício) - em muito se assemelha aos conjuntos habitacionais difundidos pelo Brasil, principalmente em SP
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Por lá, vivem muitos brasileiros que chegam ao Oriente em busca de uma melhor condição de vida e veem no "Rômi", como é mais conhecido o local, oportunidade certa para juntar dinheiro necessário para ter um carro próprio e realizar o sonho da casa própria no Brasil
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Por isso que brasileiro quando chega no Japão quer morar aqui, onde todo mundo fala português, tem acesso a produtos que o deixam perto de casa. Tudo isso ajuda a matar a saudade", explica Paulo César Santos, paulista que mora há sete anos na comunidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
A convite de Ronaldo Ihigashi, morador da Homi Danshi e corintiano, corintianos têm se concentrado nos prédios esperando pelo Mundial de Clubes; todos ajudam no almoço, no supermercado e nas tarefas diárias do apartamentotos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Aquí todo mundo fala portugués", alerta Roberto Inoue, paulista, dono de uma lanchonete que faz misto quente e vende esfiha
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Roberto Inoue cobra "módicos" 300 ienes (R$ 9, sendo que ele paga pela importação dos produtos, como a carne) pelo salgado feito com muito carinho"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Vai lá, conta para os seus leitores que bem longe, mas bem longe mesmo como diz a música, existe um pouquinho de Brasil, iá, iá", diz Inoue
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Além de possuírem, gratuitamente, um sistema de van, que leva os operários brasileiros diretamente para as fábricas, quem vive no Homi Danchi ainda tem a oportunidade de pagar um aluguel muito mais em conta num país onde tudo custa "os olhos da cara"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Conjunto é dividido entre os apartamentos Kodan (42 edifícios), cujos aluguéis têm preço médio de 55 mil ienes (R$ 1650), e são todos particulares (da Agência Nacional de Planejamento Urbano - UR Toshi Kiko), com contrato via imobiliária
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Chamados "Ken-ei", pertencentes ao governo de Aichi que, a partir de um atestado de baixa renda e certificação de que os postulantes possuem crianças para criar e sustentar, mesmo a distância, os concede por irrisórios 6.500 ienes (R$ 195)
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelos elevadores dos prédios, "jeitinho brasileiro" consegue emitir som de rádios do Brasil captadas pela internet
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Da sacada do apartamento, é possível avistar o Estádio de Toyota, onde na próxima quarta-feira todos estarão juntos para acompanhar a estreia corintiana no Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelos estabelecimentos da região, camisas e outros itens do Corinthians fazem sucesso às vésperas do Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em dezembro, segundo moradores (e torcedores), região de Homi Danchi se transformará com a concentração de corintianos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Luciano França, há 11 anos na "Cohab nipônica", comemora: após muito trabalho, enfim, possui há 18 meses o próprio salão de beleza
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Natural de Registro (SP), Luciano comemora o fato de que "aqui a gente faz preço que as pessoas possam pagar"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Serviços na Homi Danchi têm preços inferiores aos de outras regiões. São os casos de agências de turismo, locadoras e escolas de música e aulas de reforço de português, para que as crianças não esqueçam a língua
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelas paredes da comunidade, até mesmo cartazes divulgam eventos para os brasileiros da região
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Região de Homi Danchi reúne brasileiros há décadas na cidade de Toyota
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Cidade de Toyota, onde fica Homi Danchi, receberá quatro partidas pelo Mundial de Clubes 2012, sendo as últimas delas no dia 12
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Produtos de origem brasileira são muito procurados pelos moradores da Homi Danchi
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Estreia do Corinthians no Mundial será em 12 de dezembro, contra o vencedor do jogo entre Sanfrecce Hiroshima (Japão) e Al Ahly (Egito)