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Mundial de Clubes

Exclusivo: Cássio jura amor a Corinthians e lembra "drama" na carreira

19 dez 2012 - 16h25
(atualizado às 17h00)
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Herói alvinegro e melhor jogador do Mundial de Clubes da Fifa, o goleiro Cássio se sente cada vez mais corintiano. Surpreendido com o fanatismo da torcida, o camisa 12 faz vista grossa para os boatos de transferência e pensa em defender o clube do Parque São Jorge até o final da carreira.

Empolgado com torcida alvinegra, Cássio falou em encerrar a carreira no Corinthians
Empolgado com torcida alvinegra, Cássio falou em encerrar a carreira no Corinthians
Foto: Bruno Santos / Terra

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Em entrevista exclusiva ao Terra na tarde desta quarta-feira, o gaúcho de Veranópolis, 25 anos, ainda lembrou um momento difícil da carreira quando quase pensou em abrir mão do futebol. Com o apoio da família, porém, Cássio seguiu lutando por um espaço de destaque no esporte. Não à toa, nos últimos dias, não tem deixado de ouvir uma música especial: O mundo dá voltas, dos roqueiros do CPM 22. 

Confira a entrevista de Cássio:

Terra: O que mais te espantou da torcida do Corinthians?  

Cássio: Fiquei espantado com um bando de loucos. E fui contagiado com a massa ali no estádio. Fiquei muito espantado também na ida para o Mundial e na volta, com tantas pessoas que havia lá desde a saída do aeroporto. São Paulo parou, as ruas estavam tomadas. O torcedor tem que comemorar, claro. Na paz, mas tem que comemorar porque é um título importante.  

Terra: Muitos jogadores estavam emocionados nos vestiários no Japão. O que aconteceu?

Cássio: De diferente, de anormal, nada. Mas acho o fato de estar disputando um Mundial, e jogar a final, é uma coisa única para o atleta profissional. Não são todos que conseguem chegar, mas nós conseguimos. Vejo como um prêmio pela carreira, somos privilegiados por disputar um campeonato como esse. É uma alegria inexplicável.   

Terra: Você pretende ficar no Corinthians pelo resto da tua carreira?

Cássio: Olha, sinceramente pretendo. Tenho o Corinthians como minha casa, foi um lugar onde me adaptei muito bem. É difícil ser campeão e ter um ano desses e tu pensar em ir embora. Há muita especulação, mas não sei de nada. Minha cabeça é só voltada para o Corinthians. Vou sair de férias e depois voltou com força máxima. Espero ficar muitos anos e, se possível, até o final da minha carreira. Não penso em sair do Corinthians. Tenho que pesar muito se aparecer uma proposta, ir com calma. Não tenho intenção de sair, hoje no Corinthians tenho tudo: uma torcida fanática, um CT excelente, profissionais de alta qualidade... tenho tudo aqui que eu preciso.  

Terra: Você foi muito elogiado pelo Rafael Benítez. Houve alguma sondagem do Chelsea?

Cássio: Não sei de nada. Conversei com meu empresário e ele disse apenas para descansar e aproveitar as férias. Isso não me interessa agora, com todo respeito a quem possa estar interessado. Meu foco é descansar para vir com força ano que vem e ganhar mais títulos.   

Terra: E quais os planos para o ano que vem no Corinthians?

Cássio: Ano que vem com certeza a cobrança será maior, inclusive entre nós mesmos. Quero ficar na história do Corinthians, e a melhor maneira para isso é ganhar títulos. Ano que vem tem Paulista e Brasileiro, pretendo conquistar esses títulos. Já temos uma linha de trabalho e temos que trabalhar bastante para chegar às conquistas do ano que vem.   

Terra: Como foi a sua concentração no Japão para o Mundial?

Cássio: É fácil falar agora que ganhamos o título, mas confio muito nos meus companheiros, na diretoria, no meu treinador. Acho que temos um grupo muito bom, e me dediquei muito desde a fase de treinamentos aqui no Brasil. A partir do momento que falaram que nos focaríamos no Mundial, me preparei 100% para a competição.   

Terra: Hoje em dia, o que significa o Corinthians para você?

Cássio: Me sinto em casa, sinceramente no começo eu não era corintiano e não me imaginava jogando no Corinthians. Mas tu só sente o Corinthians e só sabe o que é ser corintiano quando está no clube. Quando eu estava no Grêmio, achava que aquela era a melhor torcida do mundo. Mas como a do Corinthians não vou achar em lugar nenhum, como o torcedor faz de tudo para acompanhar o clube. Dificilmente outro clube tem isso. O Corinthians está entre as maiores torcidas do mundo.

Terra: E como é essa relação de amor com o Corinthians? 

Cássio: Sempre achei o Corinthians o melhor time do Brasil na atualidade, com a melhor estrutura para trabalho, profissionais que vieram de grandes clubes, muito competentes. Acho que temos tudo: hotel, CT, profissionais. No Mundial só precisamos jogar, porque houve planejamento da diretoria para nos dar tudo do bom e do melhor, para nos concentrarmos no jogo e ganhar o título. Não fomos campeões só por minha causa ou pelo gol do Guerrero. Foi um conjunto todo, tudo muito bem bolado e preparado.   

Terra: Hoje em dia, você acha que merece um aumento pelo que fez no Mundial?

Cássio: Estou bem tranquilo sobre isso, tive uma valorização depois da Libertadores e me deram uma valorizada, estou muito satisfeito com isso. Não sou um jogador de ficar falando sobre esse assunto. O pessoal é bem coerente, estou satisfeito com tudo.   

Terra: Já pensa em Seleção Brasileira? 

Cássio: Tudo tem sua hora. Venho mostrando meu trabalho e tenho que pensar assim. Não tenho que pensar em pedir para ser convocado. Mas se não for chamado vou continuar fazendo meu trabalho, porque tenho que estar nessa linha. Há muitos goleiros de qualidade no Brasil e tenho que esperar minha hora, ter calma.   

Terra: A mudança de treinador na Seleção aumentou ou reduziu tuas chances?

Cássio: Olha, não digo se foi melhor ou não. Já trabalhei com o Mano Menezes e ele já me conhecia. Com o Felipão não sei se diminuem ou aumentam minhas chances. Todo mundo tem o sonho de jogar na Seleção, você tenta trabalhar da melhor maneira possível para ir à Seleção. Sou muito tranquilo quanto a isso, meu foco é o Corinthians. Meu primeiro objetivo é meu time. Se acontecer de ser convocado, aí vou me concentrar também na Seleção.   

Terra: Você virou unanimidade depois do Mundial. Unanimidade? 

Cássio: O Mundial é um torneio no qual todos lutam para estar, o mundo inteiro luta para disputar. Tivemos uma visibilidade muito grande, mas acho que o mais importante é o título, não interessa se fui o melhor do campeonato. Nosso principal objetivo era ser campeão e isso foi alcançado.   

Terra: Você acha que faltou valorização do Grêmio quando você saiu de lá? 

Cássio: Eu fiz uma escolha. Na época, o presidente Paulo Odone sugeriu aumentar meu salário, mas optei por ir embora. O Grêmio em momento algum forçou ou brecou alguma coisa. Foram muito corretos, não ficaram pressionando. Deixaram as portas bem abertas e acho que saí pela porta da frente. Tenho muito respeito por eles, e o Grêmio será um clube muito importante na minha história.   

Terra: O pessoal do Grêmio te ligou para te parabenizar pelo Mundial?

Cássio: Converso com o Marcelo Grohe, ele vem me parabenizando. Como irmão, morávamos juntos em Porto Alegre, desde o infantil vínhamos junto disputando posição. Tenho um respeito enorme por ele, converso às vezes com ele.   

Terra: Você retende abrir escolinha de goleiros em Veranópolis?

Cássio: Amanhã estou indo para lá e tenho que comemorar com quem a gente gosta, minha família, na minha terra. Sem o apoio e o incentivo deles não estaria onde estou hoje. Eu futuramente penso em ir para lá, mas acho que escolinha, agora, só quando parar de futebol. Para fazer uma coisa dessas temos que dar atenção. Futuramente, quem sabe?  

Terra: Como vai ser o reencontro com a família? 

Cássio: Lá em Veranópolis vai ter gente, no aeroporto em Porto Alegre não sei. Pelo que vêm falando, querem fazer uma carreata lá com todo pessoal. Fico feliz, tenho um carinho enorme pelo pessoal de lá, apoiando.   

Terra: Você já pensou em desistir de jogar? 

Cássio: Quis desistir uma vez, sim. Estava triste e machucado, não estava jogando e falei com minha mãe da possibilidade de parar. Ganhava muito pouco e pensava naquela época que poderia ajudar melhor minha família se tivesse ido trabalhar. Tive um momento difícil, mas minha família esteve comigo e sempre acreditou que eu poderia chegar ao meu objetivo.   

Terra: Você não gosta muito de pagode e prefere um rock’n’roll. Qual foi a sua trilha sonora do título?

Cássio: O pessoal cantou muito aquela música (Amizade é tudo, de Thiaguinho). Foi legal, tem um sentimento muito bom para nós, que é a amizade. E o Thiaguinho é um corintiano amigo nosso, um cara do bem, e essa música representa muito para nós. Representa muito da nossa união. Indo para o estádio ouvi um Foo Fighters, Linkin Park, mas as músicas que mais ouvi foram O mundo dá voltas, do CPM 22, e a Best of you, do Foo Fighters. Isso representa muito do nosso título.  

Terra: Teu coração já tem dona?

Cássio: Estou bem tranquilo quanto à parte amorosa, focado em jogar.   

Terra: Que mensagem você mandaria para o torcedor corintiano?

Cássio: Tenho que falar muito obrigado por tudo, pelo apoio maravilhoso não só aqui, mas como no Japão. E um abraço para o pessoal da minha cidade. Lá todo mundo é gremista ou colorado, e muita gente torceu pelo Corinthians em Veranópolis. Só agradecer porque eles foram fantásticos, não vi vaia em nenhum jogo no decorrer do ano, nem na eliminação no Paulista. Ano que vem vamos tentar ganhar tudo para o Timão.

Fonte: Terra
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