A primeira sexta-feira do Corinthians no Japão para a disputa do Mundial de Clubes foi movimentada. Ao longo do dia, a delegação alvinegra enfrentou frio que beirou os 6ºC, treinou pela primeira vez em solo nipônico, foi assediada e tietada por fãs e torcedoras, enfrentou um terremoto que sequer foi sentido e fez compras, muitas compras pela cidade de Nagoya.
O dia começou cedo para os jogadores: por volta de 8h locais (21h de quinta-feira no Brasil), os atletas acordaram e tomaram café da manhã no saguão do Hotel Hilton. Saíram da habitação pouco depois com destino a Karyia, onde treinariam no Wave Stadium, especialmente preparado para receber os convidados brasileiros.
Lá, os corintianos chegaram pouco depois das 11h japonesas e foram recepcionados por um grupo de 50 torcedores, que ignoraram o frio, vararam a madrugada à espera da equipe e festejaram com gritos e bandeiras. Mesmo assim, os adeptos foram barrados pela segurança, mas não se abalaram e improvisaram uma arquibancada em uma mureta ao lado do estádio.
O primeiro treino corintiano na terra do sol nascente foi leve. Apenas algumas corridas em volta do gramado, trabalho rápido de fundamentos e um posterior coletivo em campo reduzido para realização de atividade tática. A novidade foi o retorno do atacante peruano Guerrero, que se recuperou rapidamente de lesão no joelho direito e fez atividade com bola pela primeira vez após a lesão.
Depois do treinamento, os corintianos seguiram para o Hotel Hilton para continuar a adaptação ao fuso horário do Japão. Proibidos de tirar uma soneca após o almoço, os jogadores aguardaram a entrevista coletiva concedida pelo técnico Tite e pelo atacante Emerson para poderem, enfim, ser liberados para passear pelos shoppings de Nagoya.
A delegação saiu primeiramente em um grupo grande de jogadores, que aos poucos foram se separando. Guerrero e Martínez seguiram seu caminho para comprarem coisas pessoais, Júlio César, Paulinho e Jorge Henrique foram para outro lado e aos poucos cada corintiano estava indo para um lado, buscando conhecer a cidade e também fazer compras.
A concentração no passeio foi tão grande que os atletas sequer perceberam um terremoto de 7,3 sofrido no leste japonês, que foi sentido até em Tóquio. "Terremoto? Não senti nada", disse Emerson, declaração parecida feita por seus demais companheiros. De todo o elenco, apenas o meia Danilo parece ter notado o tremor de terra, mesmo assim de forma leve.
Por fim, os atletas puderam jantar no Hilton de maneira sossegada, não sem antes sofrerem novo assédio dos torcedores. Diversos corintianos conseguiram entrar no saguão do hotel para tirar fotos com os jogadores e tietar, como algumas belas mulheres que roubaram até abraços e beijos no rosto dos futebolistas. Após a refeição, todos se dirigiram aos seus quartos para descansar para o treino deste sábado, às 10h do Japão (22h de sexta no Brasil).
Em meio ao frio intenso, à mão inglesa nas ruas e à culinária exótica que marcam o Japão, bairro em Toyota tem placas em português e concentra brasileiros: é Homi Danchi, conhecida como "Cohab brasileira" na cidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Estima-se que mais de cinco mil brasileiros vivam na comunidade da cidade, onde Corinthians jogará na semifinal do Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em Homi Danchi, todas as placas têm instruções em português, é fácil encontrar nas bancas gibis da Mônica e revistas brasileiras, cartazes espalhados divulgando as baladas da semana, feijão em fartura e até picanha
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Apelido de Cohab brasileira" no Japão vem do fato de conjunto de 67 prédios - todos com apartamentos de espaço reduzido, com mais de dez habitações por andar (o número varia entre cada edifício) - em muito se assemelha aos conjuntos habitacionais difundidos pelo Brasil, principalmente em SP
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Por lá, vivem muitos brasileiros que chegam ao Oriente em busca de uma melhor condição de vida e veem no "Rômi", como é mais conhecido o local, oportunidade certa para juntar dinheiro necessário para ter um carro próprio e realizar o sonho da casa própria no Brasil
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Por isso que brasileiro quando chega no Japão quer morar aqui, onde todo mundo fala português, tem acesso a produtos que o deixam perto de casa. Tudo isso ajuda a matar a saudade", explica Paulo César Santos, paulista que mora há sete anos na comunidade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
A convite de Ronaldo Ihigashi, morador da Homi Danshi e corintiano, corintianos têm se concentrado nos prédios esperando pelo Mundial de Clubes; todos ajudam no almoço, no supermercado e nas tarefas diárias do apartamentotos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Aquí todo mundo fala portugués", alerta Roberto Inoue, paulista, dono de uma lanchonete que faz misto quente e vende esfiha
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Roberto Inoue cobra "módicos" 300 ienes (R$ 9, sendo que ele paga pela importação dos produtos, como a carne) pelo salgado feito com muito carinho"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
"Vai lá, conta para os seus leitores que bem longe, mas bem longe mesmo como diz a música, existe um pouquinho de Brasil, iá, iá", diz Inoue
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Além de possuírem, gratuitamente, um sistema de van, que leva os operários brasileiros diretamente para as fábricas, quem vive no Homi Danchi ainda tem a oportunidade de pagar um aluguel muito mais em conta num país onde tudo custa "os olhos da cara"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Conjunto é dividido entre os apartamentos Kodan (42 edifícios), cujos aluguéis têm preço médio de 55 mil ienes (R$ 1650), e são todos particulares (da Agência Nacional de Planejamento Urbano - UR Toshi Kiko), com contrato via imobiliária
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Chamados "Ken-ei", pertencentes ao governo de Aichi que, a partir de um atestado de baixa renda e certificação de que os postulantes possuem crianças para criar e sustentar, mesmo a distância, os concede por irrisórios 6.500 ienes (R$ 195)
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelos elevadores dos prédios, "jeitinho brasileiro" consegue emitir som de rádios do Brasil captadas pela internet
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Da sacada do apartamento, é possível avistar o Estádio de Toyota, onde na próxima quarta-feira todos estarão juntos para acompanhar a estreia corintiana no Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelos estabelecimentos da região, camisas e outros itens do Corinthians fazem sucesso às vésperas do Mundial
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Em dezembro, segundo moradores (e torcedores), região de Homi Danchi se transformará com a concentração de corintianos
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Luciano França, há 11 anos na "Cohab nipônica", comemora: após muito trabalho, enfim, possui há 18 meses o próprio salão de beleza
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Natural de Registro (SP), Luciano comemora o fato de que "aqui a gente faz preço que as pessoas possam pagar"
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Serviços na Homi Danchi têm preços inferiores aos de outras regiões. São os casos de agências de turismo, locadoras e escolas de música e aulas de reforço de português, para que as crianças não esqueçam a língua
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Pelas paredes da comunidade, até mesmo cartazes divulgam eventos para os brasileiros da região
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Região de Homi Danchi reúne brasileiros há décadas na cidade de Toyota
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Cidade de Toyota, onde fica Homi Danchi, receberá quatro partidas pelo Mundial de Clubes 2012, sendo as últimas delas no dia 12
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Produtos de origem brasileira são muito procurados pelos moradores da Homi Danchi
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Estreia do Corinthians no Mundial será em 12 de dezembro, contra o vencedor do jogo entre Sanfrecce Hiroshima (Japão) e Al Ahly (Egito)