Da final da Copa ao Rio: Webb compara juízes de Brasil e Inglaterra
21 dez2011 - 08h59
Compartilhar
Dassler Marques
Direto do Rio de Janeiro
Alguns árbitros já estiveram na final da Copa do Mundo ou da Liga dos Campeões da Europa. No entanto, no mesmo ano, só Howard Webb. Inglês, 40 anos, foi ele quem deu o apito final para o título europeu da Inter de Milão e para o primeiro mundial da Espanha, ambos em 2010. Um dado curricular e ocasional, é verdade, mas que deixa clara a reputação e a capacidade de fugir das polêmicas dentro e fora de campo.
Em visita ao Rio de Janeiro neste fim de ano, Webb participou de discussões sobre a relação de ingleses e brasileiros pelo futebol. Entre os inventores do esporte bretão, segundo o árbitro, a paixão é ainda menor em relação ao único país pentacampeão do mundo.
Ele explica isso e dá outras opiniões sobre a arbitragem em entrevista exclusiva ao Terra. "67% dos brasileiros consideram o futebol muito importante nas suas vidas", conta. Webb ainda mostra sobre os critérios entre árbitros de diferentes países, sem considerar o estilo inglês superior ou inferior aos demais.
Confira a entrevista exclusiva com Webb na íntegra:
Terra - Você acompanha os árbitros brasileiros?
Howard Webb - Claro que sim. Na última Copa, estive trabalhando com (Carlos Eugênio) Simon. Ele se aposentou agora porque completou 45 anos, e isso é uma perda. Se trata de um árbitro de grande caráter e personalidade. Ele tinha um grande nível.
Terra - Por tudo que você já acompanhou: é difícil arbitrar no Brasil?
Webb - O futebol no Brasil envolve muito as pessoas, é muito importante na vida das pessoas. Uma pesquisa mostra que 67% dos brasileiros consideram o futebol muito importante em suas vidas. Na Inglaterra, esse número é de 41%. Por isso, o nível do futebol é alto no Brasil e o da arbitragem também.
Terra - Há uma diferença grande em critérios da arbitragem brasileira em relação aos ingleses. Como você vê essa situação?
Webb - A maior mensagem na Copa da África do Sul é que todos os árbitros foram consistentes. Os árbitros treinaram juntos. Seja da África, da Ásia, da América do Sul ou da Europa, e entregamos decisões iguais em situações iguais. O futebol tem diferenças culturais pelo mundo, é algo normal, e isso depende da personalidade das pessoas que participam do jogo.
Terra - É possível ter critérios iguais entre os países?
Webb - É difícil comparar as ligas domésticas, mas em nível internacional as decisões e as interpretações são parecidas. Na Copa, são os tops, temos os maiores jogadores e também os maiores árbitros em ação. Nas ligas domésticas, você tem árbitros jovens que ainda estão se desenvolvendo, aprendendo. Seja na Inglaterra ou no Brasil. Também é assim com os jogadores. São nove meses de futebol na televisão e todos os lances são vistos, qualquer erro é notado.
Terra - No Brasil, há uma discussão grande sobre a profissionalização da arbitragem. Você acha possível?
Webb - Na Inglaterra, somos profissionais há 10 anos e isso traz muitas vantagens. Você pode se preparar física e mentalmente de uma forma melhor. Quando é possível, é uma grande ideia, mas há o lado financeiro. Cada país tem sua realidade e é difícil pagar um árbitro como se paga um advogado, um professor ou um policial. Entendo que profissionalizar é a melhor ideia, mas não são todos os lugares do mundo onde pode se fazer isso.
Terra - Ainda no âmbito das discussões, qual sua opinião sobre a utilização da tecnologia para elucidar dúvidas da arbitragem?
Webb - O futebol é algo de sucesso. As coisas estão indo bem e basta ver o que eu disse: é muito importante para 67% dos brasileiros. A tecnologia pode ajudar, claro, mas com cuidados. O futebol já é algo de sucesso.
Acima de tudo, eles tinham objetivos que não se concretizaram. Dirigentes, treinadores e jogadores, totalizando 40, foram listados pelo Terra como os principais perdedores do futebol brasileiro em 2011. Confira a relação:
Foto: Reinaldo Marques/Getty Images / Terra
Ricardo Teixeira viu, em primeiro plano, a Seleção ficar muito aquém das expectativas. Sua aliança com a TV Globo também foi abalada com matéria em que se apontaram possíveis irregularidades na contratação do amistoso contra Portugal, em 2009. Apontado pela rede inglesa BBC como alvo na divulgação do Dossiê ISL por parte da Fifa, viu crescer também o Movimento Fora Teixeira. No fim do ano, dividiu responsabilidades no COL e na CBF com Ronaldo e Andrés Sanchez.
Foto: Getty Images
Fábio Koff, apesar de se reeleger à frente do Clube dos 13, viu a entidade perder o direito de negociar direitos de transmissão de seus filiados, em um plano arquitetado por Andrés Sanchez, presidente do Corinthians. Quase sem função, tentará sobrevida em 2012 com uma nova abordagem, mais focada nos jogadores.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Juvenal Juvêncio se reelegeu graças a uma brecha do estatuto, mas viu o São Paulo ter desempenho ruim pelo segundo ano consecutivo. Novamente fora da Copa Libertadores, teve três técnicos diferentes e viu crescer a rede de opositores contra sua longevidade no cargo máximo do clube. O plano de ter um time de jovens também não se concretizou.
Foto: Ale Cabral / Futura Press
Carlos Augusto de Barros e Silva, mais conhecido como Leco, foi afastado do comando do futebol do São Paulo com as mudanças administrativas de Juvenal Juvêncio no meio do ano. Um dos mais poderosos na época das conquistas com Muricy, perdeu força para Adalberto Baptista e João Paulo de Jesus Lopes.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Adilson Batista era um dos mais promissores técnicos do Brasil até o último ano. Arranhado pela passagem no Corinthians, estendeu sua queda ao falhar em Santos e Atlético-PR, que acabou o ano rebaixado. Recebeu nova chance no São Paulo, mas deixou o clube demitido com novo desempenho abaixo da crítica.
Foto: Futura Press
Rivaldo não foi exatamente um fracasso pelo São Paulo e teve bons momentos ao longo da temporada. Mas, pintado como craque pela diretoria e dono de apresentação pomposa, terminou 2011 com a sensação de ter feito menos do que se esperava.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Arnaldo Tirone prometeu fazer cortes nos gastos do Palmeiras e viu a equipe dar vexames em seu primeiro ano como presidente. Superado pelos rivais na disputa por reforços, se manteve distante no futebol em momentos importantes da temporada e não contornou crises com Kleber e João Vítor, por exemplo.
Foto: Edson Lopes Jr. / Terra
Roberto Frizzo esteve à frente do futebol do Palmeiras em 2011 e também fez parte da decepcionante temporada. Entrou em rota de colisão com Kleber, não se entendeu com Luiz Felipe Scolari e, no fim do ano, precisou dividir seu poder com a chegada de César Sampaio para ser gerente de futebol.
Foto: Fernando Borges / Terra
Luiz Felipe Scolari completou mais um ano de sua vitoriosa carreira sem levar título. Caiu contra o Corinthians no Paulista, levou seis do Coritiba na Copa do Brasil, perdeu já na estreia da Copa Sul-Americana e montou time limitado para o Brasileiro. Tentará mudar o panorama em 2012.
Foto: Eduardo Viana / Agência Lance
Valdivia colecionou mais um ano decepcionante no retorno ao Palmeiras. Dois cartões vermelhos, algumas lesões e desavenças com Felipão marcaram seu 2011 de apenas quatro gols pelo clube. Além de ter um escândalo na vida pessoal, também foi suspenso por indisciplina na seleção chilena.
Foto: Fernando Borges / Terra
Kleber foi de ídolo a principal vilão no Palmeiras. Desde que solicitou aumento salarial e não foi negociado com o Flamengo, entrou em rota de colisão com a diretoria e Felipão. No episódio entre João Vítor e membros de uma facção organizada, deixou o clube para, meses depois, ser negociado com o Grêmio. Mesmo com 18 gols marcados, colecionou jejuns durante o ano.
Foto: Getty Images
Elano voltou ao Brasil como a esperança de produzir o mesmo efeito de Robinho pelo Santos. Teve bom início e até voltou à Seleção, mas os últimos meses marcaram seu declínio. Do pênalti perdido na Copa América à reserva no Mundial de Clubes, desceu de patamar em 2011.
Foto: Celso Paiva / Terra
Paulo Henrique Ganso iniciou 2011 com dúvidas por sua forma física. Em rota de colisão com a diretoria do Santos, também não conseguiu atuar com regularidade, já que teve três lesões musculares após seu retorno. Além de não ir bem na Copa América, terminou 2011 em silêncio e com atuações sem brilho no Mundial de Clubes.
Foto: AP
Chicão começou o ano como capitão do Corinthians e terminou fora até do banco de reservas. Afastado da equipe titular em meio à crise no Brasileiro, teve uma chance por suspensões contra o América-MG, mas novamente jogou muito mal. Deve permanecer no clube em 2012.
Foto: Mauro Horita / AGIF / Gazeta Press
Adriano trouxe esperanças com o gol marcante que fez pelo Corinthians contra o Atlético-MG, mas teve em 2011 o pior ano de sua carreira. Ficou um ano e seis meses sem marcar, teve duas lesões sérias (ombro e tendão de Aquiles) e deixa dúvidas para a próxima temporada.
Foto: Fernando Borges / Terra
Patrícia Amorim não conseguiu, em seu segundo ano de gestão, mudar a imagem institucional do Flamengo. O clube teve atrasos de salários, inclusive de Ronaldinho, passou quase todo o ano sem marca na camisa e teve problemas no departamento de marketing.
Foto: Fábio Borges/Vipcomm / Divulgação
Alex Silva foi contratado como solução para a defesa do Flamengo. Tecnicamente em má fase, repetiu o desempenho ruim pelo São Paulo no primeiro semestre. Entre desavenças com Juvenal Juvêncio, deixou o Morumbi em baixa após atuação ruim na eliminação da Copa do Brasil contra o Avaí.
Foto: Maurício Val/Vipcomm / Divulgação
Willians era um candidato à Seleção Brasileira no último ano e terminou 2011 na lista de negociáveis do Flamengo. Chegou a ser afastado do elenco por faltar a treinamento e até agrediu Negueba durante uma atividade. Em campo, teve desempenho abaixo da crítica.
Foto: Nina Lima/Vipcomm / Divulgação
Herrera tem status de ídolo entre os torcedores do Botafogo, mas foi a maior decepção dos jogadores do elenco em 2011. Reserva durante alguns momentos do Brasileiro, foi um dos pivôs para a saída de Caio Júnior.
Foto: Agência Lance
Ricardo Berna terminou o último ano como um dos heróis pelo título brasileiro, mas não repetiu a dose em 2011 com erros durante a Copa Libertadores. Mesmo com sucessivas falhas de Diego Cavalieri, permaneceu entre os reservas e desceu de patamar na carreira.
Foto: Rafael Moraes/Photocamera / Divulgação
PC Gusmão foi demitido do Vasco após três derrotas no início da temporada. Passou, sem sucesso, pelo Atlético-GO. Por problemas familiares, se afastou, e voltou a trabalhar no Sport. A equipe viveu altos e baixos, mas conseguiu o acesso justamente após sua saída.
Foto: Fotocom.net / Divulgação
Carlos Alberto foi dispensado por Vasco, logo no início da temporada, e também foi decepcionante pelo Grêmio. Dispensado, também foi mal pelo Bahia e terminou 2011 na reserva.
Foto: Pedro Vilela / Gazeta Press
Antonio Lopes participou das campanhas de rebaixamento de América-MG e Atlético-PR, seu último clube. Do primeiro, saiu com acusações de que o time não tinha condições de se manter na elite, o que por pouco não ocorreu na reta final.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Marcos Malucelli, após três anos de gestão, deixa o Atlético-PR marcado pelo rebaixamento e por uma presidência que não levou o clube a bons resultados. Para piorar seu calvário, viu o inimigo Mário Celso Petraglia reassumir o comando atleticano.
Foto: Fernando Borges / Terra
Alexandre Kalil teve mais um ano de sua gestão no Atlético-MG sem títulos expressivos e, apesar de se reeleger no fim de 2011, torrou dinheiro em contratações que não vingaram, como Guilherme, Dudu Cearense e Mancini. Terminou a temporada com derrota de 6 a 1 para o Cruzeiro.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Guilherme exigiu investimento alto, contrato de quatro anos e Alexandre Kalil foi pessoalmente à Ucrânia para contratá-lo. Com dois gols, sendo um de pênalti, foi a maior decepção entre os jogadores atleticanos pela expectativa que criou com sua contratação.
Foto: Divulgação
Zezé Perrella, ainda que tenha eleito o sucessor Gilvan de Pinho Tavares, terminou sua gestão com uma campanha de quase rebaixamento. Contratações fracassadas, trocas de treinadores e problemas políticos, inclusive pessoais de Zezé, conturbaram o 2011 cruzeirense.
Foto: Washington Alves/Vipcomm / Divulgação
Keirrison já não vinha bem em 2010, mas caminhou a passos quilométricos para se tornar uma eterna promessa neste ano. Pelo Santos, nunca deixou a reserva e a fama de jogador indolente. No Cruzeiro, seguiu no mesmo caminho e, com lesão, perdeu a reta final. O clube já avisou que não conta com ele para 2012 e o Barcelona se pergunta como pagou 15 milhões de euros por seus direitos.
Foto: Vipcomm / Divulgação
Gilberto teve grandes participações com o Cruzeiro no início da temporada, mas terminou o ano em baixa. Jogador de Copa do Mundo, entrou em atrito com Roger e deixou o clube mineiro após ameaçar até aposentadoria por uma marcação do árbitro Leandro Vuaden. No Vitória, não conseguiu o acesso à Série A.
Foto: Washington Alves/Vipcomm / Divulgação
Giovanni Luigi, presidente do Inter, não conseguiu fazer o Beira-Rio ter um papel mais importante na Copa do Mundo de 2014, sobretudo por conta dos problemas com a parceria para a realização das obras. Sem grandes resultados esportivos na temporada, ainda vive sob a sombra de que a Arena Grêmio para o Mundial.
Foto: Vipcomm / Divulgação
Falcão resolveu virar treinador novamente, 20 anos após sua experiência na Seleção. Seu Internacional até teve bons momentos, mas ficou marcado pela eliminação para o Peñarol no Beira-Rio e a promessa, não cumprida, de jogar bonito e vencer.
Ilsinho voltou ao Brasil com esperança de ser novamente um jogador importante, mas não passou da reserva por São Paulo e Internacional. Pior: processo na Justiça, tem de pagar indenização milionária ao Shakhtar, seu ex-clube.
Foto: Vipcomm / Divulgação
Celso Roth iniciou o ano sob a sombra do fracasso contra o Mazembe. Foi sacado do Inter para a entrada de Falcão e, meses depois, assumiu o Grêmio para outra campanha decepcionante. Deixou o Olímpico sem contrato e deve começar 2012 desempregado.
Foto: Agência Lance
Paulo Odone já largou em 2011 com o fracasso na tentativa de contratar Ronaldinho para o Grêmio. Com reforços de qualidade duvidosa, afundou na Copa Libertadores e ainda bancou a arriscada aposta em Julinho Camargo. Terminou o Brasileiro de forma melancólica.
Foto: Agência Lance
Toninho Cecílio assumiu o Avaí com a corda no pescoço e teve 16 rodadas para tentar mudar o panorama que apontava para o rebaixamento. Sem sucesso, acrescentou novo trabalho de resultado ruim em seu histórico recente.
Foto: Léo Pinheiro / Terra
Alexandre Gallo iniciou a campanha de rebaixamento do Avaí e, em 13 partidas disputadas, venceu três. Outrora avaliado como técnico promissor, também teve a imagem arranhada pela queda da equipe catarinense.
Foto: Gazeta Press
Evandro Leitão é considerado um dos responsáveis pela ascensão nacional do Ceará nos últimos anos, mas não repetiu o sucesso na presidência em 2011. Trocou treinadores, mudou o elenco durante o ano e terminou rebaixado. Em dezembro, pediu licença do cargo por 60 dias.
Foto: Luis Carlos Moreira / Agência Lance
Estevam Soares já havia participado do rebaixamento do São Bernardo, no Campeonato Paulista, e repetiu a dose com a queda do Ceará para a Série B. Assumiu o time em queda e teve aproveitamento muito ruim, com uma vitória em oito jogos. Foi pior que o antecessor, Vagner Mancini, e o sucessor, Dimas Filgueiras.
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Julio Mariz foi nos últimos anos o presidente da Traffic, uma das corporações mais influentes do futebol brasileiro. O grupo atravessou problemas internos durante o ano, como os atrasos de salário a Ronaldinho no Flamengo, de sua responsabilidade. Mariz foi demitido do cargo.
Foto: Marcelo Pereira / Terra
Jobson superou os casos de doping, mas não se livrou da fama de jogador problemático. Foi dispensado de Atlético-MG e Bahia por questões extracampo, como faltas em treinamentos. Volta ao Botafogo em 2012.