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Parado há um ano, Leão recusa ofertas de "milagreiro" e quer valorização

26 ago 2011 - 21h21
(atualizado em 27/8/2011 às 04h54)
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Felipe Held
Direto de São Paulo

Émerson Leão está fora do mercado há um ano, quando foi demitido do Goiás em 27 de agosto de 2010. Passados 365 dias longe do comando de uma equipe de futebol, completados neste sábado, o ex-goleiro diz não ter pressa para retornar a uma área técnica ou a um centro de treinamento: cansado de ser o "salvador" de clubes desesperados com a iminência do rebaixamento, que o procuravam para se safarem da Série B e depois não davam continuidade ao trabalho, o treinador campeão brasileiro de 2002 espera agora receber uma proposta, digamos, apetitosa. Ele quer ser valorizado, implementar um projeto, e não ser cada vez mais rotulado de "milagreiro". Muito menos ressuscitador.

Quando apostou em jovens desconhecidos da Vila Belmiro e levou um desacreditado Santos ao título nacional há quase uma década, consagrando Diego e Robinho, Leão se tornou um dos principais treinadores do País. Naquela época, o ex-atleta turrão e polêmico, de declarações contundentes e cabelos brancos tingidos de acaju, era comparado a nomes igualmente consagrados, como Vanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari - Muricy Ramalho ainda caminhava timidamente para colocar seu nome entre os melhores técnicos do Brasil.

Mas nove anos se passaram desde então. Leão, que já havia comandado a Seleção Brasileira entre 2000 e 2001, acumulou passagens por inúmeras equipes brasileiras, mas nunca conseguindo uma continuidade no cargo. Frequentemente era requisitado por grandes clubes nacionais que viviam uma temporada conturbada e flertavam com a zona de rebaixamento. O ex-goleiro, como ele próprio se autodenomina, "topava qualquer desafio". Mas, cumprido o primeiro objetivo, não seguia no cargo.

Emerson Leão cansou. Por isso, preferiu pensar melhor antes de aceitar qualquer proposta. "Não quero ter 100% de risco. Quero poder fazer um trabalho não de 24 horas, mas de 24 meses", disse o treinador ao Terra. "O convite sempre vem na pior das amarguras, nunca quando se tem um time bem posicionado que troca de treinador por razões circunstanciais. O desafio era maravilhoso, mas chega. Parei com esse pensamento. Você vai para salvar o time sabendo que não tem condições de mais nada e depois, quando vai disputar títulos... chega a ser frustrante", explicou.

Tal sentimento se potencializou em Leão há um ano, quando foi contratado pelo Goiás em 26 de abril de 2010 e demitido quatro meses depois, em 27 de agosto. Deixou o clube na lanterna do Campeonato Brasileiro, no início da campanha que marcou o rebaixamento do time esmeraldino, e anunciando publicamente que tinha dois meses de salários atrasados - que, segundo ele, ainda não foram pagos, apesar de ter vencido a ação movida na Justiça.

"Foi uma decepção muito grande com pessoas em Goiás. Não adianta pôr a cara, se dedicar e prestar a sua vida profissional para depois, por um insucesso ou falta de condições coletivas, você se ver despedido e os caras não se importam com seu nome, nem em te pagar e nem em te demitir", discorreu Leão. "Espero não repetir mais isso. Eu sempre fui tido como um treinador de nome que aceita qualquer desafio. Hoje as coisas mudaram. Não aceito mais ser salvador da pátria, milagreiro... nem ressuscitador".

Apesar de ter conquistado seu último título há seis anos, com o Campeonato Paulista à frente do São Paulo em 2005 (clube que meses depois seria campeão da Libertadores e do Mundial), o treinador segue com prestígio, junto a fãs e agentes. Tanto que, segundo o próprio Leão, chegou a ser sondado por empresários quando o cargo do Paraguai estava disponível, antes de ser assumido pelo ex-lateral Arce.

"Você sabe como é o mercado, agitado. Quinze minutos antes de você me telefonar, conversei com um empresário procurando falar comigo sobre uma seleção sul-americana. Deixei base, muitas coisas numa quantidade de anos", comentou o ex-goleiro, que desconversou, categoricamente, quando questionado se negociava para assumir a Colômbia, única seleção da América do Sul atualmente sem técnico.Mas, mesmo longe dos holofotes e há um ano desempregado, Leão decidiu não se aposentar - como havia dito certa vez que o faria com 60 anos, em 2010. Já com 62, completados em julho, o goleiro que fez história pelo Palmeiras na década de 1970 segue recusando as propostas que não lhe apetecem. E tem a esperança de retornar em breve ao futebol. "Não me aposentei, apenas tenho tomado um pouco mais de cuidado para aceitar algumas propostas", afirmou.

Émerson Leão completa um ano de desemprego, mas aguarda oferta apetitosa
Émerson Leão completa um ano de desemprego, mas aguarda oferta apetitosa
Foto: AFP
Fonte: Terra
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