Morte de Félix põe em evidência demora em pagamento a campeões
24 ago2012 - 19h28
(atualizado às 21h02)
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Velado durante toda a tarde desta sexta-feira no Cemitério do Araçá, Zona Oeste de São Paulo, o ex-goleiro Félix faleceu pela manhã sem ver a cor do dinheiro prometido pelo Governo Federal em junho, quando a Lei Geral da Copa foi sancionada pela Presidência da República. Um dos artigos da proposta oferecia R$ 100 mil pagos à vista pelo Tesouro Nacional, além de um salário mensal de R$ 3.600,00 a todos os jogadores campeões mundiais de 58, 62 e 70.
Titular da Seleção Brasileira na conquista da Copa do Mundo de 70, o "goleiro dos anos de ouro" passou por um custoso tratamento de enfisema pulmonar e não resistiu às complicações da doença, sofrendo três paradas cardiorrespiratórias pela manhã, quando seu falecimento foi confirmado pelo corpo médico do Hospital Vitória.
Lígia Venerando, uma das filhas do ex-goleiro, garantiu que o valor prometido pelo Governo não fez falta, mas que a família tentará receber em nome da honra. "Se foi prometido ao meu pai, deve ser pago. É como uma pensão. Ele ficou satisfeito por ser lembrado, mesmo tantos anos depois, se sentiu vencedor mais uma vez e acabou falecendo sem receber o dinheiro. É uma pena e uma dor muito grandes", lamentou.
A família do ex-goleiro promete pleitear o pagamento, assim como outros jogadores campeões mundiais pela Seleção Brasileira, mas o Ministério da Previdência Social só deve quitar os valores a partir de janeiro de 2013 - ainda não foi informado se os herdeiros dos atletas já falecidos terão os mesmos direitos.
Aos 74 anos, o ex-goleiro Félix morreu nesta sexta-feira, 24 de agosto, em São Paulo. Ídolo do Fluminense e goleiro do título da Copa de 1970, com a Seleção, o ex-jogador já estava internado com um enfisema pulmonar e não resistiu em virtude de problemas respiratórios
Foto: CBF / Divulgação
Félix Mielli Venerando nasceu no dia 24 de dezembro de 1937, em São Paulo-SP, e iniciou a carreira defendendo o Nacional-SP. Depois, passou pelo Juventus-SP e ficou por 13 anos na Portuguesa (foto). Ainda pelo time paulista, foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira
Foto: CBF / Divulgação
Jogando pela Portuguesa, disputou quatro partidas pela Seleção Brasileira. Estreou no Pacaembu, em 22 de novembro de 1965, defendendo a chamada "Seleção Azul" na vitória de 5 a 3 sobre a Hungria. Esta seleção era composta somente por jogadores paulistas. Em 1968, o goleiro participou de uma partida diante da Argentina (foto)
Foto: CBF / Divulgação
As boas atuações com a camisa da equipe paulista e as convocações para a Seleção Brasileira, acabaram chamando a atenção do Fluminense. Depois de treze anos, o goleiro trocou o futebol de São Paulo pelo Rio de Janeiro
Foto: CBF / Divulgação
Pela Seleção, Félix conquistou o bi-campeonato da Copa Rio Branco, em 1967 e 1968
Foto: CBF / Divulgação
Pela Seleção Brasileira, Félix disputou 48 partidas, sofreu 47 gols e conquistou seu título mais importante: a Copa do Mundo de 1970, ao lado de Pelé, Tostão, Clodoaldo, Gerson, Rivellino e Cia.
Foto: CBF / Divulgação
O goleiro, que vivia sob desconfiança dos torcedores, atuou em todos jogos das Eliminatórias e também nas seis vitórias que fizeram daquela equipe a primeira campeã mundial com 100% de aproveitamento
Foto: CBF / Divulgação
Félix foi o titular na vitória por 4 a 1 sobre a Itália na final da Copa do Mundo do México de 1970
Foto: CBF / Divulgação
O goleiro defendeu o Fluminense de 1968 a 1976 e venceu os Cariocas de 1969, 1971, 1973, 1975 e 1976, além do Robertão, em 1970. Ao todo, foram 319 jogos pelo clube carioca, sendo que, em 136, ele deixou o campo sem sofrer gols
Foto: CBF / Divulgação
Félix jogou até os 38 anos. Depois, tentou a sorte como preparador de goleiros do Fluminense, além de passar pouco tempo no comando do Madureira e do Botafogo. Além de ter sido diretor comercial de uma funilaria, o ex-jogador ainda voltou em 2007 para ser diretor técnico da Inter de Limeira. Nos últimos anos, brigou por uma ajuda financeira aos campeões mundiais. Ajuda esta que foi concedida em junho deste ano, quando o ex-goleiro já sofria de doença pulmonar
Foto: CBF / Divulgação
Em nota publicada em seu site oficial, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) manifestou pesar e condolências ao ex-goleiro. A entidade fez uma homenagem ao titular na conquista do tri mundial em 1970, no México e determinou a observação de um minuto de silêncio na rodada do final de semana no Campeonato Brasileiro
Foto: CBF / Divulgação
"O torcedor brasileiro deve ser eternamente grato pela contribuição que Félix deu à Seleção Brasileira. É um ídolo do nosso futebol e deixará saudades", disse o presidente da entidade, José Maria Marin