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"Novo" fair play da CBF expõe atletas e só resolveu um caso

5 mar 2015 - 14h44
(atualizado às 15h18)
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<p>Sistema de fair play financeiro que exige denúncia do próprio jogador ao clube foi implantado na FPF de Del Nero em 2012</p>
Sistema de fair play financeiro que exige denúncia do próprio jogador ao clube foi implantado na FPF de Del Nero em 2012
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O sistema de fair play financeiro anunciado pela Confederação Brasileira de Futebol na última segunda-feira, em que clubes poderão ser rebaixados casos não mantenham em dia os salários e demais pagamentos, tem um ponto polêmico: as equipes só podem ser punidas caso sejam denunciadas por um de seus próprios atletas. O que poucos sabem é que um método assim já existe desde 2012 na Federação Paulista de Futebol, mas em três anos, apenas um único caso foi resolvido dessa forma.

Foi em abril de 2013, quando, um dia após o término do Campeonato Paulista, um grupo de jogadores do Paulista de Jundiaí denunciou o clube junto ao Sindicato de Atletas Profissionais do Estado por dois meses de salários atrasados. Correndo risco de rebaixamento, já que perderia três pontos caso não quitasse as dívidas, o clube do interior se mobilizou e, cerca de duas semanas depois, pagou tudo o que devia, escapando de punição.

O caso do Paulista depõe a favor do regulamento adotado pela FPF e agora também incorporado pela CBF. Porém, é possível observar inúmeros outros casos em que, sem a denúncia do jogador, clubes que sabidamente deviam salários puderam competir sem qualquer problema. Para ficar em dois recentes: os jogadores do Marília fizeram uma greve por exatamente este motivo em janeiro, e o Santos perdeu atletas na Justiça pela mesma razão. Os dois times disputam normalmente a Série A1 do Campeonato Paulista.

Siemsen defende regras para saúde financeira nos clubes:

Opiniões divididas

O presidente do Sindicato dos Atletas, o ex-goleiro Rinaldo Martorelli, comemorou a adoção do fair play financeiro pela CBF em nota oficial, lembrando que a origem do sistema aconteceu no âmbito estadual, na entidade que ele mesmo dirige. Em entrevista à Folha de S. Paulo, porém, ele reconheceu que ainda negocia para que a denúncia do jogador não seja necessária ao processo, e explicou que, por lei, não é possível que uma denúncia anônima seja suficiente - o atleta que acusar o próprio clube precisa mostrar a cara.

Já integrantes do grupo Bom Senso FC, que defende a implantação do fair play financeiro por meio de uma lei federal que tramita em Brasília, criticaram o modelo adotado pela CBF, com o argumento de que a exposição a que o jogador precisa se submeter torna o método pouco eficaz. Em nota oficial, o grupo chamou a medida de "fair play genérico" e ironizou a resolução: "a reunião deve ter sido concluída por mais um dramático lampejo do sempre teatral Eurico Miranda".

Outro crítico feroz foi o senador e ex-jogador Romário, que chamou de "deboche" o que considera ser uma tentativa dos dirigentes brasileiros de impedir a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal - já que a CBF já teria assumido para si a responsabilidade de punir os clubes, sem precisar da aprovação do projeto.

<p>Senador Romário fez duras críticas ao modelo adotado pela CBF</p>
Senador Romário fez duras críticas ao modelo adotado pela CBF
Foto: Getty Images

Fonte: Terra
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